CAPÍTULO V

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Eu não consigo enxergar um palmo à minha frente.

A floresta é densa e a noite, escura. Se havia luz do luar, certamente as copas das árvores estavam bloqueando essa fraca iluminação.

Estava caminhando há meia hora, sem a menor noção de onde eu me localizava. Eu sabia que estava longe da casinha da senhora O'Neil, mas não tinha a menor ideia de onde eu iria parar.

Eu saí de lá com o único objetivo de achar alguma estrada.

"Siga por essas estradas", não é? Assim farei.

Ou tentarei fazer.

Porque está difícil.

E eu estou ficando cansada.

Não aguento. Vou ao chão, não aguentava mais caminhar.

O chão estava frio e macio. Era neve, pude sentir quando apalpei o solo.

Fechei os olhos. Não, eu não dormiria. Sono é a última coisa que eu teria nesse momento. Eu só queria relaxar um pouco.

De olhos fechados, ouço o leve uivar do vento passeando entre as coníferas. Respiro fundo. O som das corujas. Abro os olhos. Escuridão.

Levanto-me, mais uma vez tomando meu caminho para alguma estrada qualquer.

Ponho-me a pensar. Essa é a coisa mais doida que já me aconteceu. O acidente, os bilhetes, e agora, estou aqui, caminhando sem nenhum mantimento, rumo a algum lugar. Seguir pelas estradas, seja lá onde elas estivessem.

"Siga por essas estradas. Você vai querer segui-las, com certeza vai."

"Nos encontraremos."

Que estranho. Acho que já conheço todas essas frases dos bilhetes que venho recebendo. De algum livro, poema ou música. São incrivelmente familiares - e assustadores, claro.

A mesma caligrafia. Era mais do que claro que eu tinha um stalker, e que muito provavelmente ele estaria me seguindo agora. Mesmo assim,eu fui corajosa o bastante pra sair nessa escuridão e sem nenhuma lanterna.

Eu sou louca.

Mas estou sendo louca por uma boa causa. Esse anônimo sabe de uma coisa que eu não sei, mas que eu deveria saber. "Você vai querer segui-las, com certeza vai".

Paro mais uma vez, mas não me sento. Apenas me escoro numa árvore e respiro fundo novamente. Tenho que fazer isso pra recuperar minhas forças e continuar a caminhada.

Já estava me cansando.

Mas eu não vou parar. Retomo a caminhada novamente.

Os ruídos silenciosos da noite. As corujas. A brisa. A neve sob meus sapatos. O frio. As pálpebras pesando. O sono.

Não, espera! Sono não! Não posso dormir, não posso! Eu... Eu tenho que continuar! Não posso dormir no meio da floresta...

Esfrego as mãos no rosto, coço os olhos, dou batidinhas na minha própria face. Dormir não. Dormir. Não.

Continuo caminhando, com os olhos arregalados. Não os fecharia. Tentaria não fechá-los. Mas acabei me escorando em outra árvore e deixando que minhas pálpebras se fechassem. Dormi em pé por alguns instantes.

"Sinta o frio. O inverno está te chamando para..."

Acordo sobressaltada. De novo! De novo isso!

Sentir o frio? O inverno me chamando? Para...? Para onde?!

Esses sonhos só vêm pra bagunçar ainda mais minha cabeça!

A calma, preciso manter a calma.

Um. Dois. Três.Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez.

Inspiro. Expiro. Acalmo-me.

Continuo a caminhar.

***

Por quanto tempo caminhei? Onde eu deveria estar?

Sono. Sono é o que sinto. Justo sono.

Tanta coisa para sentir, eu sinto sono.

Eu estava tentando driblar. Em vão: minhas pálpebras pesavam. Queria deitar. Queria dormir. Cair nos braços de Morfeu.

Não sabia que horas eram, mas sabia que era alta madrugada. Eu sentia isso.

Sentei-me às raízes de uma árvore. Encostei-me. Não conseguia mais. Pelo menos não agora.

Fechei os olhos. O frio. As corujas. Um ruído estranho.

Um ruído estranho... O quê?!

Levantei de supetão, o que acabou me deixando tonta. Topei em algo, fui ao chão.

Um ruído estranho... Seria meu suposto stalker?

Estremeci com a ideia.

O que eu iria fazer?

Ou melhor, o que ele faria comigo?

Eu estava assustada, apavorada. Meu coração parecia querer sair de mim, tamanha força com que ele batia contra minhas costelas.

Eu... eu queria chorar.

Arrastei-me para perto da árvore mais próxima. Não havia como sair correndo nesse escuro. Eu mal estava conseguindo caminhar entre as árvores, imagine correr.

Encolhi-me, abraçando minhas próprias pernas, configurando uma posição fetal.

Chorei. Chorei tudo que eu tinha para chorar.

Chorei por estar longe de casa.

Por Thomas.

Por Alfred.

Pela Sra. O'Neil.

Por não fazer a mínima ideia do que esta acontecendo.

Pelos sonhos.

Pelos bilhetes.

Que pesadelo!

- Quem está aí? - Consegui perguntar em meio às lágrimas.

Nada.

Desabei, tamanho pavor que eu sentia.

Que floresta hostil, que hostil!

Encolhi-me mais ainda. Eu não tinha a menor condição de reagir. Estava estática.

Entre soluços, as pálpebras vão se fechando, minhas forças começam a se esvair.

Esqueci tudo. Tudo.

Apenas fechei os olhos molhados e cansados, sentindo as lágrimas quentes se congelarem sobre o meu rosto.

***

YOOO! Olha eu aqui de novo!

Capítulo meio curto, mas acho que tá valendo e.e. Era pra eu ter postado antes, mas o notebook começou a frescar com a minha face, aí eu me estressei, quis quebrar tudo, etc, etc, etc.

MAAAS, eu dei um jeito, achei uma solução e eis-me aqui u.u.

Também queria agradecer a vocês que têm acompanhado a história. Sério, vocês são amazing s2!

Qualquer erro, me avisem! E não esqueçam de votar e comentar o que acharam, okay? ♡

Entonces, é isso. Bye, bye, até o próximo capítulo. :3



These Roads - Nessas EstradasOnde histórias criam vida. Descubra agora