CAPÍTULO 8- SONHOS

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 Pela primeira vez desde que a encontrou, Kurama não ficou para vigiar. Mesmo que bem no fundo ele tenha se arrependido. Após deixar Yukineko junto dela para então iniciar a corrida pela busca de suas memórias, ele conseguiu se sentir levemente mais confiante de que tudo não desapareceria de um dia para o outro.

A reação de Yukineko ao saber que teria de agir como um gato doméstico o deixou realmente de mau humor. Foi até cômico de se ver.

"Seja discreto, não deixe sua energia aumentar demais", Kurama instruiu.

"Se ela ainda tivesse poderes espirituais perceberia sua energia, pra começo de conversa", ele respondeu, "por que ela perceberia a minha?"

Mas no final das contas, ele concordou em não deixar vestígios de sua origem youkai muito aparentes.

Já em seu quarto, Kurama conseguia ouvir a conversa que vinha do primeiro andar. O homem que logo se casaria com sua mãe estava terminando de jantar, ela o havia convidado e Kurama permaneceu um pouco ao lado dos dois, antes de se retirar. Não podia negar que era um alívio perceber que sua mãe não ficaria sozinha, caso alguma coisa acontecesse com ele.

Junto com o vento que entrava pela janela, ele sentiu uma presença conhecida se aproximando. Faziam algumas semanas que ele não tinha notícias da movimentação no Meikai, então só pôde concluir que estava tudo voltando à normalidade. Mas aquela presença talvez indicasse o contrário.

Na escuridão que se formou quarto com a chegada do anoitecer, Kurama o viu. Enigmático e solitário, como sempre.

- Que surpresa, Hiei - ele disse, encarando-o nas sombras.

Hiei moveu-se apenas o suficiente para que seu rosto pudesse ser iluminado.

- O que foi? Nem parece que a pouco tempo estávamos lutando juntos. Sempre com essa aparência fria – Hiei estava sério, como de costume, e parecia incomodado.

- Achei estranho você vir me procurar – Kurama explicou – Ao que parece, o Meikai está conseguindo manter o controle novamente, depois do incidente com a passagem para o Makai.

- Pelo que sei, estão tentando tomar as rédeas mesmo – Hiei respondeu – Mas...

Antes que terminasse, Hiei colocou-se totalmente para fora da escuridão, aproximando-se de Kurama.

- Tenho percebido uma coisa durante esses últimos dias – ele continuou – Estranhamente, tenho me sentido vigiado. Aliás, não somente vigiado e sim seguido.

Kurama o escutou com maior atenção.

- Sinto o cheiro do Makai atrás de mim, mas quando resolvo identificar de onde vem o cheiro, me deparo sempre com meros seres humanos.

Hiei percebeu a alteração no rosto de Kurama, provavelmente ele sabia de alguma coisa.

- A aura do Makai emanava dos humanos, como se estivessem possuídos por youkais parasitas – Kurama falou – Eu também me deparei com eles, mas diferente de você, aqueles que me seguiam pareciam ser mais agressivos, já que me confrontaram.

- Provavelmente foram enviados por pessoas diferentes – Hiei disse, começando a entender.

- Parece que não foi apenas uma coincidência.

- Alguma coisa está vindo – Hiei pensou alto, dando um passo para trás e desaparecendo na escuridão da noite.

X

Kagome estava deitada, entre o sono e o despertar. O gato branco, que Shuichi chamou de Yukineko, passou boa parte do tempo perto dela, sem dar muita atenção aos outros membros da família. Sua mãe e seu irmão pareceram gostar da ideia de ter um gatinho por perto, apesar de ter sido inesperado.

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