6-a noite inesquecível

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o dia havia sido estressante demais pra ele.sentia o peso dos últimos acontecimentos descansando em seus ombros.apesar de algumas horas se mantendo sóbrio sentia que não aguentava por muito mais tempo.tarde ou cedo acabaria por não resistir a pressão e ceder a tentação de se afogar em uma boa dose de álcool.

o som suave da música vinda do seu velho rádio que parecia ser extraído de duas décadas anteriores espalhava-se pela sala desarrumada ecoando até outros compartimentos."phil collins-againt all odds" além de ser a sua predileta lhe trazia boas e más memórias,mas conseguia conviver com ambas.

retirou da garrafeira uma das várias garrafas das quais já nem lembrava quando as comprara.nível de álcool elevadíssimo um raro uísque escocês.

sentou-se no sofá e quando ia servindo a primeira dose o toque da campanhia o impedia.

-era só o que me faltava-murmurou em ton baixo.-um minuto!!-gritou.

levantou apressado e num ato de instinto sua mão buscou pelo revólver.ajeitou a camisola o tornando difícil de notar.não tinha uma relação tão sólida com a vizinha a ponto de um deles estar na sua porta.seus colegas de trabalho nunca o procuravam em casa,não depois de sua família ter morrido e ele ter se tornado um exemplo de frieza,na verdade apenas o seu fiel amigo doutor Wods sabia onde morava,com o passar do tempo iam todos desistindo dele como pessoa e apenas o reconhecendo como o melhor inspetor da polícia que aquela cidade já teve.

abriu a porta quase se prevenindo de uma eventual ameaça e lá estava ela a maior e a mais improvável ameaça que poderia imaginar.

-Martha?!-exclamou quase em susto como um adolescente enquanto ela o olhava.

-estive andando aqui por perto e me lembrei de um amigo.-disse ela acrescentando em seguida-espero não ter vindo em mau momento.

era tudo muito estranho pra ele.a presença dela ali o surpreendera mais do que ver estrelas em plena luz do dia.haviam conversado algumas vezes desde que ele a conhecera naquele restaurante,pequenas ligações pela manhã e alguns planos pra um reencontro mas nada que fosse tão real.achou-se desajeitado demais naquele momento.

-se preferir eu posso voltar em um outro dia.-disse ela se sentindo meio inoportuna.

-nada disso!entre por favor...so não repare na...bagunça.-respondeu ainda sem acreditar no que seus olhos viam.lhe parecia estranho mas ela estava bem na sua frente.

vestia um longo vestido de cor azul como o mar e que apesar da decência deixava em evidência a cintura bem desenhada e os seios que ainda desafiavam a gravidade.um casaco de napa preta a protegia do frio razoável.

seu perfume passou por ele enquanto ela entrava pela porta.

sentou-se no confortável sofá que apesar de novo não tinha um ar de modernismo.na verdade quase todo o apartamento parecia ser extraído de um filme dos anos oitenta.

-bela decoração-elogiou em curtas palavras.

-obrigado...minha mulher e minhas filhas gostavam de coisas modernas.eu prefiro o clássico.

-já somos dois.

as fotos e medalhas de honra expostas ocupando quase uma parede por completo a chamaram atenção de imediato.percorria com o olhar atento cada uma delas.

-quanta estória nisso...devias ter aberto um museu.-brincou ela com um sorriso contagiante nos lábios.

-faço o que posso...ainda há reconhecimento,pouco mas há.-sorriu em seguida.

ela olhava pra os lados de maneira discreta parecia encantanda.ele olhava pra ela de maneira intensa.

-porquê que não bebes ou comes alguma coisa? estava mesmo pra preparar o jantar?

sádico "O Génio Das Facas"Onde histórias criam vida. Descubra agora