2-quem matou patrícia Ferreira?

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Edgar Wods entrava pelo gabinete de Frank carregando um monte de papéis,a sua bata Branca estava ligeiramente marcada com o vermelho de sangue.

Frank estava com o habitual rosto cansado no meio de uma sala desorganizada,papéis,arma,distintivo,e um maço de cigarro sobre a mesa.

-temos resultados!-disse doutor Wods passando a mão pela barba branca e em seguida erguendo os papéis.era um homem de tanta experiência quanto Frank,praticamente o melhor médico legista ao serviço da polícia de Chicago,realizava tarefas longas em tempo Recorde e tinha um faro que várias vezes servia como chave pra os casos mais difíceis.seu rosto enrrugado sempre esbanjou sabedoria e serenidade independentemente da complexidade de cada caso,era assim no trabalho e fora dele,um homem sereno,confiante e otimista.

Frank seguia agora os seus passos rapidamente em direção ao frio laboratório.

-Diga ao Carl que nos encontre no laboratório agora.-disse Frank a secretária que se encontrava sentada com o olhar fixo na tela do computador e os dedos deslizando-se de forma rápida e precisa pelo teclado.

em volta do corpo fixo sobre a mesa de autópsia doutor wods falava aos ouvidos atentos de Frank,Carl chegou em seguida com uma lata de refrigerante na mão que rapidamente jogou fora depois de ter sido bombardeado com o olhar firme e sério de Frank que falava menos a cada dia,mas possuia tanta vida em seu olhar que várias vezes as palavras eram desnecessárias.

-desculpe pelo atraso chefe.-desculpou-se o jovem policial abotoando o penúltimo botão da camisa.

-patricia ferreira,vinte anos de idade e sexo femenino,causa da morte hemorragia externa.as marcas nos pulsos e nos tornozelos indicam que a nossa vítima foi amarrada por vários dias e lutou sem sucesso por escapar.-introduziu o doutor.

A jovem assassinada era uma bela mulher de origem portuguesa,nascida de uma família de classe alta passara quase toda sua curta vida em Chicago onde estudava e mergulhava em aventuras noturnas recheadas de sexo,álcool e drogas.agora era o fim da linha pra ela.

-que tipo de corda deixaria essa marca?-perguntou Frank fitando alguns dos pormenores do corpo da vítima.

-aparentemente nylon,mas muito Grossa e firme.-opinou Carl.

-muito bem detetive.-parabenizou o legista que em seguida continuou:-a nossa jovem foi esfaqueada vinte e sete vezes por todo o corpo com facas de tamanho e formato diferente ,nenhum esfaqueamento parece tão letal ou ao menos com a clara intenção de tirar-lhe a vida.

"Que tipo de monstro esfaqueia uma mulher por vinte e sete vezes?" se questionava Frank.

-ele so queria que ela sofresse.-concluiu Carl com a clara intenção de impressionar a Frank que se mantia calado com o habitual olhar forte,frio e vazio de alguma emoção.parecia uma pedra de gelo de tão frio que era.

-entre outras lesões temos hematomas no rosto que parecem ser causados por vários objetos e ainda pela enorme mão de um homem.-disse o médico.

-deu pra recolher impressões?-perguntou Frank sem muito entusiasmo.

-infelizmente não.parece que o cabrão usou luvas em todos os momentos.a boa notícia é que pelos ângulos dos cortes podemos concluir que foram todos feitos pela mesma pessoa e a nossa jovem estava em posição vertical durante a ação.o estado de cicatrização diferente de cada ferimento indica que foram feitos uns antes dos outros.

-qual é o mais antigo?-perguntou Frank já mais curioso.

-este de aproximadamente seis meses-apontou o doutor a uma marca no abdômen.

-e o mais recente?-falou Frank praticamente seguido pelo jovem Carl.

-estes aqui de aproximadamente setenta e duas horas.outro fator curioso é que ela parecia se alimentar de forma regular e saudável nos últimos meses.alguém queria mantê-la forte e saudável.

-podia ser ele mesmo.-concluiu Frank claramente revoltado.-o que é isso nos mamilos?-questionou curioso ao ver outra marca de violência no corpo daquela mulher.eram uma pior que a outra.

-marcas de queimadura.podem ter sido causadas por um isqueiro ou fósforos talvez,nada tão forte.

Carl apontava tudo detalhadamente em seu pequeno bloco,escrevia tão rápido que a caligrafia não era das melhores e a tinta da caneta preenchia as folhas brancas com a mesma velocidade que as palavras saíam da boca do experiente doutor Wods.era uma honra pra ele estar ali,uma oportunidade única e um desafio que podia levar sua carreira ao nível seguinte.

já Frank era experiente demais pra fazer apontamentos,com um simples olhar desvendava os mistérios mais improváveis e criava cenários dentro da sua fértil e precisa imaginação.pena que seu estado atual não o ajudava,mas talvez esse caso representasse um motivo a mais pra se levantar da cama com alguma motivação.as vezes quando a vida perde sentido surgem aqueles monstros que nos insentivam a derrotá-los,não existe maior motivação do que lutar contra um inimigo igualmente poderoso.

-vou precisar de mais imagens disso.-disse Frank.-há indícios de exploração sexual?-perguntou.

-surpreendentemente não existe nenhum.excepto alguns ferimentos nos órgãos genitais que foram causados por pequenos objetos cortantes,lâminas,tesouras ou corta-unhas talvez.

depois de quase cinco horas a baixa temperatura do laboratório o encomodava.seu relógio de pulso marcava sete horas da noite e decidira então ir pra casa após deixar as últimas instruções.

-Carl não perca o foco.-disse pousando levemente a mão sobre o ombro do jovem.era como se depositasse uma certa dose de confiança em seu trabalho e como se de uma ou outra maneira acreditasse no seu potencial.

-com certeza chefe.-disse Carl que recebera aquilo como se de um elogio se tratasse.

em seguida dirigiu-se ao seu velho amigo e colega:

-explore isso o máximo e o quanto antes.a família vai precisar do corpo pra um funeral minimamente digno.

em seguida abandonou o lugar com passos lentos até a porta,o barulho da sola dos sapatos em contacto com o chão ecoavam pelos quatro cantos da sala.

-o que fez dele assim?-perguntou Carl com alguma curiosidade ao doutor Wods depois de o ter seguido com o olhar repleto de adimiração,respeito e quem sabe uma pontinha de medo.

-ele é um homem bom,não se preocupe com a sua frieza rapaz.a vida roubou-lhe o que ele tinha de mais valioso.

-eu escolhi trabalhar aqui pra um dia poder ser como ele-disse esperançoso.

-não seja como ele agente.aprenda com ele.-disse o velho e experiente doutor.

para Frank era a confirmação de que estava diante de um caso raro e violento,a caminho de casa refletia sobre o assunto e pensava quantas mais mulheres estariam nas mãos do homem que ele procurava,quantas mais famílias chorariam.lembrou-se das suas filhas.uma delas teria exatamente a idade de Patrícia se a morte não a levasse antes,isso tornava o caso meio pessoal pra ele,sabia que paulatinamente se estava a envolver de forma emocional.

"Quem é esse filho da puta?" pensava,o que levaria um assassino a largar um corpo no Mag Mile? Um bairro agitado bem no centro de Chicago.o que será que ele pretendia?

Definitivamente havia uma mensagem por ser desvendada.aquilo era so o começo.

sádico "O Génio Das Facas"Onde histórias criam vida. Descubra agora