Convento

XIX

                          UM MÊS

Quando perguntavam onde estava seu aprendiz, Padre Fernando dizia que Alex havia ido substituir ele em uma igreja onde um padre havia falecido recentemente. Padres mentem. Foi o que pensei quando irmã Francisca nos contou essa história.

     

                     DOIS MESES

No começo fiquei preocupada mas logo entendi o porque da demora, encontra um emprego e um apartamento não deve ser fácil, então se Alex estar demorando deve ser porquê encontrou  dificuldade. Relaxa Eva, ele prometeu que voltaria.

                     TRÊS MESES

Já desfiz as malas que estavam prontas debaixo da cama. Ele não voltaria, só não entendo porquê ele me iludiria me fazendo acreditar que me levaria consigo. Se ele não tivesse ido até o meu quarto dizendo que se importava comigo e contado seu segredo — se é que era mesmo seu segredo — eu não estaria tão devastada agora.

Olho ao redor, nós irmãs estávamos reunidas planejando o que fazer para ajuda as pessoas que estavam sofrendo com as enchentes. As chuvas estavam horríveis, deixando vários moradores sem suas casas e sem alimentos. Enquanto pensava, acabei caindo no sono.

— Eva? — alguém me cutuca. Levanto a cabeça rápido.

— Oi? — tento parecer desperta.

— Vá para o quarto querida, você está praticamente dormindo em pé.

— Obrigado, Madre. — levanto e saio sem pestanejar, eu realmente estava com muito sono.

E foi assim o resto da semana, eu quase dormindo em todas as missas e as irmãs me acordando, estava indo dormir cedo e acordando tarde. Mas não acabou por ai, se eu achava fica dormindo muito, ruim, quando veio os enjôos foi pior.

                           🍎🍎🍎

Muito barulho, pessoas falando ao mesmo tempo, sem conta com o maldito calor, eu estava sufocada! Olho para o rosto das irmãs e fico irritada. Eu não sei o que estava acontecendo comigo, eu sempre respondia as irmãs em minha mente, nunca em voz alta,  mas de uns dias pra cá, quando alguma irmã falava besteira, eu respondia mostrando o quanto ela era tola. Andava irritada com todos. Xinguei a porta de meu quarto, ela não estava fechando direito. Alexandre que a  arrebentou. Idiota! Me ilude, some, e ainda me deixar com a maldita porta quebrada. Não sei bem se foi o calor ou súbito ódio que me fez perder a cabeça, mas acabei desmaiando no meio das irmãs.

[...]

Acordei em minha cama com um homem segurando álcool em meu nariz, começou a torcer e meu almoço vem até a garganta.

— Já estava me deixando preocupado, Eva.

Coloco a mão na boca, caso a ânsia volte, e como não volta, retiro a mão e olho para o homem em minha frente.

— Quem é você?

— Doutor Gabriel, Madre Superiora me chamou logo após seu desmaio.

Muito bem, agora estou acordada, olho para ele querendo que ele saia logo.

— E o que eu tenho?

— Bem, me desculpe a perguntar indelicada, mas você tem tido relações sexuais?

Meu rosto fica sem expressão e tenho certeza que a cor fugiu de meu rosto. Será se descobriram … Um tanto relutante, sussurro:  

— Não. — minto, ou quase. Faz meses que eu não sei o que é sexo, espera, eu vi o médico respira aliviado? — Porquê?