Overdose sentimental.

Ela se foi, João.

Meu caro amigo João, preciso desabafar. As pessoas insistem, todos os dias, em me perguntar se estou bem. Desde que deixei Olívia sair de minha vida, as coisas começaram a perder o sentido. Era por ela que eu lutava todos os dias e agora não tenho mais objetivo algum a não ser terminar minhas séries favoritas. Foi então que as pessoas começaram a estranhar. "Tem certeza que estás bem?" "Tudo bem se não estiver, se precisar convesar." isso me deixa profundamente irritado. Por que não podem simplesmente acreditar que deixei-a partir? Por que não acreditam em minha palavra de que estou extremamente bem? Entendo que sou um péssimo ator e estou com uma cara péssima, mas não preciso de questionamentos a essa altura do campeonato, ora! Olívia levou com ela uma parte de mim e deixou comigo só a sua ausência dolorosa. Ela me fez mudar e depois resolveu se mudar de mim. E eu finjo que estou superando, que vai melhorar, que estou feliz. Mas isso não é real. Eu só sinto vontade de chorar, comer doces, ver filmes estupidamente românticos e ficar bêbado. Sinto vontade de correr até ela e me jogar de joelhos em seus pés pedindo pra que ela volte. Mas isso nunca acontecerá, afinal, tenho minha dignidade. Não pode-se deixar humilhar por uma pessoa que não se importa. "Ora, seu tolo, se apaixonou por alguém que não se importa?" sim! Talvez eu devesse analisar mais as intenções das mulheres antes de me entregar a elas. Mulheres são como labirintos sem fim, a cada canto se tem uma nova descoberta e um novo desafio, e nunca há uma saída. E quando tem, são anos de busca. Mulheres são armadilhas perigosas as quais nunca me canso de arriscar. Olívia era uma delas. Eu arrisquei tudo por ela, e hoje estou completamente perdido na vida. E quando me perguntam como estou, digo que bem. Aposto que não conseguiram me entender, muito menos ter paciência para ouvir minha história. Com isso, curo minhas feridas sozinho, na marra, na dor. Acho que tudo que preciso é de meu espaço pessoal. Não quero ser julgado, não quero ouvir uma sequência de conselhos que não vou usar para nada. Eu fico um pouco melhor sozinho, pois não afeto mais ninguém com minhas crises de mau humor. Talvez seja melhor assim, até segundas ordens. O amor, sentimento considerado o mais bonito, fez eu me tornar um moço liberto de sorrisos. Até que ponto se vai as ironias da vida, meu caro amigo?

 Eu estou muito bem, obrigado. Olívia? Não sei quem é esta mulher em questão. Por favor, vamos evitar de falar dela. Ela se foi, João.