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Jennifer

Carlos me olhava do outro lado da rua apreensivo. Mas agora não é uma boa hora pra conversar.
Dei uma última olhada pra trás e vi Guilherme se explicando para o sogro. Encarei Carlos e corri pela calçada.

- Jennifer!- ele gritou, não olhei para trás mas ouvi seus passos correndo atrás de mim, dobrei a esquina e corri mais rápido ainda. Quando não ouvi seus passos olhei pra trás e o carro em que viemos dobrou a esquina também.
Entrei em uma rua e logo em outra.

- Pra onde você vai!- meu irmão gritou da janela do carro.

Não respondi. Um pouco mais à frente a avenida movimentada estava à uma quadra, parei já que minha respiração estava acelerada e encarei o carro. Não tem como fugir da realidade. Não tem como me esconder de quem não tem culpa de nada. Mas tem como você tirar um tempo pra pensar, coisa que eles não vão deixar! Meu subconsciente disse.

Me sentei na calçada e começei a chorar, Eliza desceu do carro e veio falar comigo.

- Amiga?

-...

- Não fica assim, o que  ele falou?

- Eu preciso de um tempo sozinha Eliza.

- Claro, vamos pra sua casa e...

- Não. Eu preciso pensar sem ninguém por perto.

- Mas...

- Eu não vou conseguir me acalmar com todos me enchendo de perguntas, dizendo que vai ficar tudo bem, que eu vou conseguir porque não é verdade. Eu só quero ficar sozinha um pouco.

- Você sabe que seu irmão não vai deixar você se afastar nem que seja por cinco minutos.

- Me ajuda Eliza, eu vou ficar bem.

- Ok... Eu vou explicar isso pra ele e você corre pra avenida, ok?

- Obrigado.

Nós duas nos levantamos e atravessamos a rua, ela seguiu até ele e eu fiquei mais no meio da rua que estava vazia. Quando ele parou de me olhar e se focou na Eliza me aproximei da traseira do carro, ele olhou pra mim é foi aí que comecei a correr em direção à avenida. Ouvi a porta do carro ser aberta a voz de Lucas me chamando.
Chegando na avenida Wilson Churchill me misturei entre as pessoas e entrei em uma loja assim que vi a camisa cinza do Lucas.

(...)

Meia hora depois meu celular tinha 74 chamadas perdidas de várias pessoas, a maioria do Carlos, logo  Eliza e do Lucas. Depois de 20 minutos sai da loja movimentada mas não sem verificar que nenhum rosto conhecido estva por perto.

Andei pela avenida inteira, apenas pensando em qual vai ser o rumo da minha vida à partir de agora.

Você acabou com a minha vida!

As palavras dele se reproduziam na minha cabeça como um disco travado. Não era eu que tinha que falar isso? Se ele não tivesse me drogado e feito o que fez nada disso teria acontecido! Ele que não venha jogar na minha cara que eu tô grávida, eu não fiz com o dedo! E nem por vontade própria...
Mas eu vou cuidar dessa criança, vou manter ela o mais longe o possível dele. Vou cuidar dela com muito carinho. Muito carinho pra compensar o carinho que ela não vai receber do pai. Não gosto de pensar assim, que ela não vai ter pra quem entregar seus cartões de dia dos pais.

Estava atravessando a rua perdida em meus pensamentos, eu nem mesmo verifiquei se o sinal estava fechado. Meus pensamentos foram interrompidos por uma buzina de carro. Olhei para o lado à tempo de ver um para-choque...

Garota IludidaOnde histórias criam vida. Descubra agora