Depois daquele dia, eu e Oliver nos tornamos melhores amigos. Foi uma surpresa encontra-lo a minha espera no outro dia. Ele estava sentando num dos troncos da árvore, e mexia sem parar numa das mangas de sua camiseta. Me aproximei, rindo da sua atitude nervosa, e acabei chamando sua atenção. Assim que ele me viu tentou se levantar, mas bateu a cabeça num galho, e caiu de costas na grama.Ajudei ele a se levantar e perguntei o que fazia ali. Ele me explicou rapidamente que sua família tinha chegado a poucos dias na cidade e estavam reformando a casa. Assim, seus pais pediram que ficasse no jardim da casa, para não atrapalhar os trabalhadores. Mas ele já estava entediado de não ter o que fazer e fugiu pelos fundos, até encontrar a árvore que eu estava na tarde anterior.
Ele estava super curioso sobre os hábitos que os moradores da cidade tinham e acabou me fazendo lhe prometer mostrar tudo que eu fazia para me divertir. Eu expliquei que não tinha muito o que fazer e que na maior parte do tempo eu apenas lia um livro ou ficava observando o movimento do comércio. Então combinamos de nos encontrarmos todos os dias embaixo da árvore e fazer uma coisa diferente do dia anterior.
Ele era diferente das outras crianças, suas palavras difíceis, seus costumes, tudo me divertia. Não falávamos sobre nossas famílias, apenas vivíamos no nosso próprio mundo.
Até o dia que anunciaram o grande baile na mansão da família real. Foi uma grande surpresa no começo, eu não sabia que a família real estava na cidade, mas isso explicava a movimentação incomum no mercado.
Só de pensar que finalmente teríamos um baile na cidade me fez ficar elétrica. Sempre tinha ouvido falar dos famosos bailes da capital e ficava com vontade de pegar um dos cavalos de vovô, só para ver de perto o enorme castelo todo iluminado. Mas, nunca tive coragem.
Finalmente eu veria tudo de perto. Claro que, não seria o castelo, mas a Mansão Lamartine é a construção mais bela da cidade, e eu não me importava nem um pouco. Estava muito animada, não conseguia pensar em outra coisa.
Quando chegamos na semana do baile, me despedi de Oliver mais cedo do que de costume e corri para casa. Precisava achar um vestido.
Segundo os viajantes, se for de carruagem, nossa cidade fica a vinte minutos da capital. Minha casa fica um pouco afastada do centro, isso porque meus avós tem uma enorme plantação de frutas. Eles amam aquele lugar, passam mais tempo lá do que em casa. O ruim é que por esse motivo, eles contrataram Dalia. Ela é nossa criada e sua principal função é me irritar. Ela sempre briga comigo por chegar tarde "Uma moça de família não pode chegar essa hora em casa". Fora que, meus avós não me deixam ir para a escola, então Dalia me dá aulas toda manhã.
Naquela tarde, quando cheguei em casa corri para meu quarto. Comecei a tirar todos meus vestidos para fora do armário e espalha-los pela cama.
- O que está fazendo Eliza? - Dalia perguntou, entrando no meu quarto.
- Preciso de um vestido - respondi rapidamente, sem olhá-la.
- Não é educado falar com a pessoa sem olhá-la - resmungou e não lhe dei ouvidos. - Por que você precisa de um vestido?
- Para o baile.
Por que não consigo achar nenhum vestido? Pensei, enquanto deslizava mais um vestido para o lado. Ouvi a porta do quarto bater e agradeci silenciosamente por ela me deixar em paz. Desisti de achar algo no armário e fui até os da cama, deveria ter deixado algum passar. Nunca me importei com vestidos, sempre pedia para vovó fazer o mais simples possível. Todos aqueles tecidos e tules sempre me irritaram. Era muito complicado andar com tudo aquilo, fora que, o espartilho apertava muito, era impossível respirar normalmente com aquilo.
- Querida? - Alguém chamou e, ao me virar para a porta, vi vovó entrando no quarto.
- Estou procurando um vestido para o baile - informei, quando a vi olhar para a bagunça.
- Podemos conversar por um momento?
- Claro - concordei, me sentando ao seu lado no sofá.
- Sobre o baile... - ela começou a falar, mas logo a interrompi.
- Vai ser incrível, vovó! Estou ansiosa para ver os fogos, deve ser tão lindo ver tudo de pertinho. Quero dançar até cans....
- Não podemos ir, minha pequena - vovó me interrompeu.
- Mas todos foram convidados, vovó. Ouvi falar que até os trabalhadores mais pobres poderão comparecer - expliquei, sem entender o que vovó tinha dito.
- Eu sinto muito, Liz. Seu avô e eu já não temos mais idade para ir a essas comemorações e não seria apropriado você comparecer sozinha.
Lágrimas começaram a molhar meu rosto, não era justo. Tinha que haver um modo que eu pudesse comparecer ao baile, seria minha única chance de realizar meu sonho de participar de um baile como convidada.
- Eu posso ir com Oliver! - Sugeri, animada com a possibilidade.
- Oliver? O garoto que tem passado as tardes com você?
- Sim, vovó. Ele é um ótimo amigo, tenho certeza que me levaria com ele.
Eu tinha contato para vovó sobre meu novo amigo, todo dia eu lhe contava uma curiosidade que Oliver me falara sobre a capital. Vovó estava curiosa a respeito dele e me pediu para traze-lo um dia para apresenta-los, mas eu sempre inventava uma desculpa. Minhas amizades nunca duraram mais de duas semanas, depois de eu levá-los para conhecer meus avós. No começo, achei que era apenas uma coincidência, mas foram tantos que eu não iria arriscar com Oliver.
- Não, Liz. Lamento, mas você não pode ir.
- Mas...
- Sinto muito - desculpou-se vovó, me puxando para um abraço apertado.
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A Bastarda - O Sangue Sujo da Família Real (Completo)
Cerita PendekEliza leva uma vida tranquila ajudando os avós a venderem os frutos cultivados em sua propriedade. No entanto, tudo se transforma com a chegada de uma estrangeira à cidade, revelando um segredo surpreendente: Eliza é, na verdade, Eliza Williams Woo...