Desde o primeiro passeio que Samuel e Hannah haviam dado, havia se passado um mês e meio, o que fez com que Samuel sambasse em ficar com Hannah, ajudar Yvannah e sua mãe na mania louca de reformarem o jardim de casa, ir pra faculdade, fazer trabalhos e estudar pras provas de meio de semestre que estavam se aproximando.
Além de tudo isso, ele havia estabelecido uma amizade estranha com Verônica o que lhe ajudava há passar os dias, já que depois de um surto de estresse, ela pareceu entender o que era ter de conviver com Audrey quase todos os dias na sua casa, o que fazia seu sangue ferver todas as vezes que ela lhe chamava de "Coração" e passava por sua cabeça a idéia de deixar aquela pena com Hannah e seguir para o presídio mais próximo por homicídio.
E naquele dia, ela parecia particularmente interessada em fazer da vida do rapaz um inferno. Samuel não havia ido à faculdade já que Yvannah implorou para que ele lhe ajudasse a arrumar aquele jardim demoníaco e ele parecia à única pessoa com calor naquele lugar, já que o friozinho da manhã estava começando a atacar.
O rapaz pingava suor, usava apenas uma regata que deixava os seus braços bem aparentes conforme ele terminava de cavar um pequeno buraco no qual Yvy pediu para que ele enfiasse uma muda de árvore que tinha pelo menos uns 50 kg e depois cobria novamente com pedaços de grama. Depois, teve de erguer vários pallets (que mais cedo, no dia anterior, ela havia pintado) e colocar no lugar indicado, que aparentemente nunca ficava muito no lugar certo.
— Coração, está torta a parte de trás. – Ele engoliu a seco e não olhou para Audrey. Apenas pulou sobre os pallets e ajeitou o que estava torto. – Você sujou o pallet de terra, Coração. – Disse novamente, apontando para onde ele havia sujado. Samuel respirou fundo novamente, coçando o nariz e pegou um pedaço de pano que estava em seu bolso e limpou a marca do pé.
Quando pareceu estar no lugar, Yvannah o ajudou a colocar o banco sobre os pallets e jogaram um colchão de solteiro sobre ele e algumas almofadas (a parte era coberta, já que ele se recusaria a fazer tudo aquilo para uma chuvinha destruir tudo).
— Ficou perfeito, Coração! – Audrey bateu palma, saltitando para perto de Samuel que olhava cansado para Yvannah que ajeitava os últimos detalhes de seu banco. Ela agarrou o braço soado do rapaz, encostando a cabeça sobre seu ombro, mesmo que tivesse de ficar na ponta dos pés. – Lembra daquela vez que...
Ele puxou o braço com força, dando um passo pro lado. Yvannah se assustou com o movimento brusco do irmão e parou o que estava fazendo para observá-los.
— Não encosta em mim. – Pediu ríspido, porém baixo.
— Sammy, vamos! Você não precisa me tratar... – Enquanto ela dizia, se aproximava dele novamente e botava uma das mãos sobre seu rosto. Samuel se esquivou, voltando a se afastar.
— Acho melhor eu me arrumar. Hannah e Verônica me esperam no hospital. – Ele falou indo em direção a casa.
Estava visivelmente estressado, já que havia se controlado durante toda a manhã para não dar um grito com Audrey que não tinha noção de ridículo. Yvannah era outra, que mesmo sabendo que o irmão estava sem paciência, a trazia para ficar no mesmo lugar que ele, para fazer algo que ele definitivamente não queria.
Subiu apressado para o quarto, arrancando a camisa e arremessando com força na cama. Desabotoou a calça quando o celular no seu bolso começou a vibrar desesperadamente e ao tirá-lo do bolso, percebeu que era Verônica, que por algum motivo estava pedindo para que tivessem uma conversa por vídeo. Ela sabia que ele estava em casa, que iria ajudar a irmã no jardim durante a manhã e só depois iria para o hospital. Ele seguiu até o computador que estava jogado sobre a cama e aceitou a chamada de vídeo com a doutora. Verônica parecia animada com alguma coisa, mas não parecia fazer parte do assunto.
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Pra você, eu (Desgutação | Em breve)
Ficção GeralApós vários incidentes envolvendo vandalismo e furtos, Samuel Trevor recebe uma última chance de permanecer em liberdade, e para que isso aconteça, ele terá de cumprir serviço comunitário em um lugar um tanto quanto inusitado, um hospital. E é lá on...