XII

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Tudo dói. Quando Alex falou que iríamos passar a noite acordados, ele não estava brincando. Saímos da biblioteca por volta das quatro horas da manhã. Na verdade estava faltando dez minutos pras cinco, e isso significa que eu não dorme nada. Não havia dormido nada e estava com a bunda ardendo, eu até pedi para ele parar de fazer isso.

— Mas você gosta.

A voz dele ecoa em minha cabeça.

— Você caiu querida? — o motorista que Madre contratou para nos levar e trazer, pergunta. Berlinda olhar para mim.

— Não, senhor.

— Você não para de fazer careta quando o carro dá um solavanco.

Serio? Nem percebi. Não é sua bunda que está ardendo! Tente ficar parado nesse maldito carro sem fazer careta.

— Parece cansada Eva.

— Eu realmente estou bem, Madre. — dou um sorriso angelical, mas, no fundo, minha vontade era de revirar os olhos. Eu estava de mal humor e não queria ser ignorante com ninguém, mas eles estavam pedindo pra isso.

                           🍎🍎🍎

Abro um sorriso sincero quando uma menininha de mais ou menos cinco anos me entrega um desenho. No desenho havia eu, a irmã Berlinda e todas as crianças do infantil.

— Obrigada, anjo. — eu a abraço, e ela retribui me dando um abraço mais forte ainda. Meu sorriso aumenta — Como é o seu nome?

— Charlotte.

— Você é linda, Charlotte.

Pego em seus cabelos loiros ou era castanhos? Não tenho certeza.

— Obrigada. Papai disse que vou ser freira.

Seu pai é louco.

— É mesmo?

— Você deveria ignorar o que seu pai diz, isso sim. — uma mulher carregando um bebê no braço falar. Ela sentar na mesinha pequena que nem eu, colocar o bebê no chão, que começar a engatinhar na hora. A menina, Charlotte, sai de meu lado e vai onde o bebê. — Não deixe ele passar pro outro lado, viu?

— Tá bom, mamãe.

— Mãe?

A mulher em minha frente não aparentava ser mãe. Ela aparentava ter minha idade! Ok, uns dois ou três anos mais velha, mas ainda assim, nova.

— Todo mundo faz essa cara. — abro a boca para argumenta mas ela continuar. — Tudo bem, virei mãe muito cedo, isso acontece, não? — e sorrir. Apenas balanço a cabeça concordo, não sei bem com o que, mas concordei. Olho para os seus filhos — Qual a idade deles?

A menina aparentava gostar do irmão. Sempre escutei que os irmãos mais velhos não gostavam do caçula, e observando as duas crianças no momento, acho que estavam errados.

— Charlotte tem cinco e Louis dez meses.

— Seu marido quer mesmo botar ela em um convento?

— Não. — ri — Jason não faria isso.

— Graças a Deus. — murmuro. Ou achei que havia murmurado.

— Por quê? Não gosta de ser freira?

Eu e minha boca.

— Gosto — ela começa me avaliar. E eu não gostava nada quando faziam isso. Sinto como se fossem descobrir o que andava fazendo. — Você trabalhar aqui? — mudo de assunto.

— Trabalho. Nossa, quando vi que precisavam de professoras aqui, pulei de alegria.

— Jade — alguém a chamar, eu sigo o seu olhar e uma garota de cabelos verdes a chamava da porta.

— Já volto, dá uma olhadinha neles por favor? — ela olha para os filhos com preocupação. Ela parecia ser o tipo de mãe coruja, eu devo ter parecido realmente confiável.

— Claro — respondo. Ela sorrir agradecida e vai falar com a mãe natureza. A garota estava usando até uma tiara de flores, ela realmente parecia a natureza em pessoa.

Olho para as crianças e vejo uma das cenas mais fofas que já presenciei. A menina, Charlotte, estava fazendo careta e seu irmãozinho a imitava, ela começou a rir e ele riu quando a viu rindo. Enquanto olhava essa interação entre os dois me pego pensando, se eu tivesse um irmão, iríamos ser assim?

— Obrigada, Eva — a mãe deles volta. Pegar o bebê do chão com muita facilidade. — Seu pai chegou.

A menina parece desperta e saí correndo até o final do corredor, ela pular em cima dos braços de um homem. Meu Deus, ele é lindo.

— De nada. — respondo distraída ainda olhando de relance para o seu marido.

— Dá tchau, filho. — o bebê demora um pouco, mas acaba me dando tchau. Sorrio com tamanha fofura — Espero que volte em mais datas comemorativas.

— Eu também. — Não boto fé em minhas palavras.

— Até a próxima.

— Até.

Sigo eles com o olhar, quando ela chegar perto do homem, ele lhe dá um selinho. Era mais ou menos assim que eu imaginava a família perfeita.

— Eva?

Madre Berlinda aparece acompanhada de outra freira. Levanto para me apresentar.

Mais tarde, fico me contorcendo na cama, virando de um lado pro outro. Levanto e fico em pé no meio do quarto. Estava agoniada, e com calor. Começo a me abanar, vejo as horas, marcava exatamente onze da noite. Uma hora dessas eu estaria indo para a biblioteca.

Deito novamente na cama frustrada. Eu teria que ficar mais um dia longe, não sei se aguentaria

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