.:11:.

1.2K 104 70
                                    

Anastasya

Caminhando sobre a grama enquanto ao céu as estrelas brilhavam delicadas com seu brilho gélido, permito-me sentir a grama acariciar meus pés descalços. A brisa agradável declarava a despedida das mangas compridas e fumaças à boca, e a nova fase dos casulos vazios para revelar borboletas sobre as flores descongeladas.

Levando meus olhos ao horizonte, permitindo-me finalmente pensar no ocorrido mais cedo. Ergo minha mão, encontrando o anel brilhante refletir a luz do luar enquanto o pensamento dos olhos de Joseph ganha espaço extenso sobre minha mente.

– O que farei de minha vida? – digo, tornando audível meus pensamentos barulhentos.

– Sem sono também? – Pronuncia-se Joseph, surpreendendo-me. Viro-me encontrando-o à aproximar-se lentamente. Seus olhos pendiam-se aos meus, de forma que causou-me alterações ao peito.

– Suas palavras não saem da minha cabeça. – confessa desviando seus olhos do céus para os meus.

– Padre...

– Joseph! – interrompe-me. – Chame-me apenas de Joseph.

– Qual o seu propósito nisto? –Questiono, atraindo curiosidade de teus olhos que estreitaram-se abaixo de suas sobrancelhas grossas.

– Sabe, senhorita White... – Passa por meu corpo, colocando-se ao meu lado; levando novamente seus olhos ao céu. – A noite sempre surpreende-me.

– Você não me respondeu, senhor Müller. – Viro-me, encontrando seu corpo de costas para mim à contemplar a noite estrelada.

– Anastasya... eu não quero ser a razão da sua infelicidade. – diz ainda com sua atenção voltada aos céus.

– E quem é você para achar que tem algum poder sobre meu livre-arbítrio?

Um breve momento de um silencio perigoso instalou-se entre nós, causando-me ansiedade ao notar que seu rosto virou-se, permitindo-me ver ser olhos caídos à observar a grama. Vejo-o  recuar à pronunciar-se, voltando seus olhos as estrelas.

– Está frio, melhor entrarmos. – vira seu corpo para retirar-se.

– Joseph! – Chamo-o tocando em um aperto seu pulso, fazendo-o parar. Seu corpo mantém-se imóvel, negando-se a encarar-me.

– O que você tem tanto medo? – pergunto atraindo finalmente seus olhos que estudam-me.

– Eu não tenho medos, porque não tenho o que perder. – cessa brevemente, erguendo ombros em um suspiro pesado. – Não demore muito. O sereno pode lhe deixar doente. – Decreta, voltando a seguir ao convento.

Vejo seu corpo de afastar como uma nuvem carregada de lágrimas de um dia ensolarado que evaporou. Joseph certamente me revelou muito além de suas palavras quando na biblioteca seus olhos me permitiram ouvi-lo. Mas ainda assim, mesmo com tamanha caos ao nosso redor, sinto que dentro de sua alma ainda existe a esperança de liberdade.

Virando-me novamente para olhar as estrelas que como vagalumes pairavam acima das poucas nuvens, abraço meu corpo que em resposta a uma brisa eriçou-se.

As horas passaram-se e o seu começava a clarear com o dia que se achegava. Enquanto os primeiros raios de sol destacavam-se ao horizonte, ouvi como passos aproximarem-se. Mantenho meus olhos o horizonte enquanto meu corpo permanece assentado em um branco banco ao jardim.

– Você já se perguntou porque ainda está aqui? – digo ao ouvir os passos próximos desta vez. 

– Todos os dias. – declara Joseph logo atrás de meu corpo.

Santo PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora