Diamante - O Medo (Livro 01)

Capítulo 20 - FIM?

"Desde cedo sofri abuso. Desde cedo comecei a sofrer com o meu próprio primo. Tinha quatorze anos na época e ele dezessete. Era mais forte que eu e sempre me pegava quando estava sozinho em casa. Meus pais tinham muita confiança nele e ele era um monstro. Um homem formado sem coração que abusava de mim. Um homem pela qual eu tinha muita consideração.

Tive que aguentar dois anos da minha vida isolado do mundo e servindo de submisso a um cara nojento que eu não considerava mais como um parente.

E agora ele finge ser um machão, sendo que é uma bichinha enrustida que adora dar a bunda e ficar me abusando quando meus pais saem de casa.

Mas um dia, isso tudo acabou. Por obra do destino ou de Deus, ele foi encontrado em um riacho próximo de casa.

Nunca mais fui o mesmo garoto isolado e quieto. Agora sou animado, vivo, alegre e feliz.

Bem que existe aquele velho ditado: "Alguns morrem para outros viver".

Hoje venho aqui dar o meu depoimento, pois sei que a minha história e de tantas outras pessoas por esse Brasil, vão se encontrar e mudar a situação nas casas dos brasileiros.

Ninguém sabe a dor que nós sofremos, as humilhações e as nossas perdas.

Saiba que, nós que sofremos abuso somos seres humanos e não putas. Igual a alguns dizem por aí. Não temos culpa disso acontecer. Então não culpe o adolescente ou pré-adolescente.

Eles não podem se responsabilizar pelo o que aconteceu. Acima de tudo isso, ame-os e os proteja. São a única riqueza mais valiosa deste mundo cruel.

Valorize o seu próximo, ame o seu próximo e os cuide. Valorize quem te ama e que o venera tanto.

Reflita sobre seus atos, suas ações e quem vai as atingir.

Você se arrependerá amargamente pelo que fez a esta pessoa.

(DEPOIMENTO REAL DE UM LEITOR ANÔNIMO)

A manhã estava gélida. Júlio dormia profundamente. Uma pessoa entra e se senta atrás dele e afaga os seus cabelos.

Era o seu irmão Simeon.

O garoto ruivo acorda e se vira para trás e enxerga seu irmão.

- Simeon - Se levanta e abraça seu irmão - Senti tanto a sua falta - O abraçou forte.

- Eu também meu maninho.

- Por que não veio me ver ontem?

- Porque os policiais e Ana não deixou. Você precisava descansar.

O garoto ruivo baixou sua cabeça triste.

- O que foi Júlio? - Ouviu o soluçar de seu irmão.

- Tenho vergonha de mim - Levantou sua cabeça e seu rosto já estava molhado pelas lágrimas.

- Não se preocupe. Eu sei de tudo - Segurou no rosto de seu irmão e secou as lágrimas dele com o polegar.

- Me perdoe! - O abraçou e repousou seu rosto no ombro dele.

- Não preciso te perdoar. Você não tem culpa sobre que aconteceu.

O garoto chorava e soluçava igual a uma criança.

Simeon o abraça e o conforta em seus braços. O sentimento entre irmãos se transformou em sentimento paterno. Simeon considerava Júlio como se fosse o seu filho e ele precisa de conforto, amor e segurança.