Padre Joseph MüllerA neblina descia sobre as colinas em um sopro gélido. Meu corpo repousa nu dentro da banheira, emergido ate o pescoço na água fervida que subia em fumaça, escalando uma escada invisível do frio que abraça ao derredor.
O dia ainda lutava contra noite. E notóriamente a luz convencendo a escuridão, o sangue de sua fragilidade escorre pelo céu em um tom alaranjado como o fim de um dia quente. Inclinando minha cabeça para trás, fecho meus olhos permitindo que a água quente relaxe meus músculos tensos, devido a madrugada de insônia rotineira.Abrindo meus olhos novamente, inclino levemente minha cabeça para o lado esquerdo, observando aos lençóis mexidos e os segredos que encobriam. Soltando ar de meus pulmões por minha narinas, volto a observar o céu através do portal que dava-se para a sacana.
Sem muito o que pensar, ergo-me das águas quentes retirando-me de tal abraço. Sigo de encontro a brisa que soprava sobre a sacada sem importar-me com minha nudez, provocando o impacto arrepiante contra minha pele quente e os lábios da manhã que eriçaram meus pelos.
Inspirando o perfume da manhã gélido, solto o calor de meus lábios cruzando meus braços sobre meu peito enquanto encosto meu ombro ao portal de madeira envernizada. Observo ao dia nascente e todo jardim que despertava, porém noto o que eram-se dois corpos agitados próximos à uma carruagem. Com a curiosidade manifestada em meu peito, observo seus movimentos afim de desvendar tal movimentação tão cedo.
Sinto meu cenho manifestar-se entre minhas sobrancelhas ao deparar-me com a cena da madre vestida de seu rotineiro manto, esbofetear o rosto da menina de cabelos castanhos que tonta apoia-se à carruagem atrás de seu corpo pequeno.
Desprendendo meu ombro do portal, avanço um passo, porém recordo-me de meu estado e com minha mandibula irrijecida e punho cerrados recuo, enquanto em meu peito fervor instala-se ao notar que tal pobre menina se encolhe sobre a roda da carruagem que lhe engole com seu tamanho.
Mantenho meus olhos fixados a sua imagem em curiosidade e ansiedade por sua atitude, sinto fugir de minha mente a resposta para tal situação.Vejo quando finalmente deixando-a solitária, identifico madre Margor ao virar-se para seguir com seus passos firmes para dentro da grande porta invernizada.
Voltando meus olhos a menina magra e de vestes simples, surpreendo-me ao vê-la mesmo que ainda trémula, erguendo-se sobre seus joelhos para colocar-se de pé. Com as costas de sua mão, seca teu rosto e fixa teus olhos ao teu destino com coragem.
Não pude identificar a cor de tua íris devido ao distanciamento entre nós ou o formato de teu pequeno rosto, porém pude identificar sua força vibrante o que fez-se em meu peito ansiedade instalar-se com anseio por conhece-la. Observo-a caminhar até desaparecer sobre as portas de entrada, enquanto sinto ansiedade crescer em meu peito.Provocado em inquietação, adentro ao quarto procurando algo para vestir-me, enquanto curiosidade estreita meus olhos.
Vestindo meu corpo, viro-me ao espelho me deparando com o demônio estampado no reflexo de meus olhos. Pisco algumas desviando-os. Procuro rapidamente desvencilhar-me virando em meus calcanhares. Agarro ao crucifixo acima da comoda de mandeira negra próxima a porta, pendurando-o em meu pescoço como quem esconde tua face dentro de uma máscara. Uma sensação gélida escala meu estômago, fazendo cessar passos próximo a porta enquanto meus dedos gélidos roçam-se uns aos outros.Manifestada uma ruga de confusão entre minhas sobrancelhas por esta estranha sensação, observo a maçaneta que corrói-se enquanto busco desvendar o porquê de tamanha euforia em meu peito. Porém tirando-me de meu gritante silêncio, duas batidas ecoam à porta. Esticando minha mão direita, agarro-a virando a maçaneta finalmente, o que possibilitou sua abertura.
- Bom dia, Padre. - Pronuncia-se Madre Tereza, assim que seus olhos verdes me encontram.
- Bom dia, Madre. - forço-lhe um pequeno sorriso.

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Santo Pecado
Romance" Se há amor, não deveria haver pecado. Mas se há, condeno-me ao inferno. " Santo Pecado conta a história de Anastasya White Xavier, uma jovem de 18 anos cujo a sua história é contada no ano de 1864, século 19. Bondosa, Anastasya sonha com o marid...