O Principe

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Nova York, Dormant Talents, 2015 ( Dias de hoje)
Lia pernas retas, ponta Lia ponta.- A senhora Sant Clare grita pra mim.
-Não To conseguindo me concentrar- Falo frustrado e me jogo na cadeira.
-O que tá acontecendo com você?- Ela pergunta com uma carranca.
-Só não estou conseguindo tá legal?- Digo irritada com minha incapacidade.
-Sabe Lia, hoje não estou vendo nenhum de seus cisnes, nem o branco e muito menos o negro.
-Só não estou no clima hoje.
-Bailarinas estão no clima sempre sabe por que? Por que dançamos com o coração e com a alma, se não está no clima quer dizer que essas duas coisas estão lhe faltando.
-Te garanto que meu coração está bem aqui.- Digo frustada.
-Como tem tanta certeza?
-Por que eu o sinto- Digo simples.
Clare me dá uma olhada cabisbaixa, como se soubesse realmente o que eu estou passando.
-Vamos tentar outra vez?- Ela diz passando a mão pelo rosto.
-Vamos, eu.., eu prometo conseguir dessa vez.- Digo com um sorriso de incentivo.
-Vamos tentar com o príncipe?-. Ela pergunta, a animação voltando ao seu rosto.
-Já encontrou quem vai fazer par comigo?- Pergunto eufórica nem acreditando no que estou ouvindo.
-Já sim, o melhor de nossos alunos, ele já deve estar chegando.
Assim que Clare fecha a boca a porta se abre e nós nos viramos para ver quem está entrando, e então lá está ele parado em sua melhor postura com sua regata preta e sua calça de moletom cinza, seus pés livres e os chinelos em mãos.
Lembro-me que no começo do curso a mais ou menos 1 ano de meio atrás todos os professores o censuravam por não usar o uniforme correto, mas depois de uns 4 ensaios que não tiveram sucesso pois ele dizia que o colam e o short o incomodava eles desistiram e o deixaram com seu estilo despojado, estilo pelo qual me apaixonei em menos de 6 meses.
Ele nos olha meio sem graça e logo vem em nossa direção.
-Já começaram? Pensei que seria as 15, estou atrasado?
-Não senhor Simons, não está atrasado eu pedi que a senhoria Liana viesse mais cedo para passarmos alguns passos.
-A sim..- Ele diz e me olha com um
sorriso no rosto.
-Já se conhecem não?- Clare pergunta como se não soubesse a resposta.
- Já- Eu digo amarga, antes não nos conhecêssemos.
-Oi Lia- Ele fala e pega minha mão para beija-la
-Oi Pedro- Digo e antes que minha mão encoste em seus lábios eu a puxo, mas o lugar onde ele tocou ainda está formigando.
-Então podemos começar?- Clare pergunta com um sorriso enorme.
-Aham- É o que eu consigo dizer enquanto o filho de uma puta olha pra ela e depois pra mim.
-Partiu-. Ele diz sorrindo.
Quando o vi hoje de manhã meu subconsciente acreditava, na verdade queria acreditar que ele havia voltado por mim, para me pedir desculpas e dizer que toda a merda que ele fez foi errado pra caralho, e que estava arrependido. Mas depois que o vi entrando naquela sala eu tive a absoluta certeza de que ele não havia voltado por mim, ele havia voltado por ele, ele havia voltado para que pudesse fazer o show e conseguir um bom trabalho no futuro. Mas o que eu devia esperar? Ele era o Pedro e não ia mudar e como de costume era sempre ele, ele só pensava nele e no seu bem estar, eu já devia estar acostumada depois de pouco mais de um ano de convivência.

A última chance (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora