Uma conversa de cozinha

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Íris- Bom dia. (entrando na cozinha)
Nenhum dos 5 empregados, cozinheiros ou o que quer que fossem me respondeu.
Íris- Dia atarefado suponho.(insistindo)
Novamente ninguém respondeu fingindo estarem demasiado ocupados para se pronunciarem.
Íris- Ok... ( suspiro) eu realmente só tinha vindo aqui avisar que eu não gosto de salmão, sou alérgica a amendoim e... Deixa cá ver... a pessoas que não me respondem por acharem que eu sou como o canalha que as contratou.
O silêncio manteve-se mas consegui ver o quanto as minhas palavras os tinham afectado.
Empregado- As nossas desculpas senhora. O senhor Valentino deixa bem claro que uma das nossas obrigações é manter o silêncio na casa. Não foi por falta de educação apenas estávamos a seguir ordens.
Íris- Eu entendo perfeitamente.
Empregado- Obrigado.
Íris- Bem... Eu ainda não me apresentei certo? Eu sou Íris.
Empregado- Prazer, mas...
Íris- Vocês já sabiam disso. (completei)
Empregado- Sim. (ri)
Íris- Muito bem. Uma vez que já sabem quem sou eu, posso saber pelo menos os vossos nomes?
Empregado- O meu nome é Kaio, esta é Elizabeth, (apontando para uma cozinheira) este é o Sima, (apontando para a pessoa mais provável a ser o ajudante de Elizabeth) esta é a Elionor, (apontando para uma garota que parecia ter 11 anos mas vestida de mulher de família com 30 anos) e este é o Connor, (aproximando o rapaz moreno para perto) meu filho.
Íris- Prazer em conhecer-vos a todos, e na verdade eu vim aqui na esperança de encontrar algo que ao contrário daquilo que o Luís me deu fosse realmente tirar-me a fome.
Kaio- Claro. O que deseja?
Íris- Têm por ai pão?
Eles entreolharam-se estranhando a minha pergunta.
Íris- Pode ser seco, eu não sou esquisita, só tenho um bocado de medo quando já vem com bolor.
Sima- Na verdade pensávamos que fosse pedir algo mais...
Connor- Fino, pequeno e com um nome esquisito.
Elionor- Connor! (repreendeu-o) Peço desculpa pelo comportamento inadequado destas duas crianças. (fitando Sima e Connor que se divertiam com aquilo) Eu trago-lhe já o seu pão. (indo em direção a dispensa)
Íris- Obrigada.
Kaio- Eu também peço desculpas pelos comentários deles, nós apenas...
Íris- Esperavam uma princesinha que nem saberia distinguir uma flecha de um dardo. (completei)
Elizabeth- Era exatamente isso que esperávamos quando nos disseram que uma princesa seria a convidada de honra do senhor Valentino.
Íris- Deixem-me adivinhar, foi ele próprio que vos deu essa informação.
Kaio- Foi.
Íris- Eu sei que isto não é da minha conta, mas com é que vocês acabaram aqui? Isto é. Ninguém vem parar ao mundo dos Valentino sem que eles tenham algo a ganhar com isso.
Connor- Como é que um membro de sangue da realesa pode acabar aqui?
Íris- O Luís é mais doido do que parece.
Connor- Isso não responde á pergunta.
Sima- Connor não insistas.
Íris- Não. Eu não tenho porque fugir a esta conversa. Como eu cheguei aqui?
Connor assentiu com a cabeça.
Íris- Bem... Eu sei que isto até pode parecer mentira, mas quando eu ainda era recém nascida, fui raptada por pessoas que me criaram por pouco tempo. Quando eu ainda era uma criança visitava a tribo dos elfos do sul muitas vezes, ainda visito mas naquela altura eles eram a minha única família, ainda fazem parte daqueles a que posso chamar de família; mas isso não é a minha história! Um belo dia, estava eu, com algumas crianças e mulheres da tribo a conversar e a rir, quando á um ataque dos homens dos Valentino. Todos nós começamos a correr, mas foi em vão. Aqueles que não morreram ficaram feridos e aqueles que não ficaram assim tão feridos foram capturados, presos e vendidos como mercadoria para quem desse mais dinheiro. Eu estava no grupo dos não tão feridos e acabei por vir parar aqui. Quando perceberam que eu não era um elfo quiseram matar-me. Não queriam humanos como escravos, queriam elfos! Aí, no dia em que me tinham dito ser o último, eu não morri porque Luís Valentino, criança da minha idade teve uma idéia. Pedir ao paizinho que não me matasse pois queria-me. Eu trabalhei para ele por 3 anos, depois de 3 anos eu fui chamada para falar com ele. Fizemos um acordo e eu fiquei "livre", e só muito tempo depois descobri que afinal era uma princesa, mas acabei por voltar uma vez mais para esta casa já que se eu não cumprir as normas do novo acordo que tenho com ele, todos os elfos de Agalesia e Regen estão em perigo.
Connor- Uau! Isso sim é uma história.
Elionor- Eu não imaginava que alguém como tu podesse ter uma história assim. Já agora, aqui tens o pão. (entragando-me o pedaço de pão)
Íris- Obrigada. (começando a comer o pão) Estava a morrer de fome.
Kaio- Isso deve provar que um Valentino pode nascer com coração.
Íris- Isso e também prova que um Valentino pode ter uma obsessão a níveis preocupantes.
Elionor- Como assim?
Íris- Tu ouviste toda a história, não foi?
Elionor- Sim.
Íris- Pois... Parte do novo acordo é, eu não posso sair daqui e parte da lista dos meus afazeres nos próximos tempos é, tentar esquecer que aquele tipo contratou dezenas de espiões dentro do castelo onde vivo e ter arranjado um tipo para que eu me apaixonasse e assim, pensava ele, baixasse a guarda para que ele podesse voltar a atacar a parte da minha família e amigos com orelhas pontiagudas e olhos grandes.
Sima- Até que é um bom plano.
Elizabeth- Sima!
Íris- Eu concordo. Foi um plano suficientemente bom para resultar. Ele conseguiu quase atacar os elfos e eu baixei a guarda por tempo suficiente para ter acabado aqui.

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