Ele só quer te usar.
Ele já me usou.
E você deixou.
E eu deixei.
Você é uma tola.
Eu sou uma idiota!
Largo o pano em cima da mesa. Estava arrumando o escritório de Madre Berlinda e falando com o meu próprio consciente. Cheguei a conclusão de que meu consciente é uma merda. A porta se abre e Madre entra em seu escritório.
— Já faz um tempo que você não vem aqui. — ela sorri e eu finjo rir.
— Desculpe, Madre.
— Não, tudo bem, no futuro esse lugar será seu.
Ou não.
Se a Madre descobrisse o que eu fazia na biblioteca iria me expulsar daqui. Isso mesmo, fazia, de hoje em diante prometo não fazer mais o que costumava fazer ali dentro.
— Eva?
— Sim?
— Amanhã viajarei para visitar a escola que foi aberta em homenagem ao nosso convento, gostaria de ir comigo?
— É claro. — digo animada, eu adoro crianças. — Passaremos quantos dias?
— No máximo dois.
— Que horas saímos?
— Quero sair cedo, as estradas não estão boas a noite.
Olho para o relógio na parede, marcava quatro horas da tarde.
— Vou arrumar minhas coisas. — começo a pegar os materiais de limpeza.
— Obrigada por me acompanhar Eva, você é ouro — sorrio antes de sair.
Seu ouro virou bronze.
🍎🍎🍎
Ando como se tivesse sendo seguida, desde de ontem estou assim. Não queria falar com ele, mas como Alex tinha um dom de aparecer do nada, qualquer cuidado é pouco.
Entro na biblioteca deixando a porta escancarada caso ele apareça, mas ele não aparece. Já estou cantando vitória ao sair, quando mãos grandes tamparam minha boca e me puxam. Minha primeira reação foi gritar, mas assim que reconheço o toque delas, paro e a mordo.
— Porra, Eva!
— Fique longe de mim! — me afasto.
— Você me mordeu. — sorrio vitoriosa. Começo da meia volta mais ele me puxar pela cintura.
— Me larga! — olho para os livros em minhas mãos. Se eu tacar um desses livros no rosto dele será se vai causar lesões? Acho que não, é, provavelmente não, infelizmente. — Sua ex-foda que ser solta, poderia tira suas mãos de mim?
— Ex-foda?
— Isso mesmo, não vou mais transar com você. — e com ninguém mais, quis acrescentar.
— Tem certeza?
— Absoluta. — me afasto dele.
— Atual foda, eu preciso falar com você. — não digo nada. Observo uma borboleta passar voando mas não ergo o olhar para ele. — Então é isso? Vai ficar calada? — retorno a andar, mas dessa vez devagar, pois eu sabia que ele… Alex me puxaria de novo. — Eu não vou pedir desculpas, eu nunca peço desculpas, principalmente para mulheres com quem já transei. — isso foi gota d'água!
Viro e começo a andar rápido caso ele queira me puxa de novo. Idiota! Bastardo! O que adianta ser lindo se na cabeça só tem merda.
— Eva, caralho!
Continuo andando.
— Porra! Desculpa, tudo bem? — paro.
Quando viro tento segurar o sorriso de vitoriosa, continuo firme e faço uma postura mostrando que aquilo não foi o suficiente.
— Eu já pedi desculpas. — ergo uma sobrancelha.
— Vai me dizer porque foi preso?
— Não.
— Tchau, Alexandre.
— Eu não corro atrás de mulher.
— Que bom.
— Merda! — ele vem atrás de mim, me puxar para o canto, nos escondendo atrás de uma coluna para ninguém nos ver. Pressiona seu corpo no meu, faço de conta que isso não me afeta. — Me. Desculpe. Eva.
— Você é um imbecil! — aponto o dedo em seu peito.
— Eu sei.
— Rude!
— Eu sei.
— Nunca mais fale comigo daquele jeito!
— Tá bom.
— Seu grande idiota do caralho!
— Eu…espera! Você me xingou de quê? — ele abre um sorriso de canto. Parecia orgulho por eu ter xingado ele. Urgh!
— Não vou repetir.
— Mas eu estou desculpado?
— Não sei, vou pensar nesses dias em que eu estiver fora.
— E pretende ir para aonde?
— Vou viajar com a Madre.
— Quantos tempo?
— Dois dias.
— Isso tudo?! — ele parecia indignado. Dou de ombros como resposta para a perguntar dele.
— Acredito que você saiba se mastur... — ai droga! Esqueci que não estávamos na biblioteca.
— Mas eu quero você.
— Não pode ir atrás de outra mulher?
— Mas eu quero você. — repete. Suspiro aliviada, mas não muito.
— Meredite ainda está com vontade. — ele me observa e sussurra em meu ouvido.
— Meredite não tem uma boceta de ouro.
— E nem eu, se bem me lembro, você ainda fuma.
— Faz dois dias que eu não fumo.
— Sério? — pergunto empolgada.
— Sério.
Praticamente quico de alegria. Puxo Alex pela nuca e o beijo ele ali mesmo, não pude evitar, foi mais forte que eu.
— Porquê? — interrompo o beijo.
— Você comentou que estava indo dormir tossindo depois de ficar perto de mim fumando — nossa, verdade, já tinha esquecido disso. Beijo ele novamente. Escutamos passos vindo e nos afastamos.
— Vou para a biblioteca hoje a noite, para dar continuidade aos testes.
— Acho bom, preciso recompensar o teste de ontem à noite, o qual você faltou, e os dois dias que ficará fora.
— Isso significa que vai me esperar?
— Sempre.
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Convento
RomanceTentação: É um estímulo ou indução a um ato que pareça atraente, ainda que seja inapropriado ou contradiga alguma norma ou convenção social, sendo, consequentemente, proibido. Eva, filha de pessoas humildes, que criaram a filha para um único objetiv...