Capítulo 4

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Clarke

Em um dia ensolarado eu resolvi acordar mais cedo ainda, pois queria ir mais longe do que consegui ir em minha última caminhada. No dia anterior eu tinha andado cerca de 10 quilômetros. Tive a impressão de que logo mais a frente havia uma cachoeira porque conseguia ouvir um barulho bem alto de algo que parecia uma queda de água. Intrigada e curiosa para descobrir, resolvi acordar mais cedo no dia seguinte.

Eu dividia uma tenta com meu pai mas ele já não estava mais em sua cama. Me levantei, lavei o rosto e escovei meus dentes usando a água da bacia que utilizávamos para esses fins.
Animada sai em direção a mesa de café já posta em meio a areia. Meu pai e alguns homens estavam sentados, comendo. Comprimentei eles dizendo bom dia e fui retribuída. Meu pai continuou:

Vai insistir mesmo nessa ideia de andar sozinha na mata?

Sem exitar balancei minha cabeça afirmando que sim e sem tirar o sorriso do rosto. Kane que estava ao lado de meu pai e era o amigo mais próximo dele completou:

Não deveria fazer isso garota, é perigoso.

Sem me importar, peguei uma maçã, virei-lhes as costas e me despedi dizendo em um tom que eles pudessem ouvir meu adeus. Mesmo depois de me afastar uns metros consegui ouvir Kane dizer que meu pai deveria arrumar uma maneira de me prender aqui na praia. Ele sabendo que isso não era possível, respondeu ao amigo que nada podia fazer, apenas rezar para que nada de ruim me acontecesse.

Adentrei a mata e em uma hora cheguei no lugar que havia chegado ontem. Descansei um pouco antes de seguir em busca da cachoeira. A mata agora deixava de ser tão densa e começava a formar clareiras com grandes espaços abertos e vegetação rasteira. Pouco depois, vi a grande cachoeira e um belo lago. Fiquei radiante e por alguns segundos admirei a beleza daquele lugar, até que o barulho de um galho estalando nas proximidades me fez despertar de meu transe. Me virei imediatamente procurando o que causou aquilo. Não avistei nada após observar por um tempo.

Decidi então tirar minhas roupas e entrar no lado apenas com meu short justo que usava por baixo da calça e meu sutiã. Passei uma hora mais ou menos na água e depois sai para aproveitar o sol. Estava deitada em uma grande pedra quando ouvi outro barulho vindo da mesma direção outra vez. Curiosa vesti minhas roupas e fui ver o que era. Bem atenta fui andando, até que vi o que meu povo tanto falava. UM SELVAGEM. Não consegui distinguir bem e notar os detalhes, mas a sua silhueta entre os galhos de uma grande árvore fora o suficiente para eu perceber que era um humano, e pelas roupas eu sabia que não era um dos meus.
Sem reação eu apenas continuei olhando, paralisada no mesmo lugar em que estive nos últimos minutos. Sem perceber falei:

Pode sair, já vi você.

Foi quando percebi o quão idiota fui ao falar minha língua na esperança de que ele me entendesse. E idiota também por falar algo ao invés de correr de volta para o acampamento. Que diabos estava acontecendo?! Eu não me movia, porém não tinha medo. Parecia que algo me dizia que eu devia ficar lá e ver o que me aguardava. Por mais estúpido que pareça, falar funcionou. O ser que estava escondido desceu da árvore e veio a meu encontro.

UMA MULHER.

O que estava lá era uma mulher e não um homem. Era uma linda jovem que com receio se mostrou. Involuntariamente deixei escapar um:

Uau!!!!

Ela tinha uma beleza incomum, cabelos longos, castanhos e delicadamente trançados do topo da cabeça até o meio e que logo abaixo seguia solto. Seus olhos eram de um verde intenso que me deixaram hipnotizada. Tinha um corpo escultural e com formas bem definidas, bastante atraente, pensei comigo mesma. Suas roupas eram interessantes. Usava um vestido justo de alças, de onde pendia uma capa, franjas na barra e pequenas pedras bem esculpidas decorando-o. Em suas costas havia uma espécie de espada.
De pés no chão ela caminhava sem parecer se incomodar, o que me deixou bastante adimirada. Mas o que mais me fascinou eram as pinturas espalhadas pelo corpo. Seus olhos estavam pintados de preto e me parecia ser uma guerreira. Seus braços tinham duas faixas onduladas com tribais desenhados. No meio de sua testa havia um objeto arredondado que se assemelhava a uma engrenagem.

Ela se aproximou mais, tão curiosa quanto eu, parecia querer conhecer a outra pessoa tão diferente. Eu ainda paralizada no mesmo lugar e ela ainda a alguns metros de distância. Assim foi por uns longos minutos até que ela quebrou o silêncio e me surpreendeu falando:

Oi.

Arregalei meus olhos sem acreditar no que acabara de escutar.

Clexa Em Um Novo MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora