8- O Tirano

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O que encontramos foi uma espécie de corredor, ladeado pelas rochas da montanha à direita e por pilastras brancas à esquerda. Chegando perto da amurada do lado esquerdo, podíamos ver toda a montanha abaixo, coberta pela floresta. O céu estava de um azul majestoso.

Se eu não soubesse que aquele era o esconderijo de algum monstro que roubara o meu bebê, acharia o lugar fascinante.

Continuamos pelo corredor, vendo salas e salões se abrindo à nossa direita. Quanto mais adentramos na montanha, mais escuras as dependências foram se tornando, com cada vez menos janelas, até que estávamos em total escuridão e os vampiros puderam finalmente tirar suas roupas de viagem.

Finalmente, demos com uma porta enorme de madeira de folhas duplas, com os lados esculpidos e coloridos em dourado.

Infelizmente, um grupo de Vampiros Vermelhos no esperava ali. Eram quantos? Quarenta? Cinquenta? Não deu para contar direito.

– Vocês chegaram longe, temos que admitir. Mas não irão passar daqui. – Uma mulher morena falou. Ela era incrivelmente bonita, mas aquilo não me importava.

– É o que veremos. – Edward falou.

Jogamos nossas mochilas ao chão e sacamos nossas armas. Os vampiros pularam sobre nós sem aviso. A luta ali foi mais difícil. Havia pouco espaço para nos movimentarmos e eles eram fortes. No entanto, isso não me fez temer. Eu já sentia que estava tão perto de ter o meu filho de volta, não perderia agora. Fiquei perto de Edward, protegendo-o.

Eu afastava todos os golpes, não querendo estender a luta mais do que o necessário, e acabava com os meus oponentes imediatamente.

Tentávamos abrir caminho até as portas. Eu tinha certeza de que Caleb estava ali dentro, eu podia sentir nos meus ossos, como se ele fosse um pedaço de mim. O que, de fato, ele era.
James e Victoria chegaram correndo até nós, abrindo caminho.

– Vão até a porta, tentem passar. Daremos cobertura. – James disse.

Olhei para Edward, que acenou afirmativamente com a cabeça, e fizemos o que James mandou. Derrubamos todos os vampiros que se puseram à nossa frente, mas ao chegarmos à porta tivemos que nos refrear. A mulher morena se colocou no nosso caminho, puxando a cabeça de Renesme para trás pelos cabelos, com a espada apertada contra a garganta dela.

– Parem aí mesmo, ou ela virará cinzas bem na sua frente. – A mulher disse.

– Nessie! – Jake gritou, mas parou onde estava, assim como nossos outros companheiros. Fiquei imóvel, apenas tentando pensar num meio de tirar Renesme daquela roubada. Se algo acontecesse com ela... Não apenas ela estaria morta, mas também Jake.

– Isso mesmo. Sejam obedientes e ela viverá mais algumas horas. – A mulher falou. Foi nessa hora que Edward deu um passo à frente, de cenho franzido.

– Eu conheço você. – Ele disse, inseguro, inclinando a cabeça para o lado.

A mulher gargalhou, jogando a cabeça para trás. Foi aí que percebi a marca em seu pescoço, o ouroboros, símbolo dos Guardiões.

Ela não era um Vampiro Vermelho. Era a Guardiã de algum Vampiro Branco.

– Claro que conhece, fedelho. – Ela disse, olhando para Edward com desprezo. Dois dos vampiros que estavam com ela abriram as portas atrás dela e a mulher entrou no grande salão que se abriu às suas costas. – Podem entrar.

Os Vampiros Vermelhos que sobraram tomaram as nossas armas e nos empurraram em direção à porta. Todos nós fizemos como ela mandou, seguindo logo atrás dela e de seus companheiros mal encarados. O salão era imenso, totalmente esculpido nas pedras da montanha. Na parede imediatamente à frente para a porta, uma série de cinco degraus levava até um enorme trono de pedra onde um homem jovem de cabelos castanhos esperava sentado, com um garotinho no colo. A luz da lua cheia entrava por um grupo de enormes janelas, iluminando a cena com uma sinistra luz azulada.

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