O Policial - 1:00 da manhã

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O posto policial ligou para Thomas às dez horas da noite e comentou sobre o retorno das estranhas luzes nos limites da cidade. Ele então avisou o distrito e, mais do que depressa, atravessou toda a região leste até a rodovia mais próxima.

Dirigiu um tempo pela rodovia ao lado da cidade e, quando chegou ao posto, verificou com os guardas de plantão o que estava acontecendo então, começou a revisar todas as ligações enviadas pelos moradores próximos que informavam sobre o aparecimento das estranhas luzes.

Era a terceira vez naquela semana que elas eram avistadas próximas dali. Eram fortes e sempre se deslocavam a uma velocidade muito alta.

A princípio, eles cogitaram que poderia ser um carro ou uma moto, no entanto, como elas também foram avistadas se movimentando em morros e grotas sem estrada, também pensaram na possibilidade de serem drones que voavam baixo.

Como ainda não tinham encontrado nenhuma evidência, Thomas resolveu revisar os últimos relatórios sobre as atividades de traficantes e criminosos da região.

- Quem sabe eu encontre alguma correlação. - pensou ele.

Às 23horas, uma chuva repentina atingiu toda a região aonde estavam e, em minutos, se transformou em uma tempestade muito forte. A chuva começou a se chocar contra a parede do posto de forma constante enquanto o vento uivava alto, no entanto, como o posto foi construído em uma área firme no alto do morro, nada impediu Thomas de continuar o seu trabalho.

As 23h30 ele se levantou para tomar um café. Ele sabia que encontraria um piche morno dentro da garrafa mas não via nenhum problema com isso pois, se fosse para afastar o sono, qualquer coisa servia.

No meio do caminho ele parou e ficou olhando para o horizonte além da janela. As rajadas de vento urravam e as batidas estavam ficando cada vez mais fortes. Fortes o suficiente para que ele ficasse preocupado. Nesse instante, todas as luzes do posto policial piscaram e se apagaram, restando apenas um breu total.

- Merda! Mais uma vez?. - Então gritou. - Alisson, oh Allison! Vê se pega uma lanterna aí na gaveta e vai verificar se foi alguma coisa na caixa de luz!

Então voltou tateando para sua mesa e tirou de lá uma grande lanterna. Quando estava para ligar ele sentiu um leve tremor percorrendo o seu corpo. Então levantou os olhos novamente e estremeceu.

Do alto do morro eles sempre podiam avistar a cidade com suas luzes que sempre formavam um mar de cores. Era quase como uma constelação feita pelo homem, algo maravilhoso que sempre refletia a verdadeira capacidade que temos de construir coisas. No entanto, agora a região estava toda escura, como se um grande cobertor negro cobrisse toda a região.

- Nossa! É um apagão geral. - Comentou Alisson chegando por trás dele. - E eu verifiquei a caixa de luz. O problema não é aqui.

Problemas de falta de luz em bairros eram comuns, mas eles nunca tinham visto a cidade inteira às escuras. A primeira reação de Thomas foi ligar para sua esposa. Ela estava sozinha em casa e com certeza, quando descobrisse que estava sozinha e sem luz, ele iria se atrapalhar toda. Como era medrosa, a sua baixinha.

Quando puxou o telefone do gancho, notou que ele estava mudo. Tentou com o seu celular e com o de Allison mas não conseguiu achar o sinal de nenhuma das operadoras.

- Mas que diabos está acontecendo aqui!? - Exclamou enquanto sentia um arrepio intenso subir por sua coluna.

Como a chuva começou a diminuir, ele resolveu deixar os outros cuidando do posto e retornar para a cidade para averiguar. Então desceu e, de carro, começou a fazer o mesmo caminho de antes.

Na beira do abismo.Onde histórias criam vida. Descubra agora