Braço Direito do Rei

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- SEM MAIS PALAVRAS, minha querida? - Rafinia rondava Zelina como se esta não passasse de uma presa. - Apanhei-te de surpresa?

Uma avalanche de perguntas atingiu Zelina.

Será que ela ouviu? Que ouviu ela? Eles não estavam a falar alto. Porque é que eu não me senti sendo observada?

- Não é todos os dias que temos um palhaço à nossa frente, portanto sim, apanhou-me de surpresa.

Apesar do insulto, que para muitos da Villa Circense ficariam furiosos, a mulher manteu o seu sorriso felino, a avaliar Zelina. Trazia um fato de macaco negro, justo, igual aquele que usara no baile, nem um fio de cabelo se via, o único vestígio de pele era na cara, do final do nariz ao queixo - Sempre me questionei o que Zelina Abderus tinha de especial, andei anos a tua procura mas por mais que me custe admitir, não passei de Arlinti...

Embora tivesse permanecido com os suas feições neutras, Zelina gelou por dentro.

Ela esteve tão perto...

- Sempre quis levar a tua linda cabeça ao Rei. - disse ela aproximando-se e tocou no rosto da assassina.

- Lamento não ter conseguido atingir os seus objectivos, deve ser de veras frustrante. - disse com um sorriso.

Rafinia ficou séria, e o mais estranho de tudo foi quando viu a mascara franzir no sitio da testa. Rumores diziam que todos os que pertenciam a Villa Circense, quando completavam 18 anos, um ritual era feito para que as mascaras se fundissem à pele, de tal maneira que as suas expressões podiam ser vistas.

- Vou sempre a tempo de o fazer.

- Quer experimentar? - disse Zelina, arrastando cada palavra.

A mulher gargalhou - Com todo o prazer. - deu um salto para atrás e pôs-se em posição de ataque.

Zelina também o fez, posicionando-se mais para dentro do beco.

Amaldiçoando-se por ter deixado a faca no telhado quando viu Rafinia a sacar, da sua cintura, uma adaga curva.

Olhou em redor, rapidamente, mas a única coisa que viu foi um um pau de vassoura. Agarrou-o e a mascarada gargalhou - Isto vai ser interessante...

E saltou para ela, como um gato selvagem. Zelina só teve tempo de se desviar para que a lamina não a perfurasse no braço. Girou sobre si mesma e conseguiu atingir a sua oponente com uma paulada na nuca fazendo-a ajoelhar-se no chão. Mas não ficou por la muito tempo, levantou-se, sorriu e correu outra vez para ela, que se baixou. Rodopiou, novamente, para escapar mais uma vez à adaga da sua adversária.

Uma e outra vez os ataques sucederam-se e Zelina desviou-se de todos eles sem nunca atacar, o que estava a deixar Rafinia bastante irritada, mas queria conhecer a técnica dela. Queria saber o que fazia Rafinia assim de tão notável para ser a assassina do Rei.

Cada golpe era mais rápido do que o outro, era uma força crescente, portanto quanto mais tempo Zelina a deixasse atacar pior seria.

Com um golpe no sitio certo fez com que Rafinia deixa-se cair a adaga no chão, a mulher rodopiou como um furacão e seu pé foi ao encontro da cara de Zelina, fazendo-a cair a metros de distancia.

Sentiu o sangue a escorrer e o sabor metálico em sua boca. Limpou-o e encarou a mulher que sorria, triunfante, agora que a tinha atingido.

De súbito estava de pé. Tinha os punho cerrados como pedras, tão apertados que sentia as unhas a perfurar a carne, cada tendão estava rijo, a pele tão esticada que sentia o sangue a latejar nas têmporas.

União dos AssassinosOnde histórias criam vida. Descubra agora