Todos aplaudiam, mas...
Aquilo já se estava a tornar incomodo.
Qualquer um gosta de receber aplausos, e eu não sou excepção. É uma das melhores demonstrações que alguém pode receber ao ser reconhecido pelo seu trabalho ou pelos seus feitos e talentos, saber que se tem o apoio de várias pessoas é uma sensação incrível. Muito bom tenho de admitir, mas... O que é demais enjoa.
Não consegui sair da sala sem ser atropelada por políticos, juízes, advogados e outras pessoas presentes. Todos queriam falar comigo.
Senti-me como uma professora de faculdade, perseguida por alunos marrões cheios de dúvidas e/ou comentários sobre a aula.
Simplesmente demais.
Voltando ao presente...
Felipe- Íris! Como é que fizeste isso?
Íris- Fiz o que?
Felipe- Acabaste com uma discussão entre dois grandes conservadores sendo um Agalesiano e outro Regeniano. Como é que sabias que aquele discurso iria convencê-los?
Íris- Simples. Falei de forma sincera, sem dizer palavrões e... Um pouco de improviso, tenho de admitir.
Felipe- Bem, funcionou! Onde é que aprendes-te a acabar discussões assim?
Íris- Eu não estive na faculdade só para marcar presença.
Felipe- Tu és formada em direito?
Íris- Não, estava a brincar contigo. Os elfos ensinaram-me.
Felipe- Temos mesmo de os convidar para a festa.
Íris- Festa?
Felipe- A tua festa de boas-vindas á comunidade de Regen.
Íris- Comunidade de Regen?
Felipe- Não te disseram? Todos os diplomatas têm de pertencer a comunidade de resolução de problemas políticos.
Íris- E nessa festa estão...
Felipe- Todo o tipo de gente. Desde chatos engravatados egocêntricos a pessoas como nós.
Íris- Príncipes e princesas com antepassados muito competitivos?
Felipe- Até que pode haver mas eu estava a referir-me a Aelkas como nós. (sussurra)
Íris- Mais? Em Regen somos quantos, ao todo?
Felipe- Que eu saiba... Uns 15.
Íris- 15?
Felipe- Podem haver muitos mais, mas a maioria não se pode revelar, assim como nós.
Íris- Isto é estúpido.
Felipe- O quê?
Íris- Isto! Uma festa só para celebrar a entrada de alguém como eu numa simples posição em alguns casos de tribunal e um número emenso de todo o tipo de gente presente para algo tão simples como assinar um acordo.
Felipe- Por aqui é dada muita importância a isso, não é todos os dias que nos tornamos aliados de antigos inimigos.
Íris- Não acredito muito que o povo de ambos os lados tenha essa perceção.
Felipe- Vamos dar tempo ao tempo.
Íris- Isso.
Um beijo.
Felipe- Então?
Íris- Não vamos convidar os elfos de Agalesia para uma festa desse tipo.
Felipe- Desse tipo? Vá lá...
Pede com olhos de cachorrinho.
Íris- Não. (firme)
Felipe- Dá-me um bom motivo.
Íris- Eles são elfos da floresta. Agalesianos e grande parte deles são mestres antigos, pessoas cheias de sabedoria sobre todo o tipo de temas intelectuais e espirituais. Que desprezam humanos ignorantes. Não sei se será boa idéia. Eles ainda são "a favor" da inimizade entre os nossos reinos, não seria bonito. Acredita!
Felipe suspira com um ar desiludido e até um pouco furioso.
Íris- Estás chateado?
Felipe- Não. (mente) Vamos embora?
Íris- Claro. (desconfiada)
Saímos dali e eu voltei para Agalesia. O Felipe disse que tinha algo de importante para fazer.
Chegando as redondezas do castelo.
Kira- Não vais dizer nada....
Íris- Ah... Eu sei, mas.....
Kira- Mas o quê? Eu senti, tu sentiste, acho que até o Ik sentiu.
Íris- Eu sei, eu sei, mas não quero pensar nessa possibilidade. Não por enquanto....
Kira- Como queiras, mas só te estás a enganar a ti própria....
Íris- Eu sei.
Aterramos e eu desci enquanto observava a vista do pôr do sol em Agalesia. Da montanha é ainda mais bonito.
Chegando aos estábulos.
Kira- Diz-me que vais tentar resolver isto....
Íris- Não te preocupes Kira.
Raul- Então mana, como correu a viagem?
Levei um susto que até saltei, mas era só o Raul.
Íris- A viagem foi fantástica. Recebi aplausos e tudo pelo meu discurso que acabou com a discussão dos dois idiotas.
Raul- Ótimo!
Íris- Como é que saubes-te da minha visita aos nossos vizinhos do este?
Raul- Sou o rei, lembras-te?
Íris- Está bem, meu rei, tu também sabias da minha festa?
Raul- Claro que sabia.
Íris- E sabes me dizer porque é que o Felipe quer tanto que os elfos estejam presentes?
Raul- Os elfos? Isso é estranho.
Íris- Foi o que eu achei. Á alguma coisa errada aqui.
Raul- Também acho. A menos que...
Íris- A menos que o quê?
Raul- Bem... Isto é, eu não...
Íris- Raul. O que é que não me estás a contar? (Séria e com um olhar inquisidor)
Ele suspira.
Raul- Está bem, eu digo. Á uns anos atrás, quando nós ainda não nos conhecíamos. Eu tinha pedido ao pai para estar presente numa das suas reuniões com uns tipos de Regen. Aquilo estar a tornar-se rotineiro foi o principal motivo pelo qual eu quis estar presente. Tive de lhe pedir inúmeras vezes, sempre com a mesma resposta. Não! Mas ele acabou por ceder e eu descobri o porquê de tanta burocracia.
Íris- O que era?
Raul- Muitos, muitos casos de contrabando em Regen, e aqui mesmo também.
Íris- Contrabando de quê? Drogas?
Raul- Pessoas.
Íris- Pessoas? (chocada com a revelação)
Raul- Sim. Foi um período muito difícil. Principalmente para...
Íris- Os elfos. (constatou)
Raul- Exatamente.
Íris- Eu já sabia que isso acontecia, mas até hoje pensei que esse tipo de pessoas tinha desaparecido.
Raul- Tu já sabias?
Íris- Sim. Porque é que achas que nunca me ouves a falar sobre... Ir a Regen, ou assuntos de lá, ou... O que quer que seja de lá?
Raul- Pensava que...
Íris- Eu confiei nele! (furiosa)
Dou um pontapé na parede e grito, pela fúria.
Raul- Como assim?
Íris- Não é óbvio?
Raul encarame pacientemente.
Eu suspiro.
Íris- Em pequena, quando já vivia na floresta, eu estava numa das tribos dos elfos a brincar com alguns dos meus melhores amigos, quando ouve um ataque. Esses tipos levaram centenas de pessoas da tribo. Atacaram sem dó. Eu tentei fugir, ou esconder-me, ou simplesmente não paralisar com o medo, o que naquela época era bem possível de acontecer, mas era impossível. Eles já nos tinham cercado e deixado sem armas. Não havia salvação. Só não levaram com eles quem morreu ou quem teve a sorte de escapar. E eu não fui exceção.
Raul- Eles tornaram-te prisioneira?
Íris- Não. Eu tornei-me escrava ao lado dos meus irmãos elfos. Foi a pior altura da minha vida, eu nunca mais voltarei a ser aquilo que era.
Raul- Porque não me contas-te?
Íris- Porque, explicar á Mia que conheci Nebel durante o meu regresso a Agalesia depois de passar 3 anos da minha vida como escrava pessoal de um monstro não está nos meus planos.
Raul- Achas que o Felipe trabalha para eles?
Íris- Eu vi nos olhos dele. A fúria, o desespero, o medo... quando eu apenas lhe disse que não iria convidar os meus amigos elfos para essa festa, que, provavelmente não passa de uma armadilha. Ele trabalha para eles, agora isso está mais certo que nunca.
Raul- Temos de acabar com isto.
Íris- Como?
Raul- Pensemos, o Felipe aproximou-se apenas de ti. Porquê um tipo como ele?
Íris- Porque ele é o único Aelka de Regen melhor que o nosso pai nos jogos.
Raul- Ele é um Aelka?
Íris- Sim. Isto foi tudo um plano bem elaborado que só funcionaria com ele. Ele pôde fingir que tínhamos uma "ligação", ele venceu quando olhou para mim, ele... Ele... Ele foi um belo actor com o papel de tipo perfeito para interpretar. E eu cai nas mentiras dele. Como?
Raul- Não te culpes pelo que aconteceu. O melhor que temos a da fazer é descobrir quem é o centro de tudo isto.
Íris- Não te canses Raul. Eu sei exatamente quem devemos procurar.
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O Diário De Uma Aelka
FantasyAqui estou eu 2 anos mais tarde, de volta para que me possam acompanhar depois de tudo o puderam ler em Agalesia. Ass: Íris