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Se Sam fosse uma rapariga normal provavelmente teria uma mãe chata que a informaria quando chovesse. Provavelmente gritaria com a jovem por se esquecer do chapéu-de-chuva no sofá e obrigaria a levar um casaco impermeável para situações como aquela, mas Sam não tinha uma mãe normal.

A sua mãe trabalhava demais e o pouco tempo que passava em casa era a tratar de assuntos relacionados com o emprego. O seu pai era um advogado importante, que tal qual como a mãe não parava um minuto. Ambos achavam-se pais responsáveis e esperavam muito de ambas as filhas, Sam e Sasha.

Sam não podia negar que era a fotocópia do progenitores; uma rapariga obcecada com o sucesso e que não podia estar abaixo de ninguém. Tinha vergonha de admitir mas por vezes, quando o seu melhor amigo Thomas tinha melhores resultados escolares a jovem esforçava-se o dobro, tripulo... o que fosse necessário para estar sempre por cima da cabeça de todos.

Mas daquela vez ainda bem que se tinha esquecido do guarda-chuva em casa.

"Nunca mais pára!" resmungou Calum, falando num sussurro, mas com o objetivo da ex-namorada ouvir.

Calum e Sam já tinham estado juntos, o que ainda dava cabo da cabeça da morena. O tempo que passaram juntos podia ter sido insignificante para o rapaz, mas para Sam não era bem assim.

Todos sabiam que Calum Hood tinha trocado o crânio do colégio pela Melissa, uma rapariga inteligente que nutria uma paixão absurda por teatro. O namoro entre ambos durava à cerca de sete meses; metade do tempo do namoro entre Calum e Samantha.

Acabaram no dia a seguir a terem feito um anos e um mês de namoro e o coração de Sam tinha-se tornado num poço de lamentações. Desde então nunca mais teve coragem de dirigir a palavra ao ex-namorado e recusava-se a admitir que ainda sentia algo por ele e que as saudades eram difíceis de aguentar.

"Parabéns, Samantha!" desta vez proferiu tais palavras com maior intensidade para a morena conseguir ouvir plenamente.

Sam desviou o olhar para Calum e juntou as sobrancelhas, um tique nervoso. Não cabia na sua cabeça o facto de só ao final de sete meses é que se falassem e que o rapaz a chamasse pelo nome e não pela alcunha que ele mesmo tinha criado.

"O quê?!" a voz saiu-lhe como um grito e desejou nunca ter aberto a boca. "Quer dizer: o que queres dizer com isso?"

"Parabéns pelo discurso!" disse e sorriu-lhe. Sam conhecia-o como a palma da sua e mesmo assim teve dificuldades em ver se o moreno estava ou não nervoso. "Aqui entre nós, achei-o um bocadinho cliché, acho que conseguias melhor. Mas serve para deixar o diretor feliz."

"Cliché?" Sam abriu os olhos espantada. Mas não sabia o porquê. Podia ser pelo facto de estarem a falar de forma civilizada ou então era pelo jovem estar a fazer uma coisa que ela sempre adorou: estar a ser sincero. "Duvido que conseguisses fazer melhor!" desafiou.

"A sério?!" cruzou os braços e serrou os olhos, na tentativa falhada de parecer ameaçador. Mas isso só a fez ter mais vontade de se rir. "Caros alunos e excelentíssimos professores!" começou e Sam sorriu instantaneamente. "Como sabem já ganhei esta prova várias vezes e ganhar pela quinta vez não me faz diferença. Se não fosse o espaço que me resta no cantinho das medalhas e se não fosse o insuportável do senhor diretor já tinha desistido disto à séculos. Por essa razão quero desejar a paz mundial e muito matemática para todos. Obrigada!"

Sam continuava a olhar para Calum com um sorriso estúpido no rosto. Ao final de tanto tempo ele tinha voltado a reparar nela; tinham voltado a falar e para espanto de Samantha ele ainda sabia quem ela era.

"É esse tipo de discurso que tu achas apropriado para uma celebração natalícia?!" ele fez uma cara confusa e Sam apressou-se a continuar. "Se o fizesse seria culpada pelo suicídio justificável do diretor da escola. Mas se tu achas que o teu discurso é original podes sempre mandar uma carta a apresentar o teu desagrado. Mas aconselho-te a fazê-lo em anónimo." Calum sorriu-lhe levemente e encostou o corpo à porta fechada do antigo estabelecimento.

Sam olhou para ele durante mais alguns segundos, mas ao aperceber-se que era a única a admirar o namorado, ex- namorado, tomou a mesma posição que ele e contemplou os seus sapatos, que protegiam os seus pés gélidos.

Questionou-se se o moreno se encontrava a pensar nela, como ela estava a fazer com ele. Mas era impossível saber, o rapaz era e sempre fora uma incógnita. Nem mesmo quando namoravam Sam conseguia perceber o que estava a pensar; se era bom ou mau. Os seus olhos eram escuros como a noite e neles não refletia qualquer tipo de emoção, mas a morena sabia que ele as tinha.

"Parou de chover!" Calum voltou a olhar para a frente e constatou o óbvio, deixando o coração de Samantha mais pequeno. Ela sabia que o facto de ter deixado de chover o faria ir embora e embora estivesse frio e a chover e que ambos não conseguissem ter uma conversa pensada um com outro, ela queria ficar ali com ele durante mais alguns minutos.

"Parece que sim!" respondeu tentando soar confiante.

"Tenho de ir!" disse o rapaz, ajeitando a mochila nas costas. Balançou o cabelo para os lados e verificou as horas no telemóvel. Sam permaneceu imóvel no seu lugar a seguir os passos de Calum. "A Melissa está à minha espera!" informou e a rapariga bufou de forma involuntária.

"Pois, também tenho o Thomas à minha espera!" a jovem esperou que aquela afirmação tivesse provocado algum tipo de sentimentos ao moreno, mas depois sentiu-se ridícula por ter tentado fazer ciúmes ao seu ex-namorado com o seu melhor amigo.

"Então adeus!" respondeu sem demonstrar qualquer tipo de ressentimento à provocação da morena, o que a deixou confusa e envergonhada.

Rodou os calcanhares e a passo apressado saiu de junto de Sam.

Esta suspirou de alivio e fez um grande esforço para não começar a chorar de raiva por ele ainda estar junto a Melissa, a rapariga por quem a tinha trocado. Mas invés disso ganhou forças e decidiu duas coisas. A primeira era que nunca mais ia fazer figura de parva junto a um rapaz e que ia lutar pelo Calum. Já não queria saber dos sentimentos de ninguém e se ela pensava nele, ele também tinha de sentir algo por ela. Se não, ia passar a sentir.


***NotaDaAutora***

Parece-me que Sam é uma personagem bastante forte!

Hey, como estão, lindas (os)?

Sei que ainda estamos só no 2ªcapitulo, mas o que é que acham que vai acontecer? Não se esqueçam de me informarem nos comentários.

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Winter || Calum Hood (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora