CAPÍTULO 7- DECISÃO

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 Yukineko parecia desconfortável em meio aos prédios altos e das inúmeras luzes artificiais das casas. No entanto, ele observava que Kurama se mostrava bem acostumado a tudo aquilo. Não apenas com a cidade grande ou ao mundo dos homens no geral, mas acostumado a ficar vigiando a jovem garota que agora dormia em seu quarto, no terceiro andar de um dos muitos prédios daquela rua, felizmente com a janela aberta.

- Não sei ao certo, mas tenho a impressão de que você vem admirar a paisagem urbana com bastante frequência daqui de cima – Yukineko alfinetou, esperando que Kurama decidisse aceitar sua ajuda.

- Realmente – ele riu – Tenho vindo aqui todos os dias desde que a encontrei.

- Stalker – Yukineko brincou.

Kurama não podia evitar. Era terrível pensar em deixá-la sozinha. E mesmo que todas as noites acontecesse o mesmo, ainda assim ele não conseguia se sentir seguro.

- Parece que ela vai desaparecer se eu parar de olhar – ele disse, por fim.

- Entendo – Yukineko coçou uma das orelhas felinas que cresciam no alto se sua cabeça humana – Bom, não posso deixar de concordar que ficar obcecado é algo natural.

Kagome dormia tranquila e serena, sem desconfiar que estava sendo vigiada. Levava uma vida comum, era um ser humano como qualquer outro. Quando ela deitava a cabeça no travesseiro para dormir, não precisava se preocupar com youkais ou monstros atrás dela.

- Ela parece ser feliz – Kurama disse – Eu observei. É uma vida humana simples e absolutamente comum, a ignorância dela quanto a verdade a faz viver em paz. Meu egoísmo é que me impulsiona a querer que ela lembre.

- Seu egoísmo? Incomoda tanto assim o fato dela não saber quem você é?

Kurama ficou em silêncio e Yukineko entendeu que mexeu na ferida.

- Posso dar um jeito nisso – Yukineko falou, então – Transitar entre mundos é uma habilidade nata para mim. Não somente entre mundos físicos, como também entre mundos espirituais.

Kurama o ouviu atentamente, mas sem tirar os olhos de Kagome.

- Se eu adentrar em seu espírito posso descobrir a causa do bloqueio, mas para isso preciso de tempo e preciso estar sempre perto dela – ele falou, sorrindo ironicamente – Espero que isso não te deixe com ciúmes.

Kurama revirou os olhos, ainda ponderando suas opções.

- Preciso de tempo – ele falou, enfim – Preciso ter certeza de que conseguirei viver tranquilamente se decidir não buscar suas memórias... e preciso ter certeza de que conseguirei seu perdão se escolher resgatá-las.

- Eu lhe darei seu tempo, Kurama – Yukineko suspirou – Mas espero que não se arrependa de nada.

X

O resto da semana passou como se houvesse surgido uma rachadura no chão em que Kurama e Kagome pisavam. Eles estavam perto um do outro, mas não conseguiam se aproximar muito.

Kurama olhava para ela com melancolia durante as aulas, incomodado com a distância que ele sentia se formando entre os dois. Era como se ela estivesse com medo.

Kagome evitava olhar na direção em que Shuichi sentava. Seu coração palpitava ao pensar no tempo que ficariam juntos depois das aulas. Aquela sensação estranha e incômoda que fazia seu peito doer não tinha melhorado, desde o dia em que aqueles homens os abordaram na rua. Por mais que Shuichi tenha jurado que não os conhecia, e talvez realmente não os conhecesse, alguma coisa dizia que eles tinham abordado a pessoa certa.

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