Capítulo I

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Clóc

...

Clóc

...

Clóc...

Mais uma gota de água.

- Hum...ah... - o canto dos olhos se esforçava para abrir.

Minhas mãos informavam um chão frio e úmido.

A cabeça latejava. Minhas pernas estavam dormentes.

Clóc...

"Onde eu estou? Onde eu estou, onde eu estou...".

Abri totalmente os olhos. E queria voltá-los a fechar e entrar num estado inconsciente.

O que era isso...

Me encontrei deitada no chão. As mãos estavam arranhadas com sangue seco. Lentamente tentei levantar, forçando as palmas e se apoiando num pequeno banco à minha frente.

Voltei a cair pela fraqueza das pernas. O formigamento me lembrou que precisava sacudí-las e massageá-las para a circulação sanguínea voltar.

Clóc...

A gota de água me forçou a olhar para cima e perceber aonde eu estava.

Com o tempo úmido, regado a musgo e infiltrações, meus olhos se voltaram para a espécie de "quarto do terror" que eu estava. Uma lâmpada, que parecia perder a força, iluminava parcialmente o cômodo, que parecia não receber visitas há anos. O chão, de cimento batido, estava molhado com poças de tom marrom escuro, o qual eu nem queria saber o que tinha naquela água imunda. Havia poucos móveis no quarto, um pequeno banco de madeira que eu me apoiei, uma cama antiga de solteiro partida ao meio, um pedaço do que foi antes um espelho de parede, livros grossos espalhados no canto direito, roupas jogadas no canto esquerdo e em cima de uma cômoda, que parecia ser a refeição de cupins, à minha frente, estava uma bandeja reluzente de prata retangular com uma tampa sobre as mesmas qualidades.

- Onde...onde eu estou - sussurrei.

Girei pelo quarto e não havia porta. Não havia algum tipo de entrada ou saída. As paredes sem acabamento me faziam ter a sensação de que estava em uma caixa acizentada.

Comecei a chorar. E então, tentando não ficar enlouquecida, peguei o espelho e me vi.

Estava irreconhecível. Parecia uma prostituta que foi largada no meio do mato. Com botas pretas rasgadas, short jeans sujos de lama, uma camisa com os dizerer "Don't be crazy" estampadas, meu rosto com hematomas no olho esquerdo e meu cabelo... oh, meu Deus, meu cabelo.

Gritei e deixei cair o espelho.

Eles...não...eles cortaram meu cabelo. Alguém o cortou. Não, cortaram ele até a altura do pescoço.

Ajoelhei e pus minhas mãos no rosto. As lágrimas salgadas desceram junto com suspiros e desespero. Gritei mais uma vez.

- O que eu fiz...-funguei - e deixei-me chorar como uma criança desesperada.

Um breve silêncio.

THUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUMMMM!

O que foi isso? Voltei toda a minha atenção para o barulho surdo. Parecia que uma caminhão tinha caído.

O que poderia fazer? Não tinha o que fazer, me defender ou reagir se algo acontecesse. Estava completamente vulnerável. Se alguém quisesse fazer algo comigo, não teria nem o que fazer. Estava começando a aceitar a ideia de que já estaria morta. Era isso o que parecia. Podem me matar, não terei o que fazer.

O Jogo do PoçoWhere stories live. Discover now