Paidrasto (Part2)

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Notas

Demoras e demoras. Por que demoras?

Sabe aqueles dias que você não pensa? Eu tenho estes dias. Talvez eu até pense, mas não consigo escrever neles. Dias tais fatídicos e cheios de surpresa.

Passei em um curso, Letras, mas tive de desistir dele porque passei em Biologia também. Meu sonho é fazer Medicina e com biologia sei que as portas vão se abrir.

Ok, vencedores. Fiquem com Deus, boa leitura e até amanhã. Orem por mim. Oro por vocês. :"=)









- UM PSICOLOGO? - repito as palavras de meu padrasto e minha mãe me olha atônita. - Mas o senhor disse que psicólogos ajudavam pessoas com problemas. Quais os meus?

Quais os meus??

Problemas... Não tenho! Sou perfeitamente saudável.

Sou saudável. Saudável?

Estou batutando na madeira da cama, de leve. Isso é novo, na verdade muito novo, nunca tinha feito, mas está me acalmando.

- Meu bem, não veja assim. Os psicólogos ajudam pessoas antes delas encontrarem seus problemas também. Tudo bem pra você?

Não sei o que responder. Estou com vergonha e medo. E se ele falar e souber de algo que me ocorreu? O que meu padrasto pensará de mim se o tal psicólogo falar tudo o que disse a ele? Ele terá nojo de mim... Absolutamente eu não posso ir a um. A não ser que seja meu próprio padrasto!

Não... De jeito nenhum! Psicólogos gostam de ouvir passados feios e sujos... E o meu é um.

Priscila, menina boba! Sou uma menina boba. Ele sabe. Ele suspeitou, lembra? Você ouviu a conversa atrás da porta naquele dia.

Eles me olham. Meu padrasto sabe que estou pensando em algo prudente, ele me conhece mais que ela. Minha mãe me fita incrédula com meu silêncio e pronta para atacar se eu não for uma boa menina agora. Ela me pagará agora mesmo.

- Não. Não está tudo bem.

Ele me olha com preocupação, mas não fala nada. Seus olhos estão tristes e desanimados. Perderam seu brilho. O meu brilho. O brilho que me encanta todas as manhãs. O brilho que me alegra e me entende... O brilho que um dia você tinha, mas, assim como uma bailarina, desandou. Caiu. Não levantou. Porque não quis. Este brilho chama-se pureza. Só monstros tiram purezas, e eu escolhi não ser um.

Meu padrasto está triste por minha causa. Mas não por muito tempo, farei o que ele quer. Não sou um monstro. Mas por hora, aqui, com minha mãe, serei alguém que não serei nunca mais.

Este dia chegaria. E eu o sabia. Mas sabe, não o esperava hoje...

- Ora vamos, Priscila. Não seja tola. Você tem que ir a este consultório. Será uma mulher, conte tudo a ela. - e este foi o meu...

ESTOPIM.

- Como é que é? - meu padrasto olha para minha mãe reprovando, com certeza, o seu comentário. - De-me, mamãe, um bom motivo a ir a este consultório. Qual é o meu problema? - digo sarcástica, afinal eles sabem.

Nao é mesmo?!

- Tudo bem, Priscila. Você não precisa... - se pronuncia o pai que nunca tive, e que agora desejo mesmo não vê-lo mais. Minha vergonha superou o amor que já sinto por ele.

Mantenho-me firme. Quero mostrar o quanto sou forte e capaz de passar por isto. Sem chorar.

- Não. Se quiserem que eu vá, eu vou. - ela me olha com expectativa - mas eu quero que ela fale para quê tenho que ir!

O Maravilhoso plano de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora