Começou com uma música.
Tambores. Um ritmo regular, seguido de violinos, violoncelos e instrumentos de sopro. Um piano. Em seguida, canto lírico. Que ótimo, vou ter trilha sonora nesta merda de lugar.
Um faixo de luz emergia do fundo do túnel, fraca porém, como a lua, ilumina parcialmente o lugar. Respirei fundo, tirei a lama da camisa e dei os primeiros passos para a escuridão. A parede era fria ao tocar, concreto e acabamento entre as vigas. Eu estava sendo burra, "vou morrer aqui", pensei. "Vou morrer aqui, presa nesse túnel escuro com esses dois idiotas. Por que não me matam de uma vez?". Mas não, jogos são divertidos para criminosos. É como um gato que tem na pata um queijo parmesão e atrai o rato com poucos pedaços até ele ser devorado. Nesse caso, eu não precisava de ter queijo.
Mais alguns passos e no lado direito do túnel havia uma abertura do tamanho de uma mão, como se fosse uma caixa de correio. Havia um envelope contendo um bilhete e uma folha em branco:
REGISTRE TUDO O QUE VOCÊ VÊ. SERÁ SEU CARTÃO DE MEMÓRIA.
"Ah, dane-se", e ao invés de escrever, fiz um pequeno esboço ilustrativo do que estava vendo. Ou que não estava visualizando.
Mais passos cuidadosos. Tinha o pressentimento de que qualquer movimentação em falso, poderia morrer ali e não queria ser decomposta nas mãos desses vermes. O chão parecia de terra batida e úmida, como se estivesse sido depositada recentemente. A música ficava mais alta e os agudos da cantora pareciam estridentes.
Uma luz acendeu no meio do caminho. e rapidamente caiu na terra fofa. Era uma pequena lanterna azul, daquelas que parecem ser um chaveiro. Não iluminava totalmente o caminho, mas era melhor do que ficar no escuro. A cantora insistia nos seus agudos, até que um deles, precedia uma grande junção de instrumentos.
Quando ela terminou os agudos, um vulto passou pelo caminho pouco clareado. Senti minha espinha congelar e o som da batida do meu coração bater mais alto que a sinfonia. Parei por um instante... não queria me mover um músculo. Não queria mais nada. Não queria estar ali. Queria ir embora. Queria minha família. Bob. Queria matá-los. Queria muitas coisas.
-Hmmmmm.... uuuuuuuuu....hmmmm.....uuuuuuu - respirei fundo.
- Chega.
Aperteis os casos, andei mais rápido que pude. Se era pra enfrentar esta merda de túnel, que não fosse demorado. Vamos enfrentar isso, seja lá o que for. Chega de brincadeiras.
Os passos foram tão rápidos que pareciam uma corrida. Eu revezava a iluminação entre o teto e o chão, teto e chão, teto e chão. Qualquer surpresa que viesse, não passaria despercebida.
- Mas o que... ah! Oh, meu Deus.
- Só mais um passo, querida - pediu a voz adolescente.
- Eu queria ver se ela fosse correndo. Seria divertido - confessou a outra voz, grave.
Foi questão de milímetros e milésimos. Foi a hora de ver que havia um naco de madeira no chão que dava para uma consistência negra.
Um buraco contendo lanças esperava a corredora desenfreada encontrar com elas e ter seu corpo decorado por suas pontas afiadas. Olhei mais a fundo e percebi que outros azarados estavam lá, suspensos no ar com os corpos atravessados por elas. Cheiravam muito mal, por ter a percepção de estar muito tempo lá.
- Vamos dar uma chance a ela - pediu o jovem.
Em questão de segundos, uma tampa de ferro fechou o buraco e após segundos a abriu novamente. O processo era o mesmo depois de cinco ou seis segundos.
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O Jogo do Poço
Mystery / Thriller- Onde...onde eu estou - sussurrei. Girei pelo quarto e não havia porta. Não havia algum tipo de entrada ou saída. As paredes sem acabamento me faziam ter a sensação de que estava em uma caixa acizentada. Comecei a chorar. E então, tentando não fica...