REINCARNATION

CAPÍTULO 21- ENCONTRO

- Pegou o kit de remédios? - a mãe de Kagome perguntou, enquanto a levava até a estação de trem.

- Peguei - ela respondeu, parecendo contrariada.

- Também não entendi o motivo de seu avô querer te ver de repente - ela comentou, tentando aliviar o clima - Mas acho que ele deve estar se sentindo sozinho, não é?

- É, deve ser por isso - ela tentava não parecer desanimada demais, mas seu rosto refletia o quanto essa viagem a estava preocupando - O que eu ainda estou tentando entender é por que tenho que levar o Souta junto.

Ao falar isso, ambas se voltaram para o menino, que estava distraído enquanto jogava algum videogame novo.

- Achei um pouco injusto seu avô só perguntar por você - a mãe sussurrou - Então disse a ele que o vovô estava com saudades e que queria ver os dois.

- Ai, mãe... - Kagome resmungou.

Nos alto falantes da estação, uma voz feminina anunciou que o trem de Kagome seria o próximo a sair da estação. Ela deveria se apressar.

- Mande lembranças ao vovô por mim - sua mãe disse, por fim.

Segurando o irmão pela manga da camisa, Kagome andou a passos largos até a plataforma de embarque.

X

- Eu não acredito que vou ter que ficar aqui, trancado como um animal, enquanto você viaja atrás da sua amada Kagome sem nem sequer contar pra ela - Yukineko resmungou, enquanto Kurama explicava que pretendia investigar o real motivo que levara o avô de Kagome a chamá-la de volta tão abruptamente.

- Preciso ir e garantir que ela não volte a morar lá - Kurama disse, mantendo a voz tranquila - Se o gato da família desaparecer no meio dessa viagem seria um tanto suspeito, não acha?

- Você quer dizer que ela logo pensaria que eu a estava seguindo.

Kurama levantou as sobrancelhas, fazendo uma cara óbvia.

- São só alguns dias, vão passar voando - ele disse, em tom de ironia.

- Você as vezes passa dos limites, Kurama Youko - disse Yukineko, já aceitando o fato de que não poderia mais contestar a decisão de Kurama.

- Vou me apressar - ele disse, já se afastando - Devo chegar pouco tempo depois dela em Nagano.

- Já que não posso sair desse lugar mandei alguns tanukis te encontrarem por lá. Eles conhecem a região, vão ser úteis... eu espero.

Kurama acenou com a cabeça, agradecendo.

X

Kagome observava a paisagem ficar cada vez mais familiar. Estava voltando para casa.

Era uma sensação estranha, como se ela nunca tivesse deixado o templo da família e ainda vivesse aquela vida pacata e comum, onde nada de anormal jamais acontecia. A escola era sua única preocupação, não existiam poderes místicos nem criaturas medonhas que a perseguiam e a machucavam.

As palavras de seu avô ecoavam na sua mente, como se ele soubesse que o mundo era daquele jeito, um mundo sobrenatural. Ele sempre foi um velhinho muito supersticioso e cuidava do templo para que fosse literalmente uma fortaleza contra os "espíritos malignos".

Kagome tinha visto alguns desses espíritos malignos poucos dias depois de sair da proteção de seu lar.

Kagome tinha conhecido Shuichi Minamino, ou Kurama, agora que ela sabia que ele também não fazia parte do mundo normal ao qual sempre pertenceu. Ele ainda era o maior mistério a ser desvendado. Pensar nele era quase inevitável, imagem de seu rosto, o som da sua voz e seu cheiro agradável não saíam de dentro dela.