6 anos depois
Nesse período meu pai tinha se tornado muito presente em minha vida. Mesmo trabalhando em outro país, ele sempre me mandava cartas e vinha nos visitar pelo menos uma vez ao ano.
Cada ano ele me trazia um presente diferente. Até que, quando eu fiz quinze anos, ele me perguntou se eu gostaria de aprender algumas de suas técnicas de combate e eu, aceitei, é claro.
Logo que papai me ensinou a atirar com o arco e flecha eu sabia que tinha descoberto meu instrumento favorito. Era incrível saber que uma flecha, mesmo sendo leve, podia ser letal.
Oliver nunca mais apareceu. Tinha saudades dele e sempre ficava me perguntando onde ele estava e o que estaria fazendo. Gostaria de saber se ele estava bem, o considerava um grande amigo e detestava não ter noticias suas. Uma mentira tinha destruído a possiblidade de nos despedirmos e eu gostaria de, ao menos, ter feito ele prometer me mandar cartas falando sobre sua vida.
Na esperança de encontra-lo, eu continuava indo até a nossa árvore todos os dias. Passava a tarde inteira apenas deitada num dos galhos, olhando para o céu e observando o movimento do mercado.
Estava tudo normal, até aquele dia.
A movimentação no mercado era grande. Tinha escutado boatos que a família real estava de volta a cidade e trazia vários convidados estrangeiros. Eu estava tão animada que fui até o mercado ver se encontrava Oliver no meio dos visitantes. Acreditava que ele podia ter voltado e faria de tudo para me desculpar com meu amigo.
Esse foi o meu erro. Estava distraída demais olhando para todos os lados que não vi a mulher a minha frente. Acabei trombando com ela e quando me virei para pedir desculpas, ela murmurou xingamentos em inglês. Uma estrangeira. E pelo seu vestido, dava para perceber que era uma nobre.
Abaixei minha cabeça envergonha e lhe pedi desculpas, mas ela não disse nada.
- Eu realmente sinto muito, senhora - tentei novamente, mas fiquei novamente sem resposta.
Aquela demora estava me deixando nervosa.
- Não foi minha intenç... - comecei a falar, mas ela logo me interrompeu.
- Quieta - disse num francês carregado de sotaque.
Uma de suas mãos foi para meu queixo, ela o levantou e me encarou. Tentei abaixar, mas seu toque era firme. Seus olhos estudavam meu rosto de perto e pareciam analisar todos os meus detalhes.
- Não é possível! - Exclamou, abrindo um enorme sorriso no rosto.
- Senhora? - Perguntei, confusa.
- Você tem mãe, criança?
- Não, mas posso chamar minha avó. Me desculpe, senhora. Não foi minha intenção trombar com você.
- Você nasceu aqui?
- Não. Nasci na Inglaterra com meus pais, senhora.
Ela assentiu animada e se virou, me deixando lá sem entender o porque de suas perguntas.
Naquela época, eu não tinha pensando nas informações valiosas que minhas respostas tinham dado para aquela senhora. Eu não sabia o peso delas, até tudo acontecer. E então, minha vida mudou completamente.
Duas semanas depois, estava no mercado comprando maças para a torta que vovó queria fazer, quando reparei que várias pessoas apontavam para mim e sussurravam entre si. Não entendi nada, até uma mulher se aproximar e jogar o jornal na minha cabeça com força.
- Você deveria se envergonhar e nunca mais sair na rua, bastarda! - Gritou, antes de se afastar.
Assustada, peguei o jornal do chão e meu coração acelerou. Uma foto minha estava estampada na primeira folha do jornal e foi só ler o título que entendi o motivo.
"Rainha mantém bastarda escondida".
Vovó não me deixou sair de casa nas primeiras semanas, ela disse que eu tinha que dar um tempo para as pessoas receberem a notícia e que elas esqueceriam com o tempo. Concordei, mas quando lhe pedi explicações, ela não deu. Disse que viriam com o tempo também. Não entendi naquele momento, mas não disse nada, seria perda de tempo tentar conseguir alguma informação.
Descobrimos que a noticia foi publicar por um jornalista inglês, que estava visitando nossa cidade junto com a senhora que me parou no mercado.
Todos os dias, pessoas jogavam lixo em nossa casa. Pela noite, eu ajudava vovó e alguns empregados limparem tudo, mas nunca adiantava, sempre tinha um novo monte para ser limpo no outro dia.
Um dia, ouvi vovô conversando com vovó. Ele lhe dizia que tinham parado de comprar nossas frutas e que ele teria que mandar metade dos trabalhadores embora. Vovó disse que não era necessário, que eles poderiam usar o dinheiro mandado por uma tal de Roselyn, mas vovô não quis saber, disse que aquele dinheiro não era para ser mexido e que eles achariam outra opção.
Olá amores!
Vim avisar que vou começar a postar os capítulos um dia sim, um dia não.
Então estou postando o 5 agora, sábado posto o 6.
Beijoos
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Bastarda - O Sangue Sujo da Família Real (Completo)
ContoEliza leva uma vida tranquila ajudando os avós a venderem os frutos cultivados em sua propriedade. No entanto, tudo se transforma com a chegada de uma estrangeira à cidade, revelando um segredo surpreendente: Eliza é, na verdade, Eliza Williams Woo...