Capítulo 9 - Era só que me faltava... Lua-de-mel?

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Em vez de gastar tanto dinheiro com terapia, as pessoas deviam lavar mais pratos, Joni pensou meia hora mais tarde, parada diante da pia da cozinha. Passar os pratos e copos pela água morna e espumante tinha um efeito muito relaxante, e o toque do limão do detergente era tão eficiente quanto qualquer aromaterapia.

- Por que não vai lá fora e deixa isso comigo? - Sua mãe perguntou depois de empilhar os pratos de sobremesa sobre o balcão. - Carter deve estar pensando que você o abandonou.

- Carter está bem. - Afinal, ele era o tipo de homem que se sentia à vontade em qualquer lugar.

O fato de não ter uma família podia explicar muitas de suas atitudes, a começar pela facilidade com que sr relacionava com seus parentes. E a decisão de ser policial, também. Se não há nada a perder, por que não escolher um trabalho no qual se arrisca tudo regularmente? Não que estivesse preocupada com o que ele fazia da própria vida. Depois daquele e do outro encontro que fazia parte do acordo, provavelmente nunca mais o veria. Ela enfiou as mãos na água quente e esfregou furiosamente um prato que já estava limpo.

- Por que veio se esconder aqui? - GP perguntou ao entrar na cozinha com mais copos sujos. Els deixou sobre o balcão. - Quero que você e Carter me acompanhem nas compras amanhã.

Joni sabia que a avó estrava tramando alguma coisa.

- Por que precisa de nós para ir às compras?

- Quero comprar algumas coisas lindas para sua lua-de-mel.

- Lua-de-mel? Mas nós nem...

- Ainda não, querida - Pamela interrompeu sorrindo. - É fácil ver quanto você e Carter se gostam. Posso até ouvir os sinos...

E era isso que Joni queria que ela pensasse. Assim GP não teria de procurar por um homem que jugassee adequado para a neta. Mesmo assim, não esperava que a farsa fosse tão longe a ponto de planejarem uma lua-de-mel.

- É muita gentileza sua, GP - disse, secando as mãos em uma toalha de cozinha -, mas Carter e eu não Precisamos de nada. E não quero retê-la aqui sabendo que deve estar ansiosa para partir para Charlotte.

- Bobagem. Já avisei a todos que este ano não irei ao espetáculo aéreo, porque quero passar mais tempo com minha neta favorita. Além do mais, pretendo aproveitar a oportunidade e conhecer Carter. Quero ter certeza de que ele é o homem certo para você.

- Ah... - Joni se sentia fraca. Devia ter imaginado que ninguém podia enganar Pamela Pettigrew.

Assim que terminou de arrumar a cozinha, Joni saiu para ir procurar Carter. O sol se fora uma hora antes, mais o calor do dia ainda permanecia no ar. Todos conversavam e se divertiam sentados em cadeiras espalhadas pelos quintal. O aroma de fumaça de churrasco e filtro solar se misturava-se ao perfume das rosas, despertando lembranças de muitos outros verões que passara naquela casa. Elas e as primas levavam as bonecas para um canto da varanda e falavam sobre romance, príncipes encantados e os casamentos que um dia teriam . Quem teria imaginado que encontrar o verdadeiro amor seria tão dificíl?

Carter jogava malha com seu pai e irmão David em um canto mais iluminado do quintal.

- Ele já me venceu duas vezes - anunciou o sr. Montgomery. - Já disse que temos de disputar cinco partidas. Quem vencer três delas será considerado o campeão.

- Acho que a estratégia é me deixar exausto. - Carter apoiou-se na cerca.

- Será que posso pegar o Carter emprestado só por alguns minutos, pai?

- É claro que Sim. - Ele bateu nas costas do filho. - David, vamos ver se ainda sobrou algum sorvete.

- Precisamos conversar - Joni começou assim que ficaram sozinhos.

- Pensei que quisesse me beijar novamente.

- Eu não queria beija-lo. Estava apenas tentando convencer uma platéia.

- Se quer acreditar nisso, vai em frente. Mas acho que a única coisa que conseguiu provar é que existe uma forte atração entre nós. Deve haver um motivo para isso, não Acha?

- Ao contrário de você, não acredito que tudo acontece por um motivo. Talvez minha reação seja hormonal, ou um reflexo da fase da lua.

- Concordo que é hormonal, mas a lua não tem nada ver com isso.

Joni virou-se de costas para ele. Era muito dificíl manter a concentração com aqueles olhos fabulosos tão próximos dos delas.

- Já foi informado sobre os planos de GP?

- Refere-se as compras?

- Exatamente. Ela disse que pretende comprar roupas para usarmos na nossa lua-de-mel?

- Lua-de-mel? - A gargalhada atraiu a curiosidade dos que se encontravam em volta.

- Fale baixo! - Joni encarou-o irritada. - Quer que as pessoas tenham idéias erradas?

- Pensei que fosse esse o objetivo. Dar uma idéia errada sobre nós.

- Vovó certamente mordeu a isca. Ela já está ouvindo os sinos.

- Então missão cumprida. Por que está tão preocupada?

- Não sei.GP sempre leva as coisas longe demais. Ela devia conhecê-lo, decidir que você é perfeito para mim, e depois ir embora. Quanto mais tempo ficar por aqui, maiores serão as chances de ela descobrir que somos dois mentirosos, e então eu voltarei ao ponto de partida.

- Prometo que farei o possível para não despertar suspeitas.Serei o Perfeito namorado devotado. - Ele acariciou seu braço.

Era o que eu temia, Joni pensou. Depois fez um movimento para se livrar-se do contato.

- Bem, parece que teremos que continuar fingindo por mais tempo. Com sorte, em dois dias vovó vai decidir que já viu o suficiente e irá para casa ou para Charlotte, ou onde estiver a próxima aventura.

- Não esqueça que temos um acordo. Quando ela for embora, você ainda terá que sair comigo mais uma vez.

Joni assentiu. A última coisa que queria era sair com ele, mas era uma mulher de palavra. Além do mais, o que podia acontecer em um encontro?

Mas importante ainda, o que poderia dar errado em uma expedição de compras com uma mulher de setenta anos de idade?

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