CAPÍTULO II

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— O que houve, mãe?

— Depois explico.

— Mas mãe...

— Você pode fazer silêncio?

— É que...

— Shiu, Alfred! Ela está acordando...

Acordei sendo encarada por um garotinho sardento e por uma mulher de cerca de uns 40 anos de idade. Eu estava num quartinho humilde com chão de madeira, deitada numa cama com a perna imobilizada e a cabeça enfaixada (nem notei que tinha ferido a cabeça). Logo à frente da cama tinha uma janela de vidro, por onde eu via que já era noite e nevava bastante.

— Onde estou e quem são vocês? — perguntei, tentando levantar. Sem sucesso, porque eu estava esgotada.

— Calma, moça. — Como assim "calma", minha senhora? Eu acabei de sofrer um acidente, tô toda ferrada, eu não sei onde meu namorado está, tô a quilômetros de casa, acordei no meio de uma floresta estranha e com um bilhete estranho em cima de mim, tô numa casa desconhecida com gente desconhecida e a senhora vem me pedir calma?

— Calma, é? — foi só isso que consegui dizer. — Por favor, explique logo por qual motivo estou aqui.

— Eu também quero saber o que tá acontecendo! — o garotinho, que pelo visto se chama Alfred, exclamou.

— Bom, vocês não me deixam explicar, caramba! — Ela reclamou. — Foi assim...

Então ela contou que estava em seus afazeres diários quando ouviu o meu grito lá na floresta, daí ela resolveu dar uma conferida, e me encontrou, desmaiada e toda machucada.

— Eu fiquei horrorizada com sua situação e resolvi trazê-la para cá e cuidar de você. — A senhora toma fôlego. Falara sem interrupções até agora. — Agora eu quero saber, mocinha. Como você veio parar no meio dessa floresta?

— Sofri um acidente... de ônibus. Na verdade, eu também não sei direito como vim parar aqui, só lembro de ter sofrido o acidente, depois acordar na floresta e depois levantar aqui. E eu também não como eu estou inteira depois de tudo isso.

— Acidente de ônibus?

— Sim...

— Mas não houve nenhum acidente de ônibus aqui perto.

Eu fiquei sem palavras. Se tem uma coisa que eu tenho certeza que aconteceu foi um acidente de ônibus.

— O-o-o quê? — gaguejei violentamente.

— Não houve nenhum acidente de ônibus — a mulher repetiu mais devagar — Aliás, não moramos perto de nenhuma estrada.

Foi o bastante pra dar um curto-circuito na minha mente e me fazer desmaiar... de novo.

These Roads - Nessas EstradasOnde histórias criam vida. Descubra agora