Xerves

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DEPOIS DE SER CAPTURADA, Zelina foi escoltada pelos guardas do Príncipe Daemon até a carruagem deste. Estava amordaçada, de cabeça tapada para ninguém a ver e com algemas nos pulsos e tornozelos. Ela ouvia alguns sussurros das pessoas curiosas na rua, algumas ate perguntavam aos guardas mas eles devem ter ignorado, pois não ouviu qualquer resposta.

- É a Zelina Abderus, olhai os cabelos castanhos. - dizia a voz de um homem.

- Não pode ser, com os roubos que fazia e falsificações que vendia, duvido que se vestisse assim. Está com a roupa toda rasgada. - dizia um voz feminina escandalizada.

Seguiram-se outras suposições que Zelina fez questão de ignorar, sentiu um guarda segurar-lhe num braço para a parar, em seguida ouviu uma porta ranger e agarraram na jovem como se fosse um saco de batatas e atiraram-na para dentro de algo. Como o impacto, o saco na cabeça de Zelina saltou, estava dentro de uma carruagem modesta, com as cortinas fechadas e dois bancos de madeira que tinham ar de ser menos confortáveis que o chão mas decidiu sentar-se neles para observar melhor o espaço, talvez encontrasse algo para se libertar.

Um minuto depois a porta abriu-se, e o bonito Príncipe entrou com um saco de papel, sentou-se no canto oposto da jovem e retirou imediatamente um bolo de framboesa mordendo-o em seguida.

A carruagem começou a andar e o príncipe, ainda de olhos fechados,a saborear a comida, perguntou - Quer um?- como não obteve resposta olhou para ela, riu - Realmente os meus guardas têm-na em muito má conta. Vejam só, amordaçar uma assassina, ladra, falsificadora e entre outros, logo você que deve ter tantas historias fascinantes para contar nesta viagem chata. - tirou o lenço da boca de Zelina. - Então, responda-me, quer um bolinho?

Ela odeia framboesa mas viu ali uma óptima oportunidade para o Príncipe lhe tirar as algemas e fugir. - Por favor...

- Alteza... - corrigiu ele, com o sorriso sacana nos lábios perfeitos.

- Com queira. Por favor, alteza...

O sorriso ainda lhe estava nos lábios quando ele esticou o braço para dar a Zelina o bolo à boca, ela virou a cara mas ele continuou a perseguir os seus lábios com o bolo, ate que lhe segurou no queixo, abriu-lhe a boca e enfiou o sonho de framboesa lá dentro.

Ela cuspiu imediatamente o bolo, fazendo careta atrás de careta.

- Por acaso, para si, príncipe é sinonimo de ignorante, inepto, néscio, lerdaço e inábil?

- Você deu-se ao trabalho de dizer essas palavras todas, para me perguntar se eu acho você burro?

- Não me agrada comparações de pessoas a animais. Os animais são muito bondosos e inocentes para serem comparados a um ser humano.

Se não fosse ele o príncipe de Markien e seu captor ela o teria adorado. Zelina adora animais e quem gosta deles, mas a sua expressão continuou séria, sem um pingo de sentimento.- Para onde me leva?

- O Rei quer conhece-la.

Zelina gelou.

*

Depois de saber que o rei a queria conhecer, optou pelo silencio. Daemon ainda tentou meter conversa mas ela ignorou-o, foi um processo complicado, pois o príncipe sabia ser bastante chato mas ao fim de dez minutos ficou enteado e começou a ler um livro.

Ao fim de quase uma hora de viagem a carruagem parou, Daemon espreitou entre as cortinas e disse satisfeito - Chegamos, mulher muda.

Mulher muda, não bastava todas as alcunhas que tinha mais uma para juntar à colecção infinita.

União dos AssassinosOnde histórias criam vida. Descubra agora