Capítulo 20 - Verdade convicta Parte I

2.3K 144 6
                                    

Agora uma máscara havia caído. E ninguém poderia ter feito nada para mudar. Todos estavam atordoados. Embora incertezas os rondasse, ninguém ousava dizer mais nada. Agora essa chantagem de Maurício não valia mais.

Todos decidiram descer e ir ao encontro dele. Harvy decidiu que o irmão ainda não soubesse da atuação dele nisso tudo, foi para casa conversar com Jaime, seu mordomo.

###

Harvy entra rápido em casa. Procura Jaime por todos os lados e o encontra no jardim.
- Jaime!
- Senhor. Estava aqui apreciando a paisagem.
- Sei. Preciso de você. Preciso que me diga tudo sobre uma certa pessoa.
- De quem se trata?
- Rita. A namorada louca que o Maurício teve.

A cara de Jaime empalidece.

- Desculpe, senhor..
- Jaime. Eu sei que você sabe de muita coisa. Inclusive dessa garota. Me diz, tudo que você sabe.
- Sua mãe não gostaria que revivecemos esse momento em nossas vidas, que foi a passagem dessa garota.
- Jaime. Ela não está aqui. O único motivo pelo qual eu não sei é que na mesma época em que eles se conheceram eu fui estudar fora. O que aconteceu por aqui desde então eu não sei. Quando voltei não consegui entender como mamãe ficou daquele jeito. E agora tenho uma leve certeza que foi por causa dela. Por favor! Me diz.
- Senhor, sugiro que procure seu pai.
- Meu pai? Acho difícil ele saber disso, sempre esteve ausente.
- Ele sabe e pode ter certeza. Porque se não fosse ele, o senhor Maurício não estaria entre nós.

Harvy ficou pensando naquilo que Jaime disse. E decidiu ir logo ao hospital. Estava determinado a saber de tudo. Tinha que saber.

Quando ia entrando no quarto uma enfermeiro o advertiu:
- Ele está a cada dia mais fraco. Seus dias logo se esgotaram. O triste é que é inevitável.
- Ok.

Ele entrou e a aparência de seu pai havia mudado muito desde a última visita. Mais magro, frágil. E algo o chamou atenção, uma bíblia, aberta, estava no criado mudo que ficava do lado da cama. Enquanto seu pai olhava pela janela.

- Senhor Lourenço. Resolveu virar religioso?
- Deus não tem nada a ver com religião.
- Ei, olha pra mim.
- Diga. - Lourenço o olhou lacrimejante.
- Pai, você se lembra da Rita?
- Rita? Como sabe dela?
- Hmm.. Estou vendo que é um segredo de família não falar dela.
- Não importa mais. Já não tenho muito tempo para guardar segredos.
- O que houve? Enquanto eu estive fora?
- Uma semana depois que você foi embora essa menina apareceu. Eles pareciam tão apaixonados. Embora eu não estivesse muito ali. Uma vez ou outra eu pegava eles se olhando, de longe, mas eu podia perceber algo sincero em olhares tão jovens. Foi assim por uns três meses. Até que algumas coisas começaram a acontecer.
- O que?
- Maurício começou a ficar inquieto, desconfiado. Era o que Sandra ficava me dizendo. "Maurício está estranho e acho que é por causa dessa menina". Era óbvio que ela não gostava muito de Rita. Então, sem querer, eu comecei a notar. Ela vivia perto dele. Ligava pra ele toda hora. E se ele não atendia no celular, ligava para o nosso fixo. E quando não atendia, ficava tocando quase o dia todo. Sandra foi sendo afetada. E então no aniversário dele ela deu um show, verdadeiro show. Talvez fosse de ciúme ou controle, eu não sei. Foi uma briga horrível e ela começou a destruir tudo, acho que ele queria terminar com ela. A casa acabou pegando fogo. O incêndio foi tremendo. Mas antes do fogo surgir, Sandra havia levado ela para o quarto com a intenção de lhe dizer que terminasse com Maurício. A menina fugiu e trancou ela lá..
- E depois disso.. O incêndio.
- Sim. Ela não deixou o Maurício sair. Quando a casa inteira pegou fogo eu entrei e salvei Sandra. Mandei ela sair pela janela e os bombeiros a pegaram. Eu peguei um cobertor e fui atrás do Maurício. Quando eu estava quase desistindo de repente eu ouço gritos. Ele tentava abrir a porta e ela não deixava. Quando consegui salva eles, ela se revoltou e só dizia " nós ficaríamos juntos para sempre, estragaram tudo". Sandra acabou se livrando dela. Mas as marcas foram deixadas.
- Que loucura pai.
- Nem perguntei o motivo pelo qual você quer saber.
- Não merece saber.
- Filho, eu vou morrer. O que eu puder fazer pra te ajudar... Por favor, pede.
- Não pode fazer nada pai. Mas saiba que o Maurício se tornou o que aquela menina foi pra ele. E agora ele está ameaçando outra garota.
- Deixe-me ajudar filho. - Então ele tenta se levantar.
- Não pai. Não pode querer consertar tudo agora.
- Enquanto estiver vivo, nada é tarde demais.
- Está muito fraco. Só vai adiantar o inevitável.
- Então se eu vou morrer não posso deixar que meu outro filho também perca a sua vida por um erro do passado.
- Não.
- Por que?
- Não queira lembrar dos filhos só porque vai morrer.
- Não seja filho..
- Chega. Agradeço por ter me dito o que eu queria saber. Tchau.
- Espere, por favor..

Harvy saiu rápido e nem ouviu mais os clamores de seu pai e muito menos o que ele disse balbuciando:
- Não me deixe morrer só..

Obsessão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora