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Anastasya

O sol pairava ao lado de fora enquanto algumas meninas voltavam para suas casas no inicio do verão que descongelava as pétalas dos rosas vibrantes, à aquecer os campos.

Nem todas aqui são órfãs como pensei, ou desgarradas como fui. Na verdade, grande maioria delas apenas estuda neste lugar cinza e mortal. Seus pais de títulos pagam para que elas se tornem moças prendadas e prontas a um bom casamento. Chega a ser irônico o fato de minha vida ter sido lançada neste lugar de forma que tudo o qual elas estão sendo preparadas, me foi roubado o direito de sonhar.

Ouço seus sorrisos e as rodas de suas carruagens indo e vindo, assim como a esperança de meu frio coração congelado pela desilusão do que assolava-me todo o ser.

Os pássaros parecem contentes e cantam junto dos sorrisos espalhados pela brisa quente. Mas tudo o que tenho e sou, está tão distante quanto o véu no pico das montanhas congeladas em um eterno no inverno. Ao o que tudo indica, a altitude do pico que a faz tocar as nuvens, é o motivo pelo qual congelou seus cumes. Um sorriso inunda meus lábios, pela semelhança breve e comparação de minha mente.

Pois assim como o que às faz tocar o céus, também torna-as gélidas, assim como a altitude a qual fui lançada na esperança de enxergar alguma beleza neste elevação congelante, me lançou deste cume gélido. Meu coração acelerou e senti borboletas em meu tolo estômago, e tudo quanto resultou foi... na fumaça do gelo que flui de meu coração fugindo de meus lábios.

Deveria este ser meu destino? Petrificar diante de olhos e lábios quentes que jamais poderiam aquecer este frio coração condenado a ruína de minha elevação?

A felicidade jamais caminhou com a punição. Ou será que por todos estes anos, fui enganada à acreditar que elas não eram irmãs disfarçadas, que sempre caminharam de mãos dadas?

Tantos pensamentos e dúvidas, que me afogo em um oceano de confusão e me fazem esquecer do tempo e do silêncio da ausência. E ao notar enfim, os sorrisos se tornam memórias e as rodas das carruagens se tornam apenas marcas pelo caminho.

A última poeira erguida pela despedida já abraçou-se ao solo, e as pedras não se prendem mais aos sapatos, alertando que a despedida de findou e tudo o que restou foi a realidade ao qual fui chamada á assumir.

– Ana? – Alexandra chama-me, adentrando ao quarto.

Um suspiro pesado manifesta-se em minhas narinas, enquanto fecho meus olhos à virar meu corpo sobre a cama, ficando de costas por onde seu corpo se aproximava. Eu sei que minha atitude pune Alexandra pela crime de não possuir nenhum. Certamente seu coração não merece minha ingratidão, mas sinto que o melhor a dizer algum é não dizer nada, por hora. Caso contrário, lágrimas que não existem mais escorreriam, e a dor se tornaria a minha vergonha ao reflexo dos olhos de pesar de Alex. E isto, eu não poderia suportar mais, porque pior do que ser estapeada, certamente é ser vista como quem eu realmente sou... sozinha.

– O dia está lindo ao lado de fora! – Sinto seu corpo pesar a cama, alertando que havia se sentado ao meu lado. Mantenho-me em silêncio, sentindo o nó manifestar-se em minha garganta por sua tentativa de expulsar minha solidão de meus braços.

– Ana, quer conversar? – pergunta Alexandra e sinto o toque quente e leve de sua mão sobre meu tornozelo.

E com apenas um movimento de minha cabeças, nego seu convite sem desviar meus olhos aos teus, ignorando sua existência e atitude calorosa.

– Tudo bem, eu entendo. Então... – sinto seu corpo erguer-se. – Deixarei-os à sós. – Pronuncia-se depois de breves segundos, causando-me confusão, o que fez-me virar meu rosto na direção que sua voz ecoava.

Santo PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora