Acordei com um algo suave a fazer-me cócegas no nariz.
Felipe- Bom dia. (sussurra)
Íris- Bom dia Felipe... Felipe! (arregalando os olhos)
Felipe- Espero que gostes de rosas. (entregando-lhe a rosa roxa)
Íris- Eu adoro rosas, mas não sei se gosto muito que me acordes. (aceitando a rosa)
Felipe- Não gostas-te da surpresa?
Íris- Como é que entraste?
Felipe- Sou mais discreto do que um ninja.
Íris- A Claire deixou-te fazeres o trabalho dela não foi?
Felipe- Basicamente.
Felipe dá-lhe um selinho.
Felipe- Mas agora isso não interessa.
Íris- Tens razão.
Felipe- Prepara-te que partimos daqui a 1h.
Íris- Partimos daqui a 1h?
Felipe- Sim. Felizmente, ou infelizmente fomos chamados para fazer parte de uma discussão entre duas famílias no tribunal de Regen, e pensei que podíamos aproveitar para chegar lá umas horas antes e voar um pouco pelas vilas. O que achas? É a minha vez de te mostrar a minha casa.
Fico atônita ao ouvir aquilo.
Íris- Ótimo.
Felipe- O que é que se passa?
Íris- Nada.
Felipe- Como assim, nada? Estás com essa cara.
Íris- É a minha cara.
Felipe- Não. Essa cara! Parece que viste um fantasma. Já é a segunda vez e acontece de cada vez que falo de irmos Regen.
Apenas encaro-o.
Felipe- O que é que se passa?
Íris- Nada, é apenas impressão tua.
Felipe- Tens a certeza?
Íris- Tenho, não te preocupes. Agora sai, tenho que me arranjar. (saindo da cama)
Felipe- E porque é que eu tenho de sair?
Íris- Porque ainda não somos assim tão íntimos. Agora sai!
Felipe- Está bem, fico á porta a espreitar. (brinca)
Íris- Se te atreveres...
Felipe já vai saindo quando fala da porta.
Felipe- Ok, eu espero aqui fora.
Íris- Ótimo. (fechando a porta)
Visto-me rapidamente, apanho o cabelo e saio.
Íris- Esperas-te mesmo aqui?
Felipe- Já estou habituado.
Íris- Desculpa?
Felipe- Sabes, a Tina costumava demorar imenso para se arranjar, ao contrário de ti.
Íris- Tina? Quem é a Tina?
Felipe- Eu não te contei que tinha uma irmã?
Íris- Ha... Irmã! Claro!
Felipe- Estavas com ciúmes.
Íris- Ciúmes, eu? Claro que não.
Felipe- Então porque é que ficaste tão curiosa?
Íris- Porque sou naturalmente curiosa, e porque nunca me contas-te que tinhas uma irmã.
Felipe- Pois é. A culpa toda minha, desculpa querida. (abraçando-a)
Íris- Eu já disse que não se passa nada. (desfazendo-se do abraço)
Felipe- Eu ei de descobrir.
Íris- Não á nada para descobrir, não se passa nada e agora, vamos para a parte mais importante da viagem.
Felipe- Sim, vamos preparar os dragões.
Íris- Preparar os dragões? Não! Vamos comer, estou cheia de fome.
Rimos.
Felipe- Muito bem, tu vais comer o pequeno-almoço enquanto eu vou preparar o Ik e a Kira que ainda deve estar a dormir.
Íris- Para tua informação eu consigo acordar cedo se quiser por quanto tempo quiser.
Felipe- Um dia espero poder comprovar isso.
Enquanto eu fui comer qualquer coisa na cosinha o Felipe foi preparar os dragões.
Na cosinha...
Empregada- Bom dia princesa.
Íris- Bom dia...
Empregada- Quer o pequeno-almoço de sempre?
Íris- Claro...
Empregada- Vou já fazê-lo.
Íris- Desculpe-me, mas... Qual é o seu nome?
Empregada- Joana.
Íris- Finalmente. Acredite para mim o seu nome foi uma grande incógnita desde que cheguei aqui.
Joana- Por norma não digo o meu nome porque... Ninguém está interessado em saber.
Íris- Não saber o nome de alguém que trabalha para facilitar a minha vida todos os dias? Que motivos tenho eu para não querer saber o seu nome?
Ela não diz nada, apenas sorri verdadeiramente feliz com as minhas palavras.
Comi a minha tosta do costume, despedi-me da Joana e avisei-a de que não voltaria hoje, pelo menos e saí com destino aos estábulos onde o Felipe me esperava.
Íris- Demorei?
Felipe- Só uma eternidade.
Íris- Agora estou aqui. Podemos ir?
Felipe- Sim.
Kira e Ik- Estamos prontos....
Felipe- Ótimo.
Fomos até ao topo e em direção a Regen.
A viagem foi bem curta. Aquilo que seriam 6h a cavalo foi equivalente a 50min de dragão.
Sobrevoamos Fol, Dreni, Quiro e Wino finalmente chegamos á capital. Foi bem agradável, mas acabou por ficar bem longa devido as constantes pausas para contar histórias de Regen que... Na verdade eu já conhecia, mas o Felipe estava tão entusiasmado que não lhe disse nada.
Aterramos relativamente perto do tribunal, já que estávamos a chegar mesmo em cima da hora.
Entrando no edifício...
Felipe- Chegamos. Bem vinda ao grande tribunal de Regen.
Íris- Uau! Não estavas a brincar quando disses-te que era o maior edifício deste reino.
Felipe- Eu sei que parece, mas nem sempre estou a exagerar.
Íris- Tenho de ter isso em conta a partir de agora.
Kira- Também posso ir?....
Ik- Deixa-me ir convosco Felipe....
Íris e Felipe- Ok....
Chegando lá dentro...
Rececionista- Bom dia. Em que posso ajudá-los?
Felipe- Somos os diplomatas de Regen e Agalesia convidados para participar das discussões de hoje.
Rececionista- Um momento por favor... (verifica os papéis) Sim. Podem entrar Sr. e Sra. Rangel estão á vossa espera na assembleia.
Felipe- Obrigado.
Fomos em direção á assembleia.
Íris- Rangel?
Felipe- Sim, o que é?
Íris- O teu apelido é Rangel?
Felipe- Sim.
Íris- E eu fiquei com esse mesmo apelido, assim do nada?
Felipe- Bem. Nós estamos noivos não é? (pisca o olho)
Íris- Claro.
Entramos e sentamo-nos rapidamente.
O discurso do acusador Sr. Miguel Henrrique decorria enquanto o acusado Sr. Rui Teu estava quase a dormir de tão entediado por estar a ser acusado de algo que obviamente não fez.
Miguel- E assim concluo que este homem deve ser responsabilizado pelos atos da sua família.
Íris- Felipe. (sussurra)
Felipe- Sim. (responde em voz baixa)
Íris- Não estou a entender nada disto. Porquê é que eles estão a discutir?(sussurra)
Felipe- Não faço a menor idéia.
Levanto-me.
Íris- Peço desculpa, mas ainda não entendi. Afinal o que é que ele fez? (apontando para o acusado)
Todos olharam para mim chocados com as minhas dúvidas enquanto o Felipe fazia sinal para eu me sentar.
Miguel- Bem, eu reparei que que a senhorita chegou atrasada, por isso irei repetir o meu discurso de acusação.
Rui- Ah, não! Ninguém merece, eu resumo. O meu filho gosta da filha dele e eu defendo que um contrato antigo não deve interferir nos sentimentos deles e ponto.
Íris- Um contrato que impede a união das vossas famílias suponho.
Rui- Exatamente, e eu estou a tentar acabar com o contrato enquanto ele quer mantê-lo.
Íris- Entendido. Continuemos com esta discussão, peço desculpa pela interrupção e obrigada pela explicação Rui.
Rui- De nada.
Miguel- Bem... Como estava a dizer, antes desta inoportuna interrupção... Antigos acordos devem ser mantidos para manter as nossas tradições fortes. Assim peço justiça, peço que o descendente do Sr. Rui da família Teu deverá afastar-se da minha filha.
Juiz- Tendo em conta que as vossas famílias são nativas de Regen e Agalesia peço a opinião dos respectivos diplomatas dos dois reinos e das testemunhas aqui presentes.
Testemunha 1- Eu defendo Miguel Henrrique, as tradições devem manter-se e duas famílias de culturas tão diferentes não se deveriam juntar.
Felipe- Aff.
Testemunha 2- Eu concordo com ele.
Íris- Nos somos os diplomatas não é?
Felipe- Tecnicamente, sim. Mas dois diplomatas contra um monte de testemunhas compradas por um Henrrique dificilmente vão convencer o juri.
Testemunha 3- Eu igualmente defendo que o contrato deve ser mantido.
Íris- Então também apoias o Rui?
Felipe- Claro, são apenas dois jovens. Deveriam ter o direito de se amar livremente.
Levanto-me atraindo os olhares de todos ali presentes e a atenção do juiz.
Íris- Eu, representante, diplomata e membro da família real de Agalesia defendo Rui Teu. E ao contrário de outras testemunhas que estão aqui, provavelmente a ser pagas para ler texto, eu tenho vários argumentos a favor da anulação deste contrato. Em primeiro lugar, e isto não tem nada a ver com o contrato, mas convenhamos que toda esta discussão não faz qualquer sentido estar a ser discutida aqui, num tribunal. Isto é um assunto obviamente pessoal para ser discutido entre eles os dois, os seus filhos e as mães deles. Em segundo lugar, pergunto-me á quanto tempo foi assinado esse tão falado contrato e se já não é altura de mudar de idéias. Em terceiro lugar, no fundo está errado existir esse acordo. E já agora, uma última palavra. Deixem os vossos filhos serem felizes juntos, e se não resultar, basta fazerem uma visita ao tribunal de Agalesia e divorcian-se, caso se tenham casado nessa altura, caso não o melhor que podem fazer por eles é ensinarem-lhes a viver felizes e a ouvir alguns velhos ditados como, " á muito peixe no mar " e " não chores pelo leite derramado ".
O silêncio reinou por alguns segundos até que...
Vindo do fundo da sala são ouvidos aplausos que, em poucos segundos haviam contagiado todos.
Miguel- Desculpe Senhora...
Íris- Íris.
Miguel- Senhorita Íris. Este acordo já vem dos primórdios, das primeiras gerações das nossas famílias, apenas quero manter uma tradição que traz uma distinção de sangues.
Íris- Eu apenas defendo o amor, que pelo que percebi corre nas veias de ambos os vossos filhos. Aliás! Onde é que eles estão neste exato moemento?
Miguel e Rui entreolham-se preocupados.
Íris- Seria ótimo que eles soubessem o que se passa aqui. E seria ótimo que vocês soubessem o que se passa... Onde quer que eles estejam, já que pelo menos eu tenho a certeza de que eles estão juntos enquanto conversamos.
Eles ficam apreensivos.
Íris- Se á coisa que todos aprendemos ou aprenderemos um dia é que o amor é a força mais poderosa da natureza. Nada o pode travar.
Miguel senta-se e ambos continuam a ouvir-me atentamente juntamente com todos os presentes.
Íris- Por todas essas razões e mais algumas, eu peço-vos. Não ponham o tribunal no meio de algo tão simples e resolvam-no, começando por se levantarem dessas cadeiras e correrem para casa pedirem perdão aos vossos filhos, deixá-los ser felizes e tomarem consciência de que um bom pai presa pela felicidade dos seus filhos assima de tudo, entendendo que eles também amam, também se vão decepcionar e também se vão tornar independentes um dia. E vocês? Vocês têm em mãos o dever de ser aquilo que todos nós precisamos na vida. Bons pais. Deixem-nos tomar as suas próprias escolhas. Pode sejam vocês a ser surpreendidos.
Mais uma vez aplausos são ouvidos, mas param no momento em que Miguel e Rui se levantam.
Eles fazem o ato mais inesperado, dão as mãos em sinal de acordo.
Miguel- A Agalesiana tem razão. Devíamos apoiar os nossos filhos, não separa-los. Eu encerro este caso desistindo de impedir Rui Teu de anular um estupido acordo.
Todos gargalham.
Juiz- Já que é assim. Caso encerrado.(bate com o martelo)
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O Diário De Uma Aelka
FantasyAqui estou eu 2 anos mais tarde, de volta para que me possam acompanhar depois de tudo o puderam ler em Agalesia. Ass: Íris