*Julho de 2005, Priscila, Christine e Poly estavam indo para casa (após terem pego Poly na escola)*
Em uma típica noite do Rio Grande do Sul na cidade de São Vendelino, em um ônibus qualquer, lá estava eu, cansada do mundo, da vida cheia de sofrimento e dor. Um sentimento pior que a dor, é a sensação de culpa de fazer alguém senti-la, isto sim é pior.
Sofria, sim eu sofria muito. Mas para quê?
Por que comigo?- eu indagava a Deus.
Tantas pessoas tão más e eu pagando um alto preço por nada, logo eu que era alguém que não faria nunca mal a ninguém.
Estava cansada ao extremo, pois havia ido a aula pela manhã, e à tarde fora trabalhar com os tios, sempre ia andando para o longo caminho até a escola.
Neste momento encontrava-se aturdida em seus pensamentos, sentada naquele acento desconfortável do ônibus e segurava a irmã que amava incondicionalmente em seu colo. Prometera a si mesma que sempre a protegeria, mas falhara.
- Deus por quê? - indagou ao criador de novo- por quê comigo em?
olhou em volta e vira uma senhora muito idosa, pensou na possibilidade de lhe ceder o lugar, mas não, não o faria. Olhou ao seu lado e vira a tia em um olhar distante, mas o que afinal ela estava pensando? - disse consigo mesma- sua tia era um ser frágil e ao mesmo tempo forte, amava-a tanto e lamentava a angústia de ambas.
Por quê tanta desgraça em uma vida só? -indagou a si mesma- se ela tinha de passar por toda aquela imundície e obscuridade da vida ela entendia que até merecia, mas até sua pequena irmã, sua tia também- por quê Deus? Responda-me! Tire minha vida agora! Para que viver? Sua vida era só desgraça!-pensara consigo mesma, a esta hora cheia de lágrimas lhe escorrendo.
Priscila tinha um pensamento de macho Alfa, pois queria toda a carga para si, somente para si - Afinal não presto, não sou ninguém, fui cuspida neste mundo inescrupuloso e cheio de maldades! - neste momento lágrimas caiam mais involuntariamente e freneticamente - agarrou mais forte sua irmã que dormia serenamente em seu colo, como se nada houvesse acontecido.
De repente sentiu as pequenas e delicadas mãos da tia lhe limpar as lágrimas. Sua tia estava sentada ao seu lado, tinha em seu rosto um sorriso solidário e quente como seu caloroso coração. No entanto naquele dia ela percebera que seu semblante caíra, estava com a aparência sofrida, os cabelos um tanto bagunçados, as olheiras evidentes, contudo tinha um ar de que o mundo seria melhor! Sim, ele seria.
- Ei, vai ficar tudo bem! Não chore mais meu bem, a culpa não foi sua, ok?! - disse ela com convicção - Deus está no controle da situação!
- Que Deus? - pensara consigo mesma - se existisse um Deus ele a odiava, mas não queria contrariar a tia que tanto amava, pois esta fora-lhe sempre uma grande amiga, uma mãe.
Christine cuidou de ambas as imãs Priscila e Polyana, assim que a mãe fora-se para não mais voltar. Priscila teve de seguir sozinha sua vida, isto é, sem a mãe para terminar de criá-la. Com isto, Christine mudara-se para a casa das meninas, tinha planos de casar-se com Júlio - sobrinho do pastor - mas eram planos para alguns ano depois. Divertiam-se todas as noites, Christine fizera de tudo para que as sobrinhas não sentissem falta da mãe, assistiam a filmes ou tentavam cozinhar seguindo receitas, tudo divertido e com a pequena Poly sempre ajudando. Christine lhes ensinou valores e orava todos os dias com as duas, Priscila não concordava muito, mas o fazia, pela tia o faria.
Assim que a tia lhe confortou com suas mãos e palavras - não pelo fato de ter falado de Deus - pensou - mas pelo fato de ela ter dito que " tudo ficaria bem" - resolve sair de seu acento e o oferece a senhora que estava em pé há algum tempo, esta o aceita e Priscila põe cuidadosamente a irmã no colo da tia e põe-se de pé no ônibus, ouve um murmuro de um obrigada da senhora e um ' Deus te abençoe filha', fica feliz pois já havia feito a boa ação do dia - rira-se consigo mesma.
A vida lhe pregara uma peça! - pensava constantemente - Desgraça? Era uma - dizia para si todas as manhãs - miserável! Não cansa de trazer discórdia a sua família? Em? Você não vale! - atribuía-se tal frase todas as manhãs diante do espelho, não sabia o porquê, só sabia que tinha de começar o dia chorando. Odiava-se.
Tinha somente 14 anos, mas já passara por poucas e boas na vida. Não acreditava em um Deus que tudo vê - Afinal, por quê palhufas ele a deixara a mercê da sorte tantas vezes? - pensava - não há Deus! Chorava muito, pois doía no íntimo de seu coração não ter ninguém naquele mundo sórdido para livrar pessoas boas de tragédias, mortes... de livrar crianças da violência sexual...
Tentara se matar uma vez naquele ano, depois que a mãe foi embora, mas a tia a convencera a não mais fazê-lo, pois Poly era pequena e precisava dela. Polyana era um encanto, sapeca, inteligente, faladeira e carinhosa, era o único ser que lhe mantinha de pé. Talvez Poly até tivesse mais fé que a irmã, pois fazia sempre suas breves orações antes de dormir. Lembrava-se muito de si mesma na idade da pequena - Como eu era feliz nesta idade! - dizia.
(* Não esqueçam de deixar suas estrelinhas, comentem e questionem, terei todo o prazer de lhes responder...fiquem na paz*) ;D
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O Maravilhoso plano de Deus
CasualePriscila, é uma jovenzinha natural do Sul, que, com apenas seis anos de idade, conhece o lado obscuro do mundo. Abusada sexualmente por um dos namorados da mãe, resultando em uma criança circunspecta e introspectiva. Ler era um de seus prazeres mai...