13- Flertes

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- E então? - Pressionei - a gente namora?

Qual era a dificuldade de responder sim ou não?

Henrique me olhava com os olhos arregalados e sempre que parecia que finalmente iria responder, ele desistia e continuava mudo.

- Eu acho que já te contei muitas coisas por hoje, o médico disse que era melhor ir devagar... - Ele respondeu desviando o olhar, mas a sua mão ainda estava na minha bochecha.

- Mas eu preciso saber... - Meu sussurro estava mais parecendo um resmungo - e eu quero saber, porque isso é uma coisa bem importante, sabe? - Eu toquei em seu abdome por cima da camisa - por exemplo, se você não me contar coisas importantes assim, eu não vou saber o nosso grau de intimidade. Eu nem sei se posso tocar aqui em você normalmente, se você se importa, eu só sei que eu quero tocar.

- Eu não estou acostumado com toda essa sua ousadia - Ele confessou.

- Eu sou tímido?! - Assustei com a informação, eu não me sentia nem um pouco tímido, o meu corpo era malhado e nitidamente pertenciam a pessoas que gostavam de se expor ou tiveram uma vida dura na roça e esse segundo eu sabia que não era verdade. O meu corpo, eu olhei no espelho mais cedo, não era um corpo que apenas presava boa saúde, era musculoso do tipo exibido.

- Nem um pouco tímido, nem se preocupa!  Você é mais do tipo... enrustido - confessou finalmente.

- Entendi - isso fazia mais sentido, realmente. - Eu era meio babaca com você, não era?

- As vezes você era sim.

- Deixa eu me redimir... - tentei andar em sua direção mas a minha perna teve que atrapalhar o meu momento de flerte, ela  pulsando dolorosamente me fazendo lembrar que ela ainda não podia tocar no chão, soltei um som muito másculo - devo acrescentar - que parecia mais um rugido do que um grito, acreditem, foi realmente másculo - e ele pareceu voltar ao seu modo protetor cheio de cuidados.

- Não faz isso, quando a gente ganhar alta daqui - ele se pôs na posição de paciente também, deixando claro que eramos uma compra casada e continuou - eu prometo que te conto tudo. Você só precisa se comportar, está bem? 

Eu fingi concordar, fingi que não ficaria bombardeando ele de perguntas, mas eu notava como ele conhecia bem o meu corpo, prestava atenção até demais nos seus toques e nas sensações que eles me causavam.

No começo do banho, eu me senti bastante desconfortável em precisar do Senhor Olhos Verdes cheio de "pode olhar, mas não me toca" para tudo, mas depois eu percebi que eu me sentiria mais desconfortável ainda se fosse qualquer outra pessoa pegando em mim, pegando perto do meu pau e até mesmo, pegando no meu pau!

Eu tive que esperar ele tomar o seu próprio banho e só observar (ou admirar?), mas eu não estava reclamando muito dessa parte. 

- Se você continuar me olhando desse jeito eu vou deixar você viradinho para a porta, de costas - ele avisou fingindo chateação, mas o seu sorriso era gigante e não enganaria nem uma criança. 

- Você não faria isso com um deficiente físico! - Revidei e ele riu de se curvar. 

Voltamos para o quarto onde eu estava confinado e o flerte era palpável, até que uma enfermeira que eu ainda não havia visto entrou para verificar a medicação para dor e todos os curativos e teve a audácia de dar em cima de mim. 

- Os curativos da cabeça já podem ser retirados e você ficou com uma cicatriz que logo será escondida pelo cabelo e em seu belo rosto só restou alguns poucos arranhões. - Ela disse com uma voz que julgou ser atraente enquanto tocava o meu rosto e me olhando com um olhar que julgou ser profundo e encantador, mas para mim ela só parecia bem patética. 

Olhei para o Henrique que mantinha a cabeça baixa. Eu realmente devia ser um babaca para ele achar que eu ia mesmo me interessar por aquela coisinha sem sal. 

- Não sei, estou em dúvida ainda... Você acha que eu vou ficar lindo de novo pra você, amor? - Perguntei com o tom mais inocente que pude reunir e mantive meu olhar no cara de olhos verdes que eu concentrava a minha total atenção desde que eu abri os olhos para as minhas páginas em branco. 

Ele sorriu e meneou negativamente a cabeça, sabendo que de certa forma eu falei aquilo para provocar a coisinha. 

- Você está maravilhoso como sempre, amor! - Ele respondeu e eu desviei meu olhar para a coitada que queria um buraco para se jogar dentro. 

- O senhor sente alguma dor? - Perguntou usando um tom profissional e sem me olhar nenhuma vez. 

- Não, eu não sinto nada mais que vontade de ir para casa! - Disse a verdade. 

- Acredito que não vá demorar muito, com licença - Ela saiu do quarto o mais rápido possível e eu ri. 

- Coitada! - Henrique tentou me repreender. 

- Com dó? - Perguntei estranhando. 

- Sim, eu posso me dar o luxo de ser solidário, porque o meu ego está transbordando - ele esticou a frase na língua. 

- Tudo bem, Senhor Olhos Verdes, mas o que eu falei era sério. Meu belo rosto está diferente? É por isso que você está me evitando? - Meus olhos estavam sérios e fixos. 

- Você - é - muito - absurdo! - ele respondeu pausadamente e enfiou a língua na minha boca me beijando com muita maestria. 

Meu Deus! Que homem é esse?

Um Hétero Quase ConvictoOnde histórias criam vida. Descubra agora