Clexa Em Um Novo Mundo

Capítulo 15

Clarke

Abri meus olhos devagar me acostumando com a claridade. Olhei a minha volta com a testa franzida por não reconhecer o lugar. Era uma tenda espaçosa e adorável. Eu estava em uma cama forrada com pelo de animal, o que era extremamente confortável. Perto dali havia uma estante com velas apagadas, muitas delas por sinal, alguns livros antigos e utensílios. Ao lado umas roupas penduradas em um suporte de madeira . Corri meus olhos para o lado contrário ao que eu olhava e me deparei com uma moça sentada em uma cadeira de frente para uma mesa cheia de vasilhas, fracos e ervas. Ela misturava algo, parecia um medicamento.

Oh, você acordou. Vou chamar a Heda.

Ela falou e saiu imediatamente, não me dando chances de perguntar o que estava acontecendo. Confusa, comecei a repassar os acontecimentos dos dias anteriores até agora. Pike resolveu me castigar e me exilar...fiquei amarrada em um tronco por sei lá quanto tempo...de madrugada começou um alvoroço...guardas correndo desorganizados...tiros...gritos...silêncio...selvagens no acampamento...flechas por todos os lados...o portão foi arrombado...guerra...mortes. E depois de tudo isso, como se eu não estivesse surpresa o suficiente, avistei ELA. Lexa apareceu em meio a batalha. Ela procurava por algo quando entrou. Estava em uma roupa apertada, de couro escuro, com uma espada na mão, um arco e flechas nas costas, os cabelos trançados em algumas partes e aquela pintura nos olhos que os tornavam de um verde mais intenso. Tinham pessoas lutando a nossa volta e eu estava vidrada na comandante que estava atacando meu povo, prestando atenção em cada detalhe do corpo, do rosto, do olhar dela, que rapidamente chegou até a mim. Rodeada de soltados a protegendo, afinal um Heda não podia lutar, sua vida era valiosa demais para seu povo. Então que diabos Lexa estava pensando quando foi para a batalha, se arriscando daquele jeito? O ar me escapou ao pensar nela correndo perigo. A partir do momento que a vi, mesmo com tudo o que estava acontecendo a nossa volta, éramos só eu e ela. Lexa se aproximou, me olhou nos olhos dizendo que estava tudo bem e que ela me tiraria dali em segurança. Depois de horas sofrendo por ficar amarrada a um poste, a dor simplesmente se foi ao me deparar com aquele par de olhos verdes e aquelas mãos macias que me seguraram quando não consegui ficar de pé. Lexa era meu porto seguro e tudo que eu podia querer era ter ela perto de mim naquela hora. Depois disso, lembro em flashes, ela me retirando do acampamento e de cavalo me levando para longe.

De repente ela entrou na tenda me tirando de meus pensamentos.

Lexa !

Falei baixinho e abri um sorriso ao vê-la.

Hey, como você está?

Ela também sorriu e veio se sentar na beirada da cama.

Estou melhor mas ainda com dores, principalmente nos punhos.

Estendi os braços e pela primeira vez percebi que haviam feridas causadas pelas cordas que ali estavam. Uma feição de dor tomou conta do rosto dela e o sorriso se desfez. Ela segurou meu braço com as mãos um pouco acima dos machucados, e falou sendo otimista.

Vai se recuperar, a melhor curandeira de nossa aldeia está cuidando de você.

Era aquela moça que estava aqui e saiu mais rápido do que pude acompanhar?

Exatamente.

Rimos timidamente e o silêncio tomou conta do ambiente, mas logo o quebrei.

Então...estou em sua aldeia...

Tomei coragem e iniciei o assunto, afinal eu precisava saber o que havia acontecido e o que estava acontecendo.

Sim, mais precisamente em minha tenda.