Overdose sentimental.

Adeus, Olívia?

C A R T A S P A R A E L A 
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Olá,

 Hoje faz uma semana desde que te disse que eu estava partindo. Não pense que deixei de te amar, pois essa missão é mais difícil do que ficar em pé quando estou bêbado. Só parei para pensar e sinceramente comecei a achar que a vida é curta demais para nos darmos para quem não quer receber. Durante toda vida aprendi que os sentimentos devem ser recíprocos, principalmente o amor. Não se pode amar por dois em uma relação, e infelizmente era o que eu fazia. E sabe o que mais me doeu? Quando eu tive a audácia de desistir, você agiu com indiferença! Ora essa, como podes dizer que me ama dia após dia e no final de tudo apenas acenar em minha partida? Nem pelo menos tentar me fazer ficar? Eu não sei qual é a sua definição do amor, mas certamente está errada. Tantas pessoas me alertaram sobre isso, tantas pessoas me alertaram sobre como é se apaixonar por você, e eu, como sempre, que gosto de ver as coisas com os próprios olhos, não dei ouvidos. E hoje estou aqui, mais uma vez, escrevendo para você. O que concluo é que criei uma pessoa em minha mente a qual você nem de longe é. Me perdi em meio a minha própria fantasia enquanto você ria, assistindo-me como se eu fosse um palhaço de circo. É estranho pensar que me apaixonei por uma pessoa inexistente. Mais estranho ainda pensar que está sendo mais fácil do que eu esperava me afastar de você. Eu sempre estive tão disponível para você, e, bom, quando as coisas são fáceis demais as pessoas se aproveitam. Você se aproveitou e jogou fora. Morena, por que não pensas nos sentimentos alheios? Por que jogou meu coração no lixo? Você deveria sentir-se ao menos culpada. Você maltratou sem dó alguém que só queria te fazer feliz. Mas eu sei que você vai se arrepender uma hora, sei que vai querer voltar atrás e me pedir para que eu fique mais um pouco. Vou apenas sorrir e te dizer que percebeu tarde, afinal, eu não sou um brinquedo, não é? Não pode me jogar em um canto e depois pegar de volta quando quiser de novo. Não é assim que funciona. Eu não aceito de volta o que já deixei ir embora, afinal, se larguei foi por um motivo. Não há porque reviver o passado quando há todo um futuro pela frente com pessoas novas. Em alguma esquina, fila do pão, na praça ou até numa mesa de bar, vou encontrar o tal amor recíproco. Vou encontrar alguém que eu possa doar meus sentimentos sem sentir medo. E aí, você vai me procurar. Porém, vai me encontrar em outros corpos. Irônico, não? Eu daria meu mundo por você e hoje eu só quero que você suma dele. A maioria das coisas mudam, eu mudei, meus sentimentos também, mas você, ah... você. Você faz parte da minoria que sempre será a mesma pessoa vazia. E esse tipo de pessoa só merece um sentimento meu: pena.

com muito rancor,


 eu.