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Samantha permaneceu em silêncio a fitar o loiro de olhos azuis que a deixava cheia de raiva e para juntar às coisas terríveis que lhe tinha acontecido durante a semana, ele ainda lhe ocupava a cabeça com as suas palavras de justiceiro.

Quando Calum ouviu Luke correu para a porta em desespero e esperou que a morena lhe dissesse alguma coisa, mas nos primeiros segundos limitou-se a sorrir.

"Bem, acho que está na minha hora!" Luke falou e saiu de casa do amigo como se tivesse acabado de ver um bicho de sete cabeças.

Calum ainda tentou chamá-lo para ele pedir desculpas a Samantha mas quando se lembrou disso o rapaz já não se encontrava no mesmo espaço que ele. Samantha, por sua vez tinha o coração quase a saltar-lhe da boca e aproveitou a saída do loiro para entrar.

Quando a rapariga colocou os pés em casa do ex namorado é que se apercebeu das saudades que sentia daquele lugar e dos momentos divertidos que tinha lá passado com Calum. Parecia uma cena tirada de um filme mas ela lembrava-se nitidamente de todos os momentos ali passados. Até do dia em que a mãe de Calum lhe mostrara o álbum de infância do rapaz, o que o deixou a morrer de vergonha. E depois despediu-se dela dizendo que a achava uma ótima namorada p'ro filho.

Será que também nutria o mesmo sentimento por Melissa?

"Estou aqui porque acho que temos de falar." Calum concordou e fez-lhe sinal para não ficar no hall de entrada.

"Queres sentar-te ou comer alguma coisa?" Calum ofereceu-lhe mas a rapariga não aceitou, pois preferia ir imediatamente ao ponto e se não fizesse era bem capaz de se arrepender e voltar para casa sem dizer absolutamente nada.

"Na verdade, acho que tens razão e temos mesmo de ter uma conversa." ela assentiu e tentou ignorar o desejo de beijar o rapaz. "Aquilo que aconteceu entre nós... o beijo," esclareceu. "foi errado e eu acho que devíamos ter esperado mais tempo."

Samantha sentiu uma bala perfurar-lhe o peito e as suas pernas a enfraquecerem deixando-a redonda no chão. Mas na verdade nada aconteceu e os dois continuavam no mesmo sítio a olharem um para o outro como se nunca se tivessem visto.

"Claro que foi errado, mas não há absolutamente nada que possamos fazer para apagar o que aconteceu!" Samantha sentia-se esgotada. Sentia que já tinha tido aquela conversa um milhão de vezes e que mesmo assim o rapaz ainda não tinha percebido. "Eu não estou aqui para falar do nosso passado, mas sim do nosso futuro!"

"Sam, tu não estás a perceber!" Calum virou as costas da rapariga e baixou a cabeça cansado e depois voltou a encara-la. "Eu tenho namorada e não vou acabar com ela por um erro. Não há um futuro para nós os dois!" ele não sentia nada do que estava a dizer mas queria que fosse tudo verdade.

"O quê?" gritou, fazendo um esforço enorme para não bater no rapaz. O seu coração estava acelerado e não era preciso ter um espelho para saber que devia estar a fazer um figura ridícula. "Estás a gozar com a minha cara, Calum?!"

"Tem calma, Sam!" ele pediu.

A rapariga sentou no sofá e levou as mãos ao rabo de cavalo que lhe caia pelos ombros.

"Não me peças para ter calma, Calum!" os nervos eram visíveis na sua expressão. "Como queres que tenha calma? Ainda não fez cinco dias que me disseste que o que sentias por mim era mútuo e agora dizes-me que entre nós não vai haver mais nada? Dizes que não há futuro?"

"E não há, Samantha!" desta vez foi ele a levantar o tom de voz, o que deixou a morena ainda mais irritada. "O que havia entre nós acabou, nem sequer devias estar aqui!"

"Acabou porque te meteste na cama com a Melissa!" berrou. Calum deu um passo atrás e fez um esforço enorme para não mostrar o quanto aquelas palavras o tinham atingido. "Agora não tentes pôr as culpas em cima de mim, porque aqui o único culpado és tu!" as lágrimas caiam-lhe da cara enquanto lhe apontava o dedo indicador no nariz. "Se não gostas dela pára com esta mentira, estás a magoar toda a gente. E se não sentes nada por mim diz que eu vou-me embora, não preciso disto para nada!"

"Foi um erro!" defendeu-se ainda irritado mas com o tom de voz estabilizado. "A nossa relação estava um caos e a Melissa era igual a ti quando te conheci..." Sam afastou-se dele e limpou as lágrimas que lhe inchavam e queimava a face. "E eu nunca disse que não gostava de ti!"

O que devia ter sido uma fonte de esperança para a rapariga tornou-se em mais um motivo para odiar o moreno, mas a verdade é que não conseguia fazê-lo.

"É que tu só podes estar mesmo a gozar comigo!" aquela situação era tão idiota que até lhe dava vontade de rir. "Porquê que dizes que gostas de mim se continuas com ela? Já te disse que não preciso disto para a minha vida!"

"É complicado, Sam!" respondeu como se fosse a única pessoa à face da terra a ter problemas conjugais.

"Achas mesmo, Calum?" ela fez cara de desconfiada e ele confirmou. Não a magoou, já esperava aquele tipo de comportamento da sua parte. "Não é complicado. Não achas que esse tipo de atitudes a magoam muito mais?"

Ele permaneceu em silêncio de cabeça baixa e Sam esperou que dissesse alguma coisa, mas não fez.

Estavam os dois esgotados e com a cabeça num turbilhão, só queriam descansar e esquecer que algum dia aquilo tinha acontecido.

"Bem, eu vou-me embora!" disse baixo e pegou na sua mala e sentiu as lágrimas a correrem-lhe da cara novamente. Limpou-as com a camisola.

"Não vás, Sam!" o rapaz pegou-lhe no braço e puxou-a contra si.

"Tu és tão bipolar, Calum!" Sam olhou por fim para ele, a pessoa que mais a tirava do sério e fechou os olhos. Ela sentia-se fraca e frágil como vidro.

Calum aproximou-se da rapariga e com o pulgar limpou as lágrimas da rapariga. Esta fechou os olhos e aproveitou o toque do rapaz, que a deixava com pele de galinha.

"Não chores,Sam!" sussurrou, aproximando os lábios do seu pescoço. Sam continuava a chorar, mas já não era de raiva, mas sim porque as lágrimas não paravam. Agradeceu por isso, pois se não tivesse tido um momento de fragilidade ela e o Calum não estavam tão próximos um do outro.

"Beija-me!" pediu. Ela sabia que ele também queria fazê-lo. Não era preciso admiti-lo para ela saber que não era a única a deseja-lo.

Ele não negou. Aproximou os lábios da sua boca e beijou-a. Não foi bruto, nem a beijou como se ela tivesse voltado da guerra e já não se vissem à anos. Beijou-a como se tivessem todo tempo do mundo, como se nada nem ninguém os pudesse travar e Sam aproveitou o momento. Não sentiu fogo de artifício, nem borboletas na barriga, percebeu simplesmente que se sentia protegida e que era assim que se queria sentir em todos os dias da sua vida.

Calum puxa o rabo de cavalo de Sam e deixa o cabelo castanho cair-lhe pelas costas abaixo. Ele percorreu o seu corpo. Desceu as mãos para o seu rabo e num gesto desesperado pegou-lhe ao colo. Nem ele nem ela conseguiam aguentar mais para estarem um com o outro.

Entre beijos chegam os dois ao quarto do rapaz e Samantha tirou a t-shirt ao rapaz. De seguida, ele faz o mesmo com a camisola cinzenta dela e atira-a para um canto qualquer do seu quarto. As suas mão percorreram o corpo dela, deixando-a arrepiada e quase no mesmo instante estão os dois de roupa interior.

Nesse mesmo momento os dois perceberam que não tinham todo o tempo do mundo para estarem um com o outro e nem dos dois queria voltar a atrás. As saudades eram tantas que não pensaram em absolutamente nada, nem na quantidade de injustiças que estariam a cometer. A única coisa que se podiam arrepender era da quantidade de momentos um com o outro que tinham perdido.


***

Samantha olha para Calum. Os seus olhos estavam fechados e a sua respiração acelerada.

"Estás arrependido disto?" ela perguntou aproximou-se dele.

"Não!" ele respondeu e Samantha não pôde deixar de sorrir.

Os seus braços envolveram a cintura da rapariga e aproximou-a de si e os dois adormeceram.

Winter || Calum Hood (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora