CAPÍTULO 8 - Um sorvete ou dois...

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Vamos às considerações iniciais: Se Hannah Margaret Reston não tivesse câncer ela poderia muito bem ser convocada pela Interpol para ser uma agente super secreta que iria se infiltrar com os bandidos e descobrir tudo e ainda sair comendo docinhos.

E fora esse fato impressionante: Verônica Elizabeth Ashford, 27 anos, solteira, com um cachorro chamado Gandalf, um gato chamado Smeagol, fã de J.R.R. Tolkien e tem alergia a amendoim. Foras essas as informações que Hannah liberou para Samuel antes de ele sair para conversar sobre a saidinha do hospital.

E era ai que as coisas se complicavam um pouco. Samuel foi até uma das enfermeiras que cuidavam de Hannah e questionou sobre quais eram as necessidades para que Hannah pudesse sair para dar uma volta fora do hospital. De acordo com ela, nenhuma, pelo menos não de acordo com o seu quadro clínico, então a única pendência era pedir uma autorização assinada pela oncologista responsável, ou seja, Verônica.

Sabendo do que aconteceu da última vez que tentou levar Hannah para qualquer lugar além daquele quarto, sabia que a missão de sair com a menina do hospital era um tanto quanto dificultosa, porém, graças as informações oferecidas por Hannah, ele tinha um plano.

Samuel estava parado de frente para o elevador. Havia perguntado a quase todos os enfermeiros e funcionários daquele andar e todos haviam dito que não sabiam onde ela estava o que indicava que, pelo horário, estava almoçando.

Ele esperou cerca de 20 minutos até a médica sair do elevador. Ele observava uma mancha no teto distraidamente e mal percebeu quando ela passou do seu lado. Ela estava sem o jaleco, o que era bem estranho, apesar de ela ter uma prancheta em mãos.

— Olá! – Samuel disse com excesso de felicidade, seguindo Verônica. A médica se virou assustada, erguendo as sobrancelhas para ele. Samuel balançava pra frente e pra trás nas pontas dos pés, com as mãos enfiadas no bolso e um sorriso de orelha a orelha.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntou franzindo o cenho. Verônica deu os ombros com a cena a sua frente e voltou a andar com Samuel em seu encalço.

— Um passarinho me contou que talvez certa oncologista ficasse feliz em ler a primeira edição de "O Hobbit" autografada por John Tolkien. — Disse baixo, quase sussurrando, perto do ouvido da mulher.

— O que você disse? — Ela parou, virando-se para Samuel, o fazendo parar junto com ela, colocando a mão em seu peito. Ela sorriu a esmo, subindo e descendo a sobrancelha de modo constrangedor.

— Que um passarinho me... – Interrompido.

— Tá, tá. – Abanou a mão, dispensando comentários, pedindo que ele acelerasse. – A parte da primeira edição autografada de Hobbit. Repita, por favor.

— Que você gostaria de ler? – Ela assentiu.

— Que brincadeira é essa? O que você quer? Você acha que eu sou boba? Essa versão foi leiloada pelo dono da revista Playboy em 2005 e provavelmente está em algum cofre muito bem trancado, e isso significa que é quase impossível tocar minhas mãos. – Disse com escárnio. Parecia chateada com o fato de Samuel achar que pudesse enganá-la com uma mentira como aquelas.

— Isso não é verdade, mas já que você não está interessada... — Ele deu os ombros, espremendo os lábios, dando alguns passos para trás. Fez que não com a cabeça, como se estivesse chateado com sua reação.

— Prova. — Ela pediu e ele sorriu. Samuel se aproximou novamente, como uma criança animada e tirou o celular do bolso. Apresentou para a médica algumas fotos muito comprometedoras dele segurando um livro muito parecido com a primeira edição de O Hobbit nas mãos. — Como? – Questionou assustada. – O lance inicial era de 144 mil dólares!

Pra você, eu (Desgutação | Em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora