17- Filhos

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Ai, ai, os filhos...

Os filhos são lindos.

Os filhos são levados.

Os filhos destroem os seus móveis.

Sim, os filhos dão muito trabalho, mas o amor é realmente recompensador.

Adoção? Sim, adoção.

Eu sei que a ideia de adotar um cachorro para me fazer companhia partiu de mim, mas o Rique era o responsável da relação, como se fosse a mãe e eu o pai que leva para comer besteira e fazer bagunça, ele devia ter dito: "Amor... Er filhos...? Ainda não!", mas não, ele concordou de imediato e agora eu estou vendo essa pequena e adorável bola de pelos destruir o meu sofá.

Ele era o cachorro mais adorável do mundo, mas o mais bagunceiro também.

Apesar de não possuir memória eu sabia que aquele conjunto de estofado da sala não era a coisa mais barata daquele apartamento. Mas eu tenho que admitir que o Henry (sim, tiramos esse nome de um seriado de garotas mesmo, e dane-se a sua opinião) era o filho mais lindo do mundo.

Agora o Henrique praticamente morava comigo, mas ia para a faculdade e como eu não tenho nenhuma lembrança da faculdade, eu precisava, quase que desesperadamente de coisas lindas para admirar, é chato ficar se olhando no espelho, mas vou admitir que essa foi a minha primeira tentativa.

- Vem, Henry! Vamos conhecer juntos o nosso bairro. - Chamei meu filho, agora eu poderia passear com ele porque a minha perna se recuperou perfeitamente, obrigado.

Fomos em direção a uma praça e volta e meia parávamos. Porque 1: O Henry parou para mijar e 2: algumas crianças insistiam em querer acariciar a sua orelha macia.

Ele era irresistível assim como o pai, questão de genética!

Até que eu percebi que um cara estava me olhando demais, e acredite, não era de uma forma amigável. Eu não sei como uma pessoa não consegue se derreter com a minha estonteante beleza ou até mesmo com a fofura do Henry, então sim, eu fiquei um pouco assustado.

Tentei, eu juro que tentei ignorar o cara, mas aquilo já estava incomodando o Henry também que não parou de andar quando outra criança iria se aproximar para fazer contato. Poxa, mexer comigo é uma coisa, mas irritar o meu filhote é outra bem diferente!

- Escuta, o que tu quer, cara? - Com a expressão séria eu perguntei para o nosso seguidor desconhecido.

Se estivesse no Twitter ia dar unfollow nele.

- Eu? - olhou para o lado se fazendo de desentendido - nada, porquê?

Ele era debochado, eu não gosto de tipos assim.

- Porque tu não parou de me encarar. Está com algum problema? - Mantive-me firme com a mesma seriedade do começo, mas sem demonstrar raiva.

- Para de fingir que não me conhece seu babaca! - Ele se alterou abandonando o ar debochado. - Luiz... está lembrando?

Na verdade não, seu babaca.

- Não - disse naturalmente e o seu rosto ficou vermelho feito um pimentão.

- Você se acha demais, e não faz o tipo dele. Ele vai te largar e ficar comigo! - Ele respondeu me fazendo entender a situação.

Ele levou um pé na bunda do Rique.

Por que de todas as pessoas realmente bacanas que eu poderia encontrar em uma pracinha pacífica, eu tinha logo que cruzar com esse Zé-Mané??? Deus deve estar pregando uma peça em mim, só pode.

- Se você fizesse mesmo o tipo dele, ele não tinha te dado um pé na bunda - eu encarei ele com toda a raiva que eu possuía concentrada em meus olhos. - Vou te dar um recado, e se fosse você eu escutaria com atenção: fica longe do meu namorado, eu não gosto que me sigam, mas eu odeio que sigam o que é meu!

Ele engoliu em seco, eu sei que sim, eu vi a sua garganta se movendo, presumi que ele entendeu o recado, mas é incrível como os humanos tem a memória frágil, eu mesmo sei bem disso. Só espero não ter que deixar isso mais claro usando outros métodos. 

Ou talvez eu espere...

Um Hétero Quase ConvictoOnde histórias criam vida. Descubra agora