Júlia

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Dormimos de conchinha. É tão gostoso, mas tive o meu rotineiro pesadelo. Thiago me Acordou. 

“Jú, acorda!” o abracei e chorei. “Jú, passou. Foi só um pesadelo. Esta tudo bem, eu estou aqui com você ” Ele disse completamente penalizado. Sorri e o beijei. Ele secou  as minhas lágrimas.

  “Quer me contar o que sonhou?”

“Quando tinha  13 anos o meu padrasto  me pegou a força e desde então tenho esses pesadelos. Eu sonho com o momento em que ele.... enfim. Pensei que nunca fosse superar o trauma, que eu nunca fosse fazer amor com alguém.  Mas por algum motivo você foi o primeiro  que eu desejei,  sexualmente  falando e eu confio em você, mesmo te conhecendo há 3 dias.”

“Eu vou procurar esse desgraçado nem que seja no inferno e eu vou matar esse bosta! Aonde ele está, Júlia?" Ele estava sério e com muita raiva. Nem quando ele queria me matar por ter afugentado os clientes  dele da loja ele estava desse  jeito. 

“Eu...Eu não  sei. Contei pra minha mãe  o que  houve e ela se separou dele. Nunca mais o vi”.

“Eu vou  cuidar  de você agora Júlia e esse seu trauma vai virar passado. Vamos voltar a dormir.”
“Obrigada por tudo. Você é incrível”. Ele sorriu e me deu um selo.

“Coloca a sua cabeça aqui no meu peito.” obedeci prontamente. Ele é muito mandão, mas eu devo confessar que gosto. Ele me fez cafuné. Dormimos.

Acordei de manhã numa mansão com um homem só de toalha, recém saído do banho, todo gostoso e malhado,com uma linda cesta de café da manhã  com muitas guloseimas: vários tipos de sucos, croissants, ovos, panquecas e uma linda rosa vermelha!

“Estava esperando você acordar. Preciso ir trabalhar.” Sento na cama e sorrio.

Ele me dá um selo. “Você fica linda sem roupa” Fiquei sem graça e automaticamente  vermelha com o comentário dele.

“Isso tudo é pra mim?” precisava mudar o rumo da conversa.

“Como não sabia o que você gostava mandei a Rosa (a cozinheira) preparar de tudo um pouco. Queria te agradar.”

“Obrigada.  Eu amei.”
Tomamos o café da manhã juntos e depois ele se arrumou para trabalhar.

“Jú, onde você trabalha?”

“Numa agência de publicidade  em Vancouver."  Menti.

“Que horas você pega no trabalho?”

Lembrei que deveria ter feito a varredura na casa dele de madrugada  e não dormido, mas estava muito cansada para isso.

Terminamos de transar lá para as 6h e além disso ele me deixou sem pernas! Elas estavam bambas. A lembrança das minhas pernas bambas me fazem pensar no que houve.

Tento prender o sorriso e responder seriamente. Preciso dar um jeito de fazer a varredura hoje se não o John   me mata!

“De tarde. As 15h”.

“O meu motorista vai me levar para a loja  e depois vai estar a sua disposição  para  você ir trabalhar.” Me ferrei.

“Não precisa, meu amor” Porra,
-meu amor- ? Da onde que eu  tirei esse termo? Deve ser o desespero mesmo.

Ele me olhou e sorriu.
“Não discuta comigo” Me deu um beijo e foi trabalhar. Mudei de ideia: Odeio o jeito mandão dele.

Só agora percebi que estava sem a escuta. Coloquei os meus brincos: “John, está me ouvindo?” Perguntei baixinho.

“A noite foi boa? Descobriu alguma  coisa?”

“ Não. Só o que você ouviu na festa. Thiago foi trabalhar e levou o motorista. Mas não estou sozinha. Tem a Rosa,a cozinheira. Ela não sai da cozinha  e está à minha disposição  ou eu vou na cozinha ou eu posso chamar  ela através de um sino. Ou seja, posso verificar a casa toda menos a cozinha. Mas acredito que o que eu esteja procurando não esteja lá porque é um lugar  que ela mexe o tempo todo.”

“Ás vezes o lugar mais improvável  é o lugar que está escondido o que precisamos. Depois você tem que dar um jeito de fazer a varredura na cozinha.”

“Hoje não dá. Só pode ser de noite. Rosa mora aqui e fica da hora que acorda até as 22 h na cozinha, horário que ela pode se recolher em seus aposentos.”

“preciso da sua ajuda. Como dormi de noite e o Thiago me deixou aqui disse que pegava no trabalho  ás 15 h. Horário mais que suficiente  para dar uma geral na casa, mas ele me perguntou aonde eu trabalhava e eu disse que era numa agência  de publicidade  em Vancouver.”

“Ok. Arrumo um crachá para você e te passo o endereço.  Agora vai procurar alguma prova que o incrimine. Se precisar estou aqui.”

“Obrigada,John”

Prova que o incrimine? Isso doeu na minha alma porque está sendo tão maravilhoso comigo!

Será que esse sonho pode se tornar um pesadelo? Será que eu vou virar uma romântica  incurável igual a minha mãe e me ferrar? Ele está mexendo comigo mais do que devia!

Acho que estou...apaixonada. que merda! E se ele for bandido? Como eu vou  colocar ele na cadeia? Agora eu estou aqui na casa dele, na cama dele tentando esquecer a nossa transa de madrugada, o jeito carinhoso dele e como ele cuidou bem de mim. A verdade é que eu sei que não conseguirei, mas trabalho  é trabalho.

Procurei em tudo, até no quarto de Rosa e do motorista  e não achei nada. O que eu estou querendo só pode estar na cozinha, na casa do Felipe ou, o que é menos improvável, na loja de perfumes.

O motorista dele estava me esperando. John já tinha me dado um SMS com o endereço.  Chegando lá  entrei e em 10 minutos saí, peguei um táxi e fui para casa.

Não consigo  parar de pensar nele. Uso a escuta:

“John, grampeia o celular  do Thiago. É mais fácil da gente ter alguma pista.”

“Ok.  Descobriu alguma coisa?”
“não. A casa dele tá limpa. Tirando a cozinha que não  pude entrar.”

“Ok.  Você ainda tem muito tempo  para descobrir. Sei que vai conseguir.”

“Vou sim!” Espero que ele seja inocente.

“Beijo, John. Vou tirar a escuta. Qualquer  coisa te ligo.”

“Beijos.”

Preciso descobrir se ele é ou não  é um bandido logo. E se for se eu entrego ou não! A merda que eu entreguei muito mais do que o meu corpo para esse homem. Entreguei a minha alma também! Mas porque porra me sinto uma vagabunda? Por que estou me sentindo tão  culpada de o beijar e investigá – lo?  É como se eu estivesse fazendo algo de errado. Por que eu estou gostando justamente desse homem?!

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