Notícias das mais diversas pipocavam em todo o país enquanto os jornalistas corriam aqui e ali em busca de professores, engenheiros, militares e videntes. Muitos discutiam com ceticismo a teoria sobre meteoros enquanto outros confirmavam que esse era apenas o primeiro sinal do apocalipse.
Bruno agora estava se aproximando do local, o helicóptero Sikorsky UH-60 Black Hawk percorrera rapidamente a distância do Rio de Janeiro até a zona do suposto impacto. Ele já podia divisar todo o perímetro de segurança criado pelas forças militares e policiais, muitas que agora estavam isolando a maioria das grandes estradas e tentando manter a população longe do local.
Além disso, grande parte da região estava irreconhecível. Em alguns pontos era quase impossível entender o que estava acontecendo devido a grande quantidade de destroços, prédios em chamas, imensas áreas urbanas destruídas e diversos efeitos colaterais originados por causa do que aconteceu.
Bruno sempre atuou como investigador da polícia e, em seus 15 anos de experiência, ele nunca imaginou que poderia se defrontar com uma situação semelhante ao que estava lendo no relatório.
A cidade havia sido obliterada e, mesmo cedo, o resultado de tal acontecimento já se alastrava como uma avalanche, afetando primeiro o país e depois todo o continente e o mundo. O relatório militar era bem detalhado quanto a isso. Passando os olhos uma passagem, escrita por um dos especialistas dizia o seguinte:
"Para entender o real impacto de tal acontecimento, devemos refletir sobre o que realmente representa a cidade de São Paulo. Primeiro, ela não é apenas um município brasileiro, capital do estado de São Paulo. Ela também era, até ontem, o principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul. E agora, as maiores instituições financeiras, redes de telecomunicações, provedores de internet e grandes indústrias simplesmente sumiram.
Além disso, ela era a cidade mais populosa do Brasil, do continente americano e de todo o hemisfério sul. Com mais de 11 milhões de habitantes, São Paulo era a cidade brasileira mais influente no cenário global, considerada a 14ª cidade mais globalizada do planeta, um lugar mundialmente reconhecido por sua significativa influência nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Além disso, importantes monumentos, parques e museus, como o Memorial da América Latina, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu do Ipiranga, o MASP, o Parque Ibirapuera, o Jardim Botânico de São Paulo foram destruídos juntamente com incontáveis vidas humanas.
O município possuía o 10º maior PIB do mundo representando, isoladamente, 11,5% de todo o PIB brasileiro e 36% de toda a produção de bens e serviços do estado de São Paulo, sendo sede de 63% das multinacionais estabelecidas no Brasil, além de ter sido responsável por grande parte de toda a produção científica nacional nos últimos anos. E tudo isso desapareceu em um período de aproximadamente 3 horas e afetou diretamente o impressionante número de 22 milhões de pessoas em toda a região ao redor da cratera.
Concluindo, não estamos vivenciando apenas um problema de terrorismo, estamos encarando mais uma vez a fragilidade humana diante das forças da natureza".
Essa última passagem conseguiu gerar um arrepio na coluna de Bruno. E mesmo vendo toda aquele destruição, ele ainda não conseguia acreditar. Todos os dados e fotos que o relatório trazia mostravam apenas fotos desfocadas ou haviam sido tiradas de muito perto, algo não permitia uma boa visualização do local do incidente.
Antes dele, alguns poucos cientistas também chegaram céticos ao local. Na pressa, alguns traziam como bagagem apenas o seu conhecimento mas, todos tinham a intenção de estudar o ocorrido sem tirar conclusões apressadas. E mesmo assim, todos ficaram impressionados com a visão da cratera que mais parecia um imenso desfiladeiro, um rasgo na terra onde antes existia uma cidade chamada de São Paulo.
- Agente Bruno, estamos nos aproximando. Daqui você pode observar melhor a zona de impacto. - comentou o piloto de maneira lúgubre.
Erguendo os olhos, Bruno primeiro percebeu ao longe algo que mais parecia ser um imenso desfiladeiro. Parecia que uma pequena cordilheira havia se levantado enquanto uma extensão ainda maior de terra estivesse compactada. Quando piscou os olhos e olhou para os lados ele pode perceber que observava uma formação que tinha milhares e milhares de quilômetros de extensão. Algo tão grande que dificultava por completo a observação de todo sua extensão.
Ainda abismado, Bruno observou inúmeros focos de incêndio que aconteciam nas beiradas da cratera, os grossos rolos de fumaça indicavam que provavelmente foi ali que diversos motoristas cansados simplesmente perderam o controle e a vida enquanto caiam no desfiladeiro que a estrada havia se transformado.
Folheando ele revisou algumas partes e mais uma vez ficou desconcertado com o que estava escrito na última página do relatório. Até o momento nenhuma conclusão era tido como certa, no entanto, todos os grupos enviados para dentro da cratera retornaram com o mesmo relatório. Não existia nenhum sinal das estruturas da cidade. Pelo menos as imediações da beirada da cratera eles relataram que não haviam encontrado nenhum dos restos dos prédios ou mesmo das pessoas. Tudo havia sumido e essa situação ficou ecoando sem resposta na cabeça de Bruno.
...
NOTA DO AUTOR: Mais um capítulo e mais um pouco de informação sobre o que está acontecendo. Será que o fim do mundo está para acontecer? Ou isso é só mais um fenômeno inexplicado dos seres humanos? E como nosso investigador com tendências suicidas deve reagir?
Muitas perguntas e ainda poucas informações. Sendo assim, deixem sua opinião e comentem sobre o que estão achando da história até o momento. E até o próximo capítulo! ;)
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Na beira do abismo.
Ciencia FicciónA vida de Bruno mudou por completo depois do que aconteceu. Seu foco, sua inspiração se foi e agora só resta o seu trabalho como agente federal. Nada poderia ser mais importante então, a cidade de São Paulo é transformada em uma imensa cratera árida...