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Jennifer

Acordei era 13:00 da tarde, Carlos já não estava na cama e amaldiçoei ele mentalmente por não ter me acordado. Fui ao banheiro e fiz minhas higienes, vesti uma calça jeans, um moletom cinza e um vans da mesma cor, passei rimel um pouco de pó e um batom rosa.

Desci e encontrei Carlos tomando café enquanto minha mãe falava.

- Bom dia.

- Boa tarde! - mamãe me corrigiu.

- Foi mal! Mas pra mim é como se eu tivesse acordado as 9:00 da manhã!

- Não muito diferente de mim! Não é culpa nossa, é culpa do fuso-horário!

- Não joguem a culpa nas nossas quatro horas a mais! - falou rindo - Estão prontos para visitar seu avô e seus bisavós?

- Sim.- respondi ao mesmo tempo que meu irmão.

- Perfeito!... Jenni coma um sonho de chocolate com chocolate quente, Carlito pode nos dar licença?

- Carlos mãe! Carlos!- ele ficou bravo pelo uso do apelido que nossa mãe deu para ele. Logo ele nos deixou à sós.

- Então filha, o que há de errado?

- Posso comer antes de conversarmos?

- Claro!

Comi meu sonho e tomei meu chocolate quente, quando acabei lavei minha caneca.

- E então?

- O Beto não tá em casa né?

- Não ele foi ver sua mãe!

- Ok... Senta aí... Bem... Mãe eu...- gaguejei, senti meus olhos arderem - Há um tempo atrás, eu conheci um... Colega do Carlos que... Eu e ele namoramos por um tempo e eu não quis algo a mais com ele... Com licença. - sai com lágrimas nos olhos e fui até o banheiro, ouvi minha mãe me seguir e lá botei pra fora todo o meu café da manhã, minha mãe segurou meus cabelos.

- Meu Deus! - exclamou, me levantei e lavei minha boca e me olhei no espelho, por sorte minha maquiagem permaneceu no lugar. Ela pegou na minha mão e me levou de volta para a cozinha - Filha.- me chamou. Olhei para ela com lágrimas traiçoeiras em meu rosto.- O que aconteceu? - perguntou com um olhar apreensivo.

- Mãe por favor, acho melhor o Carlos te contar eu... Chorei a semana inteira e não quero estragar a viajem com o que ocorreu.

- Ok... Carlos!- chamou ele, quando ele desceu estava com um olhar preocupado.

- Conta pra ela. Eu não tenho força pra isso.- ele assentiu e se sentou conosco na pequena mesa redonda de quatro cadeiras na pequena cozinha amarela. Essa casa é bem diferente da do nosso pai.

(...)

- Oh!- minha mãe falou com uma expressão horrorizada e olhos brilhando por causa do choro.- Isso é um absurdo!

- Mãe não é culpa da Jenni ela...

- Não! Não, não. Eu estava falando do que houve. Jamais pensaria que sua irmã tem culpa numa... coisa dessas!- ela estava furiosa, da pra ver.- Filha... A pergunta que vou fazer é meio indelicada, até porque você talvez não se lembre... - chorou no fim.

- Mãe não chora, eu não quero mais ninguém chorando por causa da minha... Falta de juízo!

- Eu paro de chorar se você parar de se culpar!- suspirei.

- Tudo bem...- não está nada bem. Tudo o que eu menos queria era fazer as pessoas chorar por causa dos meus problemas, sem falar que eu quis vir pra cá para esquecer o que aconteceu. Mesmo sendo meio difícil.

- Bem... Você sabe me dizer se ele usou camisinha? - me olhou apreensiva. Minha mente viajou pelas minhas memórias, tenho uma vaga lembrança de ver um pacote de camisinha quando fui pegar meu vestido e celular.

- Sim... Eu acho que sim.

- Por via das dúvidas, vou na farmácia e volto logo!- dito isso, saiu até a sala nos deixando na cozinha. Logo foi ouvido o som da porta da frente se fechando.

Isso não pode estar acontecendo. Eu não posso estar grávida. Não, não e não! Eu não posso ter um filho daquele verme. Não. Mas eu ainda tenho esperança, isso pode ser só um mal estar por causa da comida do avião. Sim! Aquela aeromoça deve ter cuspido no meu café! Deve ser isso... Eu espero.

- Jenni?- Carlos passou a mão em frente ao meu rosto me tirando dos meus pensamentos.

- Sim?

- Calma ok?

- Ok...- falei com voz de choro. Ele se levantou e me puxou para um abraço reconfortante, ali chorei muito. A porta dos fundos se abriu e Beto apareceu.

- Onde está sua mãe?

- Farmácia. - Carlos respondeu.

- O que aconteceu com ela?

- Não é da sua conta.

- Carlos não começa!- pedi.

- Não precisa me defender.

- Olha o jeito que você fala com ela!- levantou a voz.

- Chega!- gritei - Parem agora! Beto não provoque, vá fazer o que você tem que fazer e nos deixe em paz!

- Quello che non mi faccio questa vita maledetta! Non in casa mia la pace!- reclamou em italiano, não me dei ao trabalho de responder e voltei para o aconchego do abraço do meu irmão.

Nossa mãe apareceu e me entregou a sacolinha com o teste. Fui até o banheiro e quando sai não me arrisquei olhar, entreguei pra minha mãe.

- E então?- Carlos perguntou impaciente. Ela congelou olhando o teste.

- Positivo. - sua voz saiu baixa. Isso não pode ser real.

- Não! Isso tá errado eu não posso tá grávida! - gritei.

- Se acalma filha!- minha mãe pediu.

- Me acalmar? Eu vou ser mãe aos 16 anos e o pai não tá nem aí! E você ainda me pede pra eu me acalmar?! - gritei.

Por que comigo. Isso só pode ser brincadeira, não. O que eu vou fazer! Eu não quero essa criança mas eu nunca tiraria a vida de um ser inocente por causa de um irresponsável. Ele definitivamente, acabou com a minha vida.

- Se você não quiser ir até seu avô eu entendo. - nossa mãe falou sem emoção.

- Vamos. Essa coisa dentro de mim não vai acabar com a viagem.

Fomos visitar nosso avô e lá matei minha vontade de macarronada. Ele cozinha muito bem. Fomos na casa dos nossos bisavós e lá toda a família se reuniu. Nosso tio fez uma pizza caseira, eu não resisti e tomei um pouco de vinho, Carlos não gostou muito e tomou bem mais da metade da minha taça. O interessante deles é que eles gostam de chimarrão por causa de nossa mãe, ela viveu um tempo no Rio Grande do Sul antes de conhecer nosso pai e pegou o costume de tomar chimarrão. Quando nos deixou em Curitiba e voltou pra cá ela não abandonou seu chimarrão.

Depois de Carlos contar da Helen e mostrar uma foto sua pra família me perguntaram dos namorados. Meu irmão e minha mãe ficaram incomodados com a pergunta falei que não tinha e mudei de assunto drasticamente perguntando sobre ervas de chimarrão. Eu sei, nada a ver, mas ninguém percebeu e começaram a falar sobre qual era melhor.

Voltamos para casa e fui direto para cama.

***

Dois dias depois, meu período atrasa e minha esperança de o teste ter falhado evaporam.

O que vai ser de mim agora...

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#memantenhamviva

Eu sei... Maldade.

Mas relaxem! Tudo sempre acaba bem... (Ok quase sempre)

Garota IludidaOnde histórias criam vida. Descubra agora