Aquele sonho

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Dois anos antes, 02 fevereiro de 2013

-Que isso meu Jesus.- Katia põe a mão na boca e dá um suspiro.
-Nossa nova escola.- Digo com um gritinho.
-Porra de lugar grande meu Deus.- Katia fala enquanto a puxo pra dentro do grande portão dourado.
Vasculhamos cada canto daquele lugar, e eu estava deslumbrada com tudo. Os galpões, nome dado às salas de ensaio, eram enormes, a turma era gigantesca e havia tantas pessoas que eu me sentia em um formigueiro.
Logo no primeiro dia nos entregaram o cronograma de aula, ensaiaríamos das 8 às 13 teríamos uma hora de almoço e as 14 voltávamos para ensaiar até as 18.
Eu estava chocada, nove horas de ensaio todos os dias? Meus pés derreteriam, mas eu estava tão eufórica que eu mal podia esperar até a segunda.
Sábado e domingo tínhamos folga e de 6 em 6 meses teríamos um espetáculo que faríamos dentro da academia mesmo.
O show final, ou o show do final do curso, seria em dezembro logo no nosso último dia de ensaio, dançaríamos o lago os cisnes como todo ano, era meio que uma tradição na Dormant Talents.
Eu tinha que me sobressair pois caso contrário eu não dançaria no show final e isso poderia acarretar uma desgraça alheia e meu pior pesadelo, eu gerenciando uma empresa de enlatados, nada legal.
Depois de explorar toda a escola eu e Katia voltamos para nosso apartamento, que nos tinha sido dado de presente por nossos pais.
Ele não era muito grande mas dava pro gasto. Dois quartos, sala, cozinha, banheiro, área de serviço e uma varandinha.
-Preciso de comida.- Katia aparece na porta do meu quarto.
-Peça algo pelo telefone, o catálogo está encima da mesa de centro lá na sala, eu não vou cozinhar uma hora dessas, estou desfazendo as malas.- Faço bico.
-Tá, mas não esquece do combinado, eu limpo e você cozinha.- Ela diz com o dedo apontado pra mim.
-Eu sei Ka, só hoje pode ser? Me dá uma folga.- Falo guardando alguns vestidos na gaveta.
-Só hoje, mas amanhã quero um almoço dos campeões, se não eu vou pro fogão.- Ela fala enquanto prende seu cabelo.
-O que? Tô correndo de sopa de E.T-. Falo e dou uma gargalhada.
-Aquilo não foi sopa de E.T, foi sopa de ervas finas tá.- Ela retruca irritada.
-Ela se mexia sozinha Ka.- Falo fingindo seriedade.
-Ela tinha acabado de ferver.
-Ok você venceu, agora peça logo algo pra comer antes que meu estômago engula o meu rim.
-Pizza pepperoni?
-Até sopa de E.T serve.- Começo a gargalhar e ela sai pisando duro em direção a sala.
Depois de terminar de arrumar minhas malas vou pra sala, Katia coloca um filme qualquer e atacamos a pizza.

A última chance (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora