.:1:.

4.9K 295 266
                                    

Anastasya White - 1852

Os raios do sol acariciam meus cabelos enquanto papai corre desengonçado, provocando-me risadas.Guio meus olhos ao varal onde mamãe estendia alguns lençóis que balançavam conforme a brisa.

- Ana! - Brada papai, chamando minha atenção aos teus olhos sorridentes. - Venha cá, rápido! - diz, chamando-me.

Apresso meus pés sobre a grama, guiando-me aos teus braços estendidos. Com um salto, sou erguida e abraçada por seus protetores braços de amor e redenção.
Seus olhos brilhavam tanto quanto o sol e seu sorriso, claro como a lua no seu ápice enquanto as estrelas à admiravam.

- Olhe! - Aponta, guiando meus olhos para as montanhas. - Consegue ver?

- Não vejo nada, papai. - Digo desanimada.

- O sol nasce daquelas montanhas. - Diz, provocando-me surpresa.

- Sério? - Sinto meus olhos arregalarem-se a cada segundo.

- Para vê-lo, é necessário se levantar enquanto todos dormem. Só assim, fazendo o que poucos fazem, você consegue deslumbra-lo em seu ápice de beleza. - Manifesta-se um sorriso em seus lábios. Aceno positivamente logo guiando meus olhos as montanhas.

- Eu quero vê-lo. - digo, animada pelo desafio.

- Então faça o que ninguém faz. Levante-se em meio ao silêncio, e aguarde a chegada dele dos lugares altos.

12 Anos depois...

  
   Observo o dia em desbravar a noite. Atento-me ao nascer do sol que se desprende das montanhas cobertas por um véu branco e gélido ao leste.

  As estrelas se escondem, certamente envergonhadas pela beleza da grande estrela de fogo que rouba as atenções toda manhã. Sua grandeza invade minha janela e toca meu corpo, permitindo-me sentir o prazer de seu calor sobre mim, moldando-me com sua sensação prazerosa.

O perfume inconfundível do campo gélido me agrada as narinas, tornando impossível liberta-lo deste doce perfume. Faço-o cativo o quanto posso, enquanto degusto das sensações sobre minha pele.

Retirar-me de meu delírio ao ouvir quando o que parecia uma carruagem aproximar-se na escuridão. Com a curiosidade manifestada entre minhas sobrancelhas, solto todo o perfume cativo em meu peito tornando visível o calor de meus lábios.
Inclino-me sobre a janela,  direcionando meus olhos para o oeste, de onde vinha o som das rodas à chocarem-se contra os buracos da estrada de pedra e terra. Seu som ecoa cada vez próximo juntamente de tal,  confusão e questionamentos em minha mente.

Quem seria tão cedo e porque aproxima-se de nossas terras?

Espremendo meus olhos afim de enxergar através da mata densa que ainda casava-se com a escuridão, inclino-me cada vez mais. Porém em um desequilíbrio quase mortal, assusto-me com batidas ecoadas à porta logo atrás de meu corpo. Cerro meus olhos ao oxigênio atingir rápido demais meu cérebro.
Com cuidado deixo a janela em descer de minha cama, colocando-me ao lado da mesma, como uma perfeita dama afim de receber educadamente quem batia. Arrumo minha roupa ao corpo e alinho minha postura, lembrando-me dos ensinamentos de mamãe enquanto escondo com um máscara invisível, meu desconcerto.

- Entre! - Manifesto-me, juntando minhas mãos atrás de meu corpo em abaixar meu queixo em respeito.

O corpo de minha mãe adentra finalmente ao quarto e sem pestanejar, direciona-se ao guarda-roupas apressada, retirando bruscamente minhas vestes e as jogando a poltrona ao lado.
Ouço quando a carruagem cessa movimentos em frente a minha casa e por algum motivo ainda desconhecido, meu estômago embrulha juntamente a uma sensação gélida ao peito.

Santo PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora