Capítulo 28

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Clarke

Acordei aos poucos, esfregando os olhos para espantar a vontade de fechá-los de novo e voltar a dormir, mas já era noite e tínhamos que ir a comemoração da vitória. Me virei para o lado para chamar Lexa por medo de estarmos atrasadas, mas não a vi. Estranhei e franzi a testa. Onde ela estaria? Me sentei na cama olhando para todos os lados, esperando encontrá-la. Pela primeira vez percebi que tudo estava escuro, mas não a escuridão normal das noites. As velas que Lexa normalmente acendia ao entardecer não estavam ali. A luz das tochas que iluminavam a aldeia também não adentrava a tenda. Era uma completa escuridão. Apenas uma estranha luz iluminava a cama e a mim. Escutei alguém me chamar fraco e ao longe. Me levantei e vi alguém afastar o tecido da entrada da tenda. Era meu pai. Sim, o homem que eu havia matado mas que agora estava ali. O que estava acontecendo. Ele deu alguns passos e caiu de joelhos assim como havia feito quando atirei nele. Uma mancha vermelha então surgiu em sua blusa e ele começou a falar.

Assassina, você me matou. Tirou a vida de seu próprio pai.

As lágrimas começaram a cair descontroladamente de meus olhos. As palavras dele me atingiram com tudo. Eu queria dizer algo mas não achava nada apropriado para aquele momento. Senti um peso em minha mão e vi a arma que havia usado para matá-lo. Soltei imediatamente. Levantei meu olhar para fitar meu pai novamente e seu corpo já estava no chão e uma grande poça de sangue se formou. Dei passos para trás afim de fugir daquilo e encostei na cama, caindo sentada. Senti uma presença atrás de mim e lá estava ele novamente.

Assassina.

Ele sussurrava a palavra repetidamente. Me levantei e corri para fora da tenda. Não existia mais nada ali, só escuridão. Eu corria e corria mas não chegava a lugar algum. Meu pai aparecia pelo caminho agora gritando "assassina" me olhando com olhos de raiva e me julgando.

Eu já estava exausta, não conseguia mais mover minhas pernas. Cai de joelhos, chorando e tapei meu rosto com as mãos não querendo ver mais a imagem de meu pai com a roupa suja de sangue. Chorei desesperada e comecei a falar entre soluços.

Desculpa, eu não queria que fosse assim, mas você não me deu escolha.

Senti ele ao meu lado. Agaixou-se e sussurrou perto de minha orelha.

Não tente se livrar da culpa jogando-a em mim. Você é uma assassina, veja meu sangue em suas mãos.

Afastei minhas mãos que estavam em meu rosto e elas estavam mesmo sujas de sangue.

***

Acordei ofegante, sentando de forma brusca na cama. Olhei para o lado e Lexa estava lá. As velas estavam acesas, dando uma luminosidade fraca a tenda. Fitei minhas mãos e nada de estarem sujas de sangue. Soltei o ar, aliviada e respirei fundo. Foi apenas um sonho. Eu repetia essa frase para mim mesma, buscando me acalmar. Lexa assustada, acordou e se sentou ao meu lado.

Clarke? O que foi?

Ela passava a mão em minhas costas, tentando me passar tranquilidade. Eu não consegui falar nada, minha mente estava uma bagunça. Ela respeitou meu tempo, não forçando a me falar nada, mesmo estando muito preocupada. Lexa se moveu, ficando de frente para mim. Eu ainda não havia me mexido, estava com o olhar fixo na cama e as lágrimas presas em meus olhos arregalados. Ela pegou meu rosto entre as duas mãos e o elevou, olhando em meus olhos. Aquela imensidão verde começava a me trazer de volta a realidade.

Clarke? Está tudo bem, já passou.

Me joguei em seus braços e desabei. Lexa se ajeitou, me envolvendo melhor e de forma mais confortável. Afundei meu rosto em seu pescoço e ela levou uma mão até meus cabelos, acariciando-os.

Clexa Em Um Novo MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora