9- Reconciliação

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- Eu estou ouvindo muita merda, cara, não acredito que você realmente esteja pensando assim, me diz que você está brincando! - Dessa vez até eu ouvi a irritação na sua voz. - Eu nunca ia te atacar dessa forma, as chances de um hétero fazer isso são bem maiores que um homossexual.

Ele me lançou um olhar que dizia "se toca".

- Calma, cara. Vocês gays nunca aceitam o que a gente diz, chamam logo de preconceito, está vendo? Não é preciso agir assim também. - Nessa hora eu também estava um pouco irritado com o Henrique, tipo, ele não podia aceitar uma simples opinião?

- Cara, você ao menos está ouvindo o que você está falando? As pessoas não mudam como se sofressem lavagem cerebral como você está sugerindo, as pessoas são o que elas são, e quando uma pessoa se desprende de algo tão nocivo como o preconceito e conseguem ser elas mesmas, elas são, e são muito felizes. E por que você está falando como se estivesse se excluindo de tudo isso? Você é gay também, Vinícius! Sinto te informar, mas héteros convictos simplesmente não chupam o cu ou a rola de outro cara! - Nessa hora ele já estava gritando as palavras e bufando de raiva na porta do banheiro e eu nem tinha me dado conta que ele havia se desvencilhado dos meus braços, porque eu ainda estava naquele estágio de cansaço pós sexo.

Eu sabia que estava magoando ele, mas eu não consegui parar por ali...

- Eu gay?! - Eu surtei. - Como você sabe que eu não sou bi e só estou me divertindo com um sexo gostoso com uma vadia qualquer?

- Você é um escroto - Ele falou pausadamente subindo a calça jeans, pegando a camisa e indo para a porta.

Bem, essa hora eu já tinha percebido a merda que eu estava falando para ele, na verdade eu já tinha percebido desde sempre, mas o orgulho não me deixou recuar, mas agora o orgulho poderia acabar com a minha felicidade.

- Vem aqui, Rique, eu sei que estou falando muita merda, me entende, isso é novo para mim, se você quiser a gente nem fala mais sobre ser gay ou não ser, desculpa vai? - Eu vou confessar que as minhas desculpas não eram lá muito sinceras, eu só queria voltar a fazer sexo com ele, porque ele com o rosto corado de raiva estava me dando tesão.

- Vai se foder, seu escroto! - Ele disse voltando furioso para cima de mim e eu pensei que ele fosse me bater e fechei os olhos, mas eu também acho que ele achou isso, mas o importante é que quando ele estava bem perto ele me beijou e eu crente que ele havia esquecido tudo, me entreguei ao beijo quando eu fincou os dentes no meu lábio e eu senti gosto de sangue.

Aquilo era um teste, e eu falhei.

- Você não está confuso com a sua sexualidade, você só é um cretino de merda. Diz que não é gay, mas pira no beijo de outro macho, você não passa de um escroto! - E novamente eu vejo a porta se fechar com força.

Droga!

Aquele foi um dois piores dias que eu me lembro e só piorou quando a Diana me ligou para perguntar o porquê de estarmos demorando tanto para a porcaria do jantar.

- Day, vem aqui em casa, eu... Eu briguei com o Rique - a minha voz falhou quando eu disse o nome dele.

- Ai, Viny. Desse jeito você vai acabar perdendo ele...

Como ela sabia que a culpa era toda minha?

Essas palavras não me deixaram dormir, eu não queria perder ele ou eu já tinha perdido?

***

Diana chegou ao meu apartamento com muito sorvete, tipo, muito mesmo; ela me ofereceu um sorriso amarelo e disse:

Um Hétero Quase ConvictoOnde histórias criam vida. Descubra agora