3- Esgrima

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Troquei de roupa e voltei para o quarto. Edward parecia um anjo dormindo, diferente do idiota de quando estava acordado. Peguei nossas malas e comecei a arrumar tudo no closet. Esperava que Edward não ficasse bravo por estar mexendo nas coisas dele, mas eu tinha quase certeza de que ele iria mesmo me obrigar a fazer isso quando tivesse uma oportunidade.

Havia alguns uniformes para nós dentro do closet. Calça social preta, camisa de gola alta preta, blusa cinza para colocar sobre a camisa e paletó cinza para Edward. A única mudança no meu uniforme era que tinha uma saia preta e um meião, no lugar da calça.

Tanto na sua mala como na minha havia apenas roupas e alguns produtos de higiene e, no meu caso, maquiagem. Eles não permitiam pertences sentimentais na Academia. Fotos, presentes, celulares. Nada de nada. Tínhamos que aprender a deixar nossas emoções de lado e eu não tinha ideia de como fazer isso.

Estar aqui, imaginando meu pai sozinho naquela casa enorme, me deixava de coração partido.

Lá pelas seis da tarde, quando o tédio e a fome ameaçavam minar a minha recém conseguida imortalidade, Edward acordou. Ele se espreguiçou suspirando lentamente e varreu o quarto com os olhos, parando finalmente em mim.

– Você não deveria dormir até o anoitecer? – Eu perguntei na mesma hora.

– Eu posso andar durante o dia sabe... Como os humanos podem andar durante a noite... Só que o sol me machuca um pouco. – Ele resmungou dando de ombros.

– Machuca um pouco? – Eu perguntei incredulamente. – Te transforma em cinzas!

– Só se eu for idiota para ficar exposto por muito tempo. Mas isto não vem ao caso... Isso é sua barriga roncando? – Edward perguntou franzindo a testa. Eu corei furiosamente.

– Estou com um pouco de fome. – Eu admiti timidamente.

– Por que não saiu para comer? – Ele quis saber.

– Eu tinha que ficar para te proteger, não? – Eu perguntei duvidosamente. Edward gargalhou.

– Proteger do quê? Não há perigo dentro dessa escola, Swan. E além do mais... Mesmo que quisesse, você não teria capacidade de me proteger ainda, sem treinamento, garota. – Edward falou divertido.

– Eu... Não sabia. Além do mais, não tinha certeza de poder sair sem você. – Eu falei fugindo do assunto.

– Sei... Vamos. Vamos descer para você comer algo. – Ele se levantou e estava pelado. Virei o rosto para a janela. – Pegue minhas roupas, Swan.

Eu me levantei rapidamente, evitando olhar para ele. Mais uma vez foi uma tarefa extenuante. Seu corpo parecia atrair o meu olhar como um ímã.

Peguei o uniforme da academia, sendo que eu já trocara minhas roupas pelo meu, e levei até a cama.

Ele as pegou e começou a se vestir, de costas para mim. Observei pelo canto dos olhos a curvatura de suas costas, os músculos de suas coxas e subindo para as nádegas. Edward se virou nesse instante e me pegou olhando. Desviei o olhar e corei furiosamente.

Ele não disse nada, mas ouvi uma risadinha divertida.

Quando voltei a olhar, Edward já estava vestido. Só posso dizer que o uniforme ficou melhor nele do que em mim. Com certeza.

Ele se aproximou e catou uma mecha dos meus cabelos ruivos que escorregavam para fora da trança.

– Está soltando... – Ele comentou, acariciando o lugar do meu pescoço onde a mecha estivera. Estremeci e levei as mãos à trança, desfazendo-a. Nunca conseguia fazer direito, era uma das minhas maiores frustrações.

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