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Quando Sam e Calum começaram a namorar tanto um como o outro pensavam que nunca mais se iam separar.  Como se tivessem esperaça de serem perfeitos um para o outro e durante muito tempo achavam que tinham encontradoa sua alma gémea. Mas parecia que nem as almas gémeas se conseguiam entender.

"O que é que queres, Calum?" Sam questionou com a raiva a sair pelas veias. "Não me digas que já te cansaste de pensar. Não, já sei! Não me digas que já acabaste de contar a toda a gente o que aconteceu entre nós." ela podia estar a parecer bem disposta, mesmo que estivesse irritada, mas na verdade queria chorar, enterrar a cabeça entre as pernas e desaparecer. O colégio inteiro sabia o que tinha acontecido e até já falavam dela para ela ouvir. Magoava, por ser ela a puta  e não a Mel que lhe tinha feito exatamente o mesmo meses antes.

"Não sei do que é que estás a falar." defendeu-se e Sam afastou-se do rapaz, como se a sua presença fosse tóxica. "Se as pessoas estão a falar juro que não fui eu. Não falei disto," apontou para Sam e depois para ele. "a ninguém!"

De facto parecia sincero, mas algo gritava aos ouvidos da morena que era mentira.

"Não me digas que não contaste ao Luke e ao Michael!" não foi preciso presenciar o olhar de culpa, como se tivesse sido apanhado a roubar comida do frigorifico a meio da noite, para Sam ter a certeza de que sim, o Luke e Michael também sabiam. O que fez a rapariga sentir-se ainda mais traída. "Queres mais alguma coisa ou posso ir?" questionou como se lhe tivessem dado uma descarga de energia.

"Sim eu disse ao Luke e ao Michael, mas dou-te a minha palavra de como não sei o porquê de esta gente toda olhar para nós." para Sam era óbvio que tinha sido Melissa, mas não importava quem tinha dado com a língua nos dentes. Já lhe tinham tocado no ponto fraco. "Por favor, acredita em mim!" implorou deixando o coração da morena cada vez mais pequenino.

"Eu acredito!" sibilou de cabeça baixa e pressentiu o rapaz a sorrir. Era preciso o rapaz fazer tão pouca coisa para Sam ter vontade de lhe bater e de o beijar ao mesmo tempo. "A sério, Calum, do que é que queres falar? Os meus pais daqui a um bocado estão a dar pela minha falta."

Ela só desejava que a sua vida fosse um filme e que os pais não dessem pela sua falta e que tudo acabasse bem. Era tão simples, seria pedir muito? Seria muito pedir para ser feliz e para não estar com aqueles problemas amorosos?

"Desculpa!" aproximou-se da morena e colou as suas mão nas costas da rapariga. Sam queria empurra-lo e gritar-lhe para a deixar em paz, mas o seu toque desmontava-a e disparava-lhe o coração, deixando-a sem reação. Em vez disso Sam afastou-se do rapaz calmamente e pediu-lhe para continuar o que lhe estava a dizer. "Desculpa tudo o que aconteceu e por estares nesta posição..." fez-lhe sinal para ele se calar.

Por mais que admirasse a coragem de Calum para lhe dizer o que tinha feito de errado,achava aquele tipo de discursos clichés e demasiado. Oh sim, ela merecia um enorme pedido de desculpas e os dois sabiam disso mas Sam não queria que ele o fizesse por palavras mas sim com atos. Não, não era preciso ele beija-la e dizer-lhe que ia ficar tudo bem ou, até mesmo, pedir-lhe em namoro, ela queria que ele lhe provasse que era boa pessoa, que era o rapaz por quem ela se tinha apaixonado.

"Eu não quero um discurso!" esclareceu, sentindo o vestido a pesar-lhe. "Tu magoaste-me..."

"Eu sei!" ele interrompeu e ela ignorou, continuando o que estava a dizer.

"Magoaste-me, Calum, e não foi só o que tu sabes que fizeste, já o fazes à meses, mas mesmo assim eu estou aqui. Porque te amo." ele parecia estar a acompanhar o raciocínio da rapariga. "Eu só quero que tu me proves que és o rapaz por quem me apaixonei."

Ele assentiu, mas mesmo assim afastou-se e encostou-se à parede como se esta o conseguisse proteger. Sam não o queria deixar confuso ou mesmo magoado, não queria que ele sentisse o que ela sentia. Só queria que ele percebesse o que se estava a passar e quanto ela o amava, mas amava-se mais a si própria.

Durante as últimas semanas podia parecer um rapariga assustada com uma ideia na cabeça, mas essa não era ela. Sam sabia perfeitamente o que queria e continuava a querer Calum com unhas e dentes, mas independentemente disso tinha de pensar em si e perguntar-se se valia a pena ficar com quem amava se por dentro estava desfeita.

"E se eu não for mais esse Calum e se tu não fores mais essa Sam?" um sorriso genuíno saiu de dentro de Sam, fazendo-a aproximar-se dele.

"Nós crescemos. De maneiras diferentes, mas crescemos, é normal que agora essas diferenças se notem. Só não quero que isso mude a nossa relação, não quero sentir que estamos a dar-nos uma segunda oportunidade ainda magoados ou constrangidos com alguma coisa. Quero saber que para além dessas mudanças ainda somos a Sam e o Calum de há uns meses." parecia tão irreal o facto de ainda à minutos Sam achar mesmo que o odiava.

"Acredita que crescemos, eu sinto-o quando olho para ti e não vejo aquela menina de sorriso doce e de tranças." ele aproximou-se novamente dela, fazendo-a sorrir. "Nós eramos tão amorosos, o badboy e a nerd!" gargalhou despertando a mesma reação na rapariga.

"E clichés!" a morena acrescentou e Calum concordou. "Achas que conseguimos ultrapassar tudo o que aconteceu e ignorar os olhares reprovadores das pessoas?"

Nenhum deles sabia a resposta à pergunta de Samantha, mas o que é que importava? O tempo diria o que ia acontecer e se não desse certo pelo menos limpavam a consciência e sabiam que tinham tentado uma última vez.

"Não sei!" respondeu Calum como se fossem as únicas pessoas há face da terra e estivessem no paraíso, como Adão e Eva. "Mas quem é que sabe?" mais uma pergunta que fazia sentido e que ninguém podia responder.

"Queres começar do zero ou começar de onde tínhamos acabado?" eram aquele tipo de perguntas que a morena não gostava de responder, mas eram aquelas mesmas que mereciam ter uma resposta.

"O zero parece-me um bom começo!" Sam abraçou-o ainda com o coração a saltar-lhe pela boca.

As pessoas do auditório começaram a sair, abafando o abraço entre os nossos protagonistas. Sam sentiu o seu telemóvel a vibrar dentro da mala, apercebendo-se que não tinha avisado os pais de onde tinha ido. Rejeitou a chamada e voltou a olhar a volta na tentativa de pelo menos reconhecer alguém, pois com o barulho que estava em torno de si nunca iria conseguir manter uma conversa com os progenitores.

Calum parecia desiludido, como se lhe tivessem quebrado o momento. De facto, não era a mesma coisa agora que mal conseguiam respirar, mas não disse nada, mantendo-se a ouvir as pessoas em torno de si a comentar o quão maravilhosa tinha sido a peça. O que,inexplicavelmente,deixava tanto Sam como Calum felizes. Eles estavam bem, todos tinham o direito de estar, certo?

"Samantha!" a rapariga sentiu alguém a tocar-lhe. Era Sasha. "Vamos, os pais andam à tua procura. Onde é que estavas?" Sam ignorou a irmã e correu para abraçar Calum mais uma vez antes de ir embora.

Eles sabiam que havia telemóveis e que eles serviam para matar saudades, mas eles sentiam-se como se vivessem na idade média. Era injusto, agora que as coisas estavam a recompor-se não podiam passar nem cinco minutos a namorarem.

"Adeus, Calum!" despediu-se, murmurando junto à sua orelha.

"Adeus, Sam!"

Winter || Calum Hood (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora